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RESENHAS
Arquitetura do Café
André Argollo*
Apresentação
No princípio, a idéia era simples, pois se pretendia, de uma certa forma, homenagear o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), fundado em 1887, pela sua importantíssima contribuição para o desenvolvimento da infra-estrutura física e de produção do Estado de São Paulo.
Tal homenagem seria feita através do levantamento e estudo sistemático das construções e instalações rurais das dezenas de estações experimentais administradas pelo IAC em todo o estado, as quais, supunha-se, preservavam aspectos arquitetônicos originais ou modificados da arquitetura da produção cafeeira, ao longo de todo o século XX e final do século XIX.
Porém, a dinâmica do tempo, a evolução das técnicas de construção empregadas nas instalações destinadas a produção agrícola e aos novos padrões culturais e tecnológicos incorporados a produção cafeeira tornaram complexas as primeiras idéias, remetendo o autor a origem de uma nova ciência: a arquitetura rural ou arquitetura agrícola, até então pouco conhecida ou pesquisada.
Ciência e técnica sempre caminham juntas, daí porque o autor se referiu ao Complexo de Ciência & Tecnologia, gerado pelo IAC e voltado para o setor agro-industrial do estado de São Paulo, como o suporte da expansão cafeeira para o Oeste Paulista, ao final do século XIX.
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Neste livro, intitulado Arquitetura do Café, o autor procedeu a um minucioso levantamento histórico da implantação das fazendas de café, discorrendo sobre sua arquitetura e construção, ilustrando o texto com figuras, fotos e desenhos de inestimável valor documental, detendo-se a discutir as fazendas de café localizadas em Campinas, que, mercê de sua capacidade industrial instalada, levou a criação de grandes empresas rurais e, conseqüentemente, à transição técnico-arquitetônica.
Arquitetura do Café recupera um pouco da história brasileira, conservada intacta nos acervos particulares e nos arquivos empoeirados de bibliotecas e centros de memória, e quase sempre desconhecida do grande público, relatando as crônicas de barões do café de cujas lembranças pouco se guardou, a não ser inventários nos quais se enumeravam escravos como se enumeravam bois, ferramentas, pipas e alambiques.
A par dos relatos de grandes feitos de um passado não muito remoto, o autor apresenta, também, fotos do mais alto valor histórico, artístico e cultural, registrando detalhes e pormenores de edificações centenárias de cuja existência atual nem sequer se tem mais garantia.
O autor, o livre docente André Munhoz de Argollo Ferrão, em virtude de seus profundos conhecimentos de engenharia e arquitetura, soube, como ninguém, captar as mensagens criptografadas em cada pedra de construção coberta de limo, em cada viga de madeira carcomida pelo tempo, em cada máquina há décadas emudecida, em cada documento há séculos envelhecido, mensagens somente reveladas a quem tem o olho perscrutador e aguçado do pesquisador consciente e pertinaz.
De sua competência e seriedade deu testemunho, eu que o conheço há muito tempo, colegas que somos da mesma universidade e cujos interesses comuns em docência e pesquisa nos aproximaram e nos fizeram interagir, não apenas como profissionais, mas também como amigos e companheiros da mesma empreitada.
Mais do que um simples livro, Arquitetura do Café servirá de referência a estudiosos e pesquisadores do ramo, e de base para a definição e desenvolvimento da arquitetura rural.
Wesley Jorge Freire
Professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP.
Sobre o Autor
André Argollo:
André Argollo é engenheiro civil, mestre em engenharia agrícola, doutor em arquitetura e urbanismo e professor livre docente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp. Assumiu uma cátedra junto ao Departamento de Urbanisme i Ordenaciò del Territori da Escola Tècnica Superior d’Arquitectura de Barcelona - Universitat Politècnica de Catalunya (ETSAB-UPC), onde ficará até dezembro, desenvolvendo trabalhos sobre “Arquitetura Rural”, pelo Programa Cátedras Unicamp & Universidades Espanholas.
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