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RESENHAS

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Metáfora da Vida e da Morte, enquanto realidades pertubadoras

Ronaldo Cagiano*

"Ao final sempre ganha a morte,
porque tem menos pressa que a vida
e também menos vergonha".
Camilo José Cela


Estamos diante de uma novela de cunho híbrido (funde elementos psicológicos e históricos, dentro de um bem delineado clima intimista, com lugar para a auto-reflexão, para a subjetividade). Com isso, o autor constrói um texto não linear, mas primoroso, com planos distintos, simbióticos e densos, em que os temas e personagens têm intrínseca pertinência, dado o nexo de causalidade dos episódios, com uma carga tensiva amalgamando realidade e ficção, numa construção estética de primeira linha.

Fernando Cesário crava fundo sua prosa cirúrgica, para fazer uma incisão pungente no suplício que envolve a vida dos personagens dessa trama instigante. Os algozes, aqui, são os fantasmas que tiram o sono do interlocutor e deflagra uma angústia desértica, existencialmente perturbadora, desencadeando, toda uma inquietante explicação do universo humano.

A agonia de um escritor às voltas com sua escritura, buscando garimpar motivos para sua arte, em meio à teia de dúvidas e ao cipoal de intrigas que o atormentam. Nesse ambiente de procura, há um corte para o desvendamento de um crime que abalou a história da cidade, numa época de rivalidades biliares entre dois grupos que dominavam a cena política.

Entre o fomento de sua prosa e a busca labiríntica da autoria e das razões do crime, há o contraponto para regurgitar uma paixão, ressuscitar um amor morto, explicitar o que há de casual no convívio entre as pessoas, a denúncia das sofrenças interiores. Em última análise, todos esses fragmentos, que foram habilidosamente se contracenando, são, na verdade, o pano de fundo para uma investigação filosófica sobre a vida, que o autor, sutilmente estabelece. E todas as circunstâncias são faces de um mesmo novelo pessoal: a busca incessante de si mesmo.

O passado e o presente, como num círculo concêntrico, realçando o contraste entre a história e os sentimentos humanos, surgem como uma metáfora da inevitável roda-viva das coisas. A ficção e a realidade contornam-se, como um feed-back, nessa história. Podemos nos situar nesses fatos, nesses lugares, nessas pessoas, e nos reconhecer em tudo isso; mas o cuidado e o burilamento com que o autor tratou a temática, o comum dessas vidas e acontecimentos, conferiu uma certa universalidade, o que particulariza a obra nesse gênero.

A vertigem humana diante da crise em que estão metidas as nossas (tão usuais) relações, com seus embustes e simulações, é bem evidente nesta novela. Pois, com seus condicionamentos opressores, acabam por nos levar ao desajuste e, por isso mesmo à insubmissão social, e, finalmente, à loucura, ao degredo, à impiedosa auto-exclusão.

Como que num jogo de espelhos que se interpenetram, personagens vão se alinhando – Heloísa, Mara, Ariosto, Tobias, Ferraz – num vertiginosa representação da paranóia ou da conspiração, porque a vida, aqui, em sua totalidade transgressora, é esse percurso de dilemas que nos impingem seus dramas, até à morte. E não é isso que norteia esse belíssimo e profundo mar existencial – "Mas então... então vai ser preciso que eu me mate...” – como a repetir a trajetória dos que encontraram no próprio delírio a fuga às opressões quotidianas, como um Artaud, uma Florbela Espanca, uma Virgnínia Woolf e um Van Gogh?

Fernando Cesário consegue fazer bela travessia numa temática já tão batida pelas literatices modernas, tão carente de novos enfoques e conteúdos. Com um estilo conciso, nada melodramático nem policial, mas que busca a harmonia entre forma e conteúdo, demostra grande domínio de seu ofício, o que, aliás, já foi sentido em Relato do acontecido em Canoanan e Brasa, lenha e carvão, com que fez sua estréia há alguns anos.

A obra atinge um clímax existencialista, meio kierkegaardiano, na voz do narrador-personagem: “Mas quem fui eu?! Uma pessoa que conheceu a dor, que caminhou nas trevas, que viveu em paz, que viu consumirem as próprias carnes e que, por fim, já sem forças, me enclausurei dentro de minhas próprias cercas, de meu próprio fosso”. E o desfecho fragmentário e confessional não poderia ser mais surpreendente e poético, com a expressão paroxística da vida – arrematando com chave de ouro uma narrativa que, desde a primeira linha, veio mantendo um alto padrão estético, sem gongorismos, psicologices ou retorcidas soluções de linguagem.

Só um bom escritor consegue vencer o desafio de escrever uma obra tão sintética e ao mesmo tempo tão essencial, como Os algozes do sono. Fernando Cesário se houve muito bem nessa tarefa, pois ele sabe muito bem, como Jorge Luís Borges, que literatura é essa permanente revanche de ordem mental contra o caos do mundo.

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Sobre o Autor

Ronaldo Cagiano: De Cataguases, cidade mineira berço de tradições culturais e importantes movimentos estéticos, surgiu Ronaldo Cagiano. É funcionário da CAIXA. Colabora em diversos jornais do Brasil e exterior, publicando artigos, ensaios, crítica literária, poesia e contos, tendo sido premiado em alguns certames literários. Participa de diversas antologias nacionais e estrangeiras. Publica resenhas no Jornal da Tarde (SP), Hoje em Dia (BH), Jornal de Brasília e Correio Braziliense, dentre outros. Tem poemas publicados na revista CULT e em outros suplementos. Obteve 1º lugar no concurso "Bolsa Brasília de Produção Literária 2001" com o livro de contos "Dezembro indigesto”.

Organizou também várias antologias, entre elas: Poetas Mineiros em Brasília e Antologia do Conto Brasiliense.

 

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