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Entre a estatueta e do Oscar e o Oscar da estatueta

Tom Lisboa*

“Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta” é o primeiro livro que deixa de lado a questão do mérito da premiação. Esta escolha justifica-se da seguinte forma: se o Oscar representasse a excelência do cinema mundial, teria que cumprir a impossível tarefa de “fazer justiça” a todas as cinematografias; se, por outro lado, fosse um prêmio pouco importante, não teria os altos índices de audiência que registra a cada ano e não contaria com o apoio da mídia, da indústria do cinema e de outros países do mundo. Ser bom ou ruim não serve para explicar o fenômeno que circunda este objeto. Guy Debord, em a Sociedade do Espetáculo, faz uma reflexão: “no espetáculo o fim não é nada, o desenrolar é tudo”. Neste caso, bom ou ruim é um fim, um rótulo, algo que já estaria sacramentado. O livro “Entre a estatueta...” tem foco neste desenrolar, em como se formou este invólucro invisível que foi construído “em torno” da estatueta, mas que alterou definitivamente nossa maneira de percebê-la. Isto porque se, em 1929, este objeto era apenas um guerreiro dourado segurando uma espada, atualmente, sua imagem é decodificada pelo público como um aval de qualidade e excelência.

O livro traz dois apêndices que registram, de certa forma, o reflexo que a imagem do Oscar teve sociedade brasileira. O primeiro é uma listagem de 74 exemplos coletados de jornais, revistas e internet que fazem referência a “um tipo de Oscar”. Os exemplos vão dos mais comuns como Oscar da televisão americana (Emmy) e Oscar Brasileiro (Grande Prêmio BR de cinema) aos mais curiosos como Oscar das Panificadoras ou Oscar da Pecuária. O segundo apêndice mostra réplicas da estatueta do Oscar em eventos brasileiros que nem sempre estão ligados ao cinema.

O foco principal do livro deixa de lado as intrigas de bastidores, as estatísticas mirabolantes ou as injustiças desta premiação. Apesar do livro trazer muitas curiosidades para o leitor, todas são utilizadas como suporte para algum tipo de reflexão.

“Entre a estatueta...” usa a teoria das quatro fases da imagem de Jean Baudrillard para traçar um possível trajeto de evolução da imagem da estatueta do Oscar. Neste percurso, serão analisadas suas ligações com os veículos de comunicação de massa, a indústria do cinema, a expansão do cinema americano no mundo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a cerimônia de premiação e as estrelas de cinema.

O livro é o primeiro volume da Coleção Recém-Mestre, da Universidade Tuiuti do Paraná, cujo objetivo é disponibilizar para a sociedade suas dissertações que obtiveram nota máxima da banca de defesa. Sendo assim o livro já chega ao público com a avaliação de 3 professores-doutores especialistas na área em que a dissertação foi defendida.

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Release para o lançamento do livro no Festival de Gramado 2004

A resposta para a pergunta “Que prêmio é mais brasileiro, o Kikito ou o Oscar?” parece óbvia. No entanto, se o dicionário é a coletânea dos vocábulos de uma língua, seremos surpreendidos pela presença do Oscar e a ausência do troféu do Festival de Gramado. O livro Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta, do fotógrafo e pesquisador de cinema Tom Lisboa, procura explicar como este prêmio atingiu tal dimensão no mundo contemporâneo ao analisar a transformação desta imagem a partir de um intervalo de tempo definido: um em 1929, quando olhar a estatueta remetia apenas à figura de um guerreiro dourado segurando uma espada; e outro, na atualidade, em que o Oscar, como imagem, encontra-se desreferencializado de seu objeto original. Em outras palavras: de tanto ser protagonista de um espetáculo televisivo que espetaculariza a vida de pessoas reais, a própria vida acabou sendo convertida em uma espécie de show contínuo. Foi-se o tempo em que havia a separação entre real e imaginário, signo e coisa.

De acordo com o autor, o tema da pesquisa surgiu em decorrência da forma como este prêmio se aproximou de nossa cultura. Além de constar de nosso dicionário, o Oscar extrapolou os limites do cinema e virou uma espécie de “sinônimo da excelência”. Por isso, o livro traz dois anexos curiosos: um com 74 exemplos do uso do nome do Oscar pela imprensa, que vão dos já comuns, “Oscar da Música” ou “Oscar da Televisão”, até os mais singulares como o “Oscar do transporte aéreo” ou o “Oscar da farmácia de manipulação”; e outro, que mostra como a silhueta da estatueta do Oscar se metamorfoseu em troféus de competições nacionais ligadas às mais variadas áreas de atuação como, por exemplo, o Prêmio Victor Civita (educação), o Troféu Imprensa (televisão), entre outros.

O que torna Entre a estatueta... diferente de outros livros do gênero é a decisão de deixar de lado a análise do mérito da premiação e, principalmente, não enfocar aspectos sensacionalistas e curiosidades de bastidores. Se curiosidades existem (e são muitas), não são pelo fato em si, mas como elas podem servir de suporte para reflexão. Tom desconstrói gradualmente a imagem do Oscar, buscando, nas suas partes elementares, explicações para o fenômeno que hoje presenciamos. A teoria das quatro fases da imagem, de Jean Baudrillard, filósofo francês que afirma que “é perigoso desmascarar as imagens, já que elas dissimulam que não há nada por detrás delas”, é a principal base teórica que serve de fio condutor para a análise que tem três objetivos principais: identificar a formação do imaginário que circunda a estatueta, estudar a importância dos meios de comunicação na transformação da estatueta em seu próprio simulacro e analisar o caráter espetacular da cerimônia do Oscar em consonância com os tempos atuais.

Este estudo vem a público através de uma iniciativa da Prof. Drª Denize Correa Araujo, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), que em 2004 idealizou a Coleção Recém-Mestre, visando publicar as dissertações do Mestrado em Comunicação e Linguagens que obtiveram nota máxima e indicação de publicação pela Banca de Defesa. Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta é é seu primeiro volume. Entendendo que a integração instituição de ensino-sociedade é de extrema relevância, ao publicar suas melhores dissertações, a UTP quer oferecer ao leitor temas de interesse na área de comunicação social e de interfaces midiáticas.

Contato com Tom Lisboa (41) 9965-2565 tomlisboa@terra.com.br

Sobre o Autor

Tom Lisboa: Tom Lisboa é mestre em Comunicação e Linguagens, especialista em Marketing e bacharel em informática. Em comum, tanto em seu trabalho visual quanto escrito, está a pesquisa sobre a as imagens provenientes da cultura de massa, que busca apontar caminhos que ampliem sua apreciação crítica. Assim foi com sua dissertação de mestrado intitulada "Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta", em que analisa a transformação deste objeto, de função ornamental, no ano de 1929, até tornar-se, na atualidade, um símbolo desreferencializado de seu objeto original; e com seu trabalho fotográfico que investiga a importância da construção, da edição e da subjetividade do autor/observador na criação de novos significados para a imagem. Comumente rotulado de artista multimídia, Lisboa produz fotografias que refletem suas influências oriundas da comunicação e cultura de massas como o cinema, a televisão, o jornal, a história em quadrinhos, a pintura e as tecnologias digitais.

 

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