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RESENHAS

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A poética da contenção e dos sentidos

Ronaldo Cagiano*

"Quem estava em silêncio era eu, não a minha poesia". Com essa advertência, a poeta Vera Americano (mineira de Araguari, criada em Goiânia e radicada em Brasília desde 1963) lança-se em Arremesso livre. Seu segundo livro de poesia interrompe um recolhimento de mais de três décadas, desde a publicação de A hora maior, obra que venceu em 1970 o prestigiado concurso literário da União Brasileira de Escritores e a Bolsa Hugo de Carvalho Ramos.

A postura da autora tem raiz na apurada responsabilidade estética que deve nortear o trabalho de qualquer autor, neófito ou veterano, de sorte que a escritura represente verdadeiramente a sua percepção quanto à segurança de seu processo criativo. Assim é que Vera, alheia aos arruídos editoriais e publicitários, manteve um silencioso, solitário mas seguro e consciente fluxo de construção poética (publicando esparsamente em jornais e suplementos), dentro dos mesmos padrões de depuração notados na obra inaugural, que mereceu á época a melhor crítica.

Arremesso livre aprofunda, em seu projeto poético, a elaboração de uma escrita particularmente contida, fruto de um burilamento e de um rigor levado às últimas conseqüências, pois essa palavra medida e comedida nasce de uma arquitetura interior, representando a concentração textual e a própria introspecção criativa. Na poesia de Vera Americano só o que interessa sobrevive - como forma e essência - para ser revelado ao leitor, que será atraído pela comunicação plena de um universo e não traído pelas falsas emulações de um discurso redundante ou adjetivado, como muitas vezes ocorre numa certa poética diluente e sem significado que circula pó aí.

A coluna dorsal da poesia de Vera Americano em Arremesso livre é a sensibilidade, mas aquela em que o lirismo prescinde totalmente de um enfoque personalista, sem a exacerbação do eu, conferindo ao intimismo uma conotação diáfana, cristalina, permitindo radiografar os espaços territoriais e psicológicos do ser com uma economia de meios nos planos formal e temático. A realidade, secundada pela passagem do tempo e as preocupações existenciais, é trabalhada de forma simbólica; é uma poética que persegue o significado de todas as coisas, assim como sua função como arte no mundo de hoje, tão etiquetado e utilitarista, tão baldo de metáforas e sentimentos.

Vera escreve dentro daquela perspectiva ceciliana (que pugna pelo corte, pela clareza de raciocínio, pela necessidade de desprezar o que não convém ao sentido e à forma): busca na simplicidade seu valor mais alto, algo restrito aos estilistas, como ela. Mas Arremesso livre é sobejo de exemplos de boa realização poética, como no arremate do sintético e impactante Fado ("Às vezes, /viver/ é a pura dor/ do nosso baú de enigmas") ou na delicadeza de Sinais ("Ao afivelar a sandália,/ jamais se indague/ sobre o estoque/ de saudades"). Esses dois poemas refletem uma obra amadurecida, que experimenta um grande momento, na linha de uma elegante artesania, que não arremessa palavras a esmo e que não se deixou seduzir pelos arroubos de uma literatura contemporânea que se perde nos ares de rupturas tardias e no colapso de modismos insossos.

A autora e sua obra impõem-se, sem alardes, com uma produção refinada, intuitiva, fruto dos sentidos, um "fino lavor da vida". A relação de Vera com escrita é umbilical: é licenciada em Letras pela UnB, mestre em Literatura Brasileira pela PUC-RJ, foi professora de Teoria Literária da Universidade Santa Úrsula (RJ) e é, por concurso de provas e títulos, Consultora do Senado Federal. E no plano da realização pessoal, sua palavra jamais se escondeu, embora grande o lapso entre um livro e outro, participou de antologias e publicou em alguns suplementos literários. É uma vida que tem na poesia seu pulmão e sua referência, o que nos remete àquele mesmo sentimento de Jorge Luis Borges sobre Emily Dickinson: "Ela é a melhor prova de que uma vida literária não é necessariamente uma vida de livros publicados."

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Sobre o Autor

Ronaldo Cagiano: De Cataguases, cidade mineira berço de tradições culturais e importantes movimentos estéticos, surgiu Ronaldo Cagiano. É funcionário da CAIXA. Colabora em diversos jornais do Brasil e exterior, publicando artigos, ensaios, crítica literária, poesia e contos, tendo sido premiado em alguns certames literários. Participa de diversas antologias nacionais e estrangeiras. Publica resenhas no Jornal da Tarde (SP), Hoje em Dia (BH), Jornal de Brasília e Correio Braziliense, dentre outros. Tem poemas publicados na revista CULT e em outros suplementos. Obteve 1º lugar no concurso "Bolsa Brasília de Produção Literária 2001" com o livro de contos "Dezembro indigesto”.

Organizou também várias antologias, entre elas: Poetas Mineiros em Brasília e Antologia do Conto Brasiliense.

 

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