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RESENHAS
O Pobre de Deus
Nikos Kazantzákis*
Amor, devoção e admiração pelo herói e grande mártir São Francisco de Assis foram o que inspirou o autor a escrever essa história ainda mais verdadeira que a verdade. Primeira tradução para o português (belíssimo trabalho de Ísis da Fonseca - membro da Sociedade Internacional dos Amigos de Kazantzákis/Genebra), "O Pobre de Deus" é uma história bela e comovente sobre o caminho seguido por são Francisco de Assis, narrada por seu inseparável amigo irmão Leão, durante sua trajetória na Terra.
É um exemplo de fé incontestável e sabedoria que vai, muitas vezes, levar ao leitor à reflexão sobre a própria vida e seus atos. A história de são Francisco de Assis é narrada por seu fiel companheiro, um humilde mendigo, chamado carinhosamente por ele de irmão Leão.
É uma narrativa rica em detalhes e que se passa nos mais diferentes lugares do mundo. São Francisco de Assis é o modelo do homem a serviço de um ideal, que com uma duríssima luta incessante consegue executar o supremo dever do homem superior à ética, à verdade e à beleza: transformar a matéria que Deus lhe confiou e torná-la espírito.
A vida de São Francisco de Assis (1182-1226) já foi contada das mais variadas maneiras por cineastas como Roberto Rosselini, que fez dele um mártir, e Franco Zeffirelli, que o transformou num hippie. Entre o realismo do primeiro e a fantasia do segundo existe um abismo que só a literatura foi capaz de transpor.
Particularizando, apenas um escritor polêmico como o grego Nikos Kazantzákis (1883-1957), autor de A Última Tentação de Cristo, poderia ter escrito O Pobre de Deus, biografia romanceada do santo italiano que nasceu rico, livrou-se das roupas de seda, dançou nu na praça principal de Assis, falou com pássaros e peregrinou até seus pés sangrarem e seus olhos ficarem cegos. Kazantzákis, excomungado pela Igreja Ortodoxa Grega, atormentado pelas idéias de Nietzsche e Bergson, marxista estudioso do budismo, era mesmo o nome para a difícil tarefa de explicar personalidade tão complexa.
Sobre a Tradutora:
Ísis Borges Belchior da Fonseca estudou grego antigo na USP (fez mestrado e doutorado). Estudou, por três anos, grego moderno em Paris (patrocinada pelo governo Francês), no Instituto de Línguas Orientais - onde, inclusive, concluiu o curso de História Bizantina - uma ponte entre o grego antigo e o moderno. Depois, participou por mais dois anos de pesquisas sobre o grego moderno na Grécia (patrocinada pelo Governo Grego). Na volta ao Brasil, foi a responsável pela implantação do grego moderno como disciplina acadêmica na Universidade de São Paulo (em 1990).
Sobre o Autor
Nikos Kazantzákis:
(1883/1957) nasceu em Heráklion (Creta). Freqüentou, por dois anos, na ilha de Naxos, uma escola de monges franciscanos. Em 1906, concluiu o curso de Direito, em Atenas. De 1907 a 1909 dedicou-se à filosofia, em Paris, recebendo grande influência de Bergson. Traduziu obras desse filósofo e também de Nietzsche. Além dessas, vale destacar traduções de outras grandes obras como A divina comédia, de Dante, o Fausto, de Goethe, a Ilíada e a Odisséia de Homero.
Kazantzákis escreveu uma tragédia de título Cristo (publicada em 1928); retomou o tema de Cristo na Odisséia (1938), e bem mais tarde, em 1945, publicou seus dois romances: O Cristo recrucificado e A última tentação de Cristo (adaptado para o cinema). Em 1956, recebeu o International Peace Award.
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