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RESENHAS

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Baque

Ronaldo Cagiano*

Duas características básicas vêm marcando a prosa de Geraldo Lima: a economia de meios e a unidade temática. Desde sua estréia em 1997 com o premiado livro de contos "A noite dos vagalumes", o autor mantém-se fiel a um estilo denso e reflexivo, primando sobretudo por uma tessitura cuja linguagem despreza os delírios vanguardistas e busca a concentração textual. Lembra-nos ainda Cortázar em sua geografia ficcional, cuja estrutura narrativa foge aos limites formais e estabelece um sistema de intersecções entre as histórias, que se expandem em diversos caminhos para se juntarem à frente, constituindo um mosaico de situações.

Da mesma forma, os seis contos de "Baque" comunicam-se pela semelhança de universos, sempre carregados de dificuldades, angústias humanas e desertos existenciais, que moldam os dramas e tensões, formando um candente painel em que seus personagens vivem situações-limite, no limbo, numa espécie de undergraund, entre um baque e outro.

Geraldo Lima faz em seus contos, com sutileza e poesia, uma ponte entre a catarse e a análise. Textos curtos, olhar cinematográfico e godardiano sobre a geografia do caos. No plano forma, a atmosfera contundente dos contos não é seguida por uma linguagem hermética e intransponível. Ao contrário, se firma pelo sentido de clareza quase didática com que trata a solidão e suas vertentes, permitindo a intervenção crítica do leitor, numa interface dialética.

Conceitualmente, as histórias seguem o rumo da vida, aproximação entre realidade e ficção. Um mergulho no ermo, nas entranhas purulentas, através do que tenta compreender as raízes da própria condição humana, que oscila entre o nomadismo em um mundo de individualismo e superficialidades e a indesejada condição de vermes habitando um pomar de ilusões.

Com estes novos contos, Geraldo Lima não só confirma seu talento e seu pleno domínio da técnica narrativa, como também denuncia a incomunicabilidade num mundo seduzido pelos fetiches da modernidade, em que o "homem experimenta a tosca sensação de completo abandono, de não fazer parte de nada, de não existir mais".

Mais que boa leitura, é um convite para a compreensão do nosso destino.

Sobre o Autor

Ronaldo Cagiano: De Cataguases, cidade mineira berço de tradições culturais e importantes movimentos estéticos, surgiu Ronaldo Cagiano. É funcionário da CAIXA. Colabora em diversos jornais do Brasil e exterior, publicando artigos, ensaios, crítica literária, poesia e contos, tendo sido premiado em alguns certames literários. Participa de diversas antologias nacionais e estrangeiras. Publica resenhas no Jornal da Tarde (SP), Hoje em Dia (BH), Jornal de Brasília e Correio Braziliense, dentre outros. Tem poemas publicados na revista CULT e em outros suplementos. Obteve 1º lugar no concurso "Bolsa Brasília de Produção Literária 2001" com o livro de contos "Dezembro indigesto”.

Organizou também várias antologias, entre elas: Poetas Mineiros em Brasília e Antologia do Conto Brasiliense.

 

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