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RESENHAS
Cartas a Cassandra
Antônio Carlos Tórtoro*
“Eu tenho medo dos meus EUS / que a qualquer
momento insano /possam emergir das profundidades/
de algum pélago desconhecido/ negro , lutulento , abissal!”
Ely Vieitez Lanes
“Passo a mão pelo meu ventre. Ninho vazio, gorado. Saber uma possível causa da barriga estéril não destrói a cicatriz, a marca, o rótulo, a roleta russa às avessas, falsa, sem nenhuma bala. Ou com todas. Sinal de ausência, morte. A negação de uma possibilidade de vida. Isso me torna a assassina e o carrasco do filho que nunca tive”.
Ely, nesse aspecto , não tem nada a ver com a personagem narradora de seu mais recente livro, Cartas a Cassandra, um lançamento da FUNPEC, romance epistolar, primeiro no gênero na Literatura Brasileira: Ely é uma parideira.
Ely consegue parir imortais e universais momentos que trazem à luz “questionamentos de fundo existencialista quando aborda problemas da juventude à velhice dela , a mulher , ao longo de mais de sessenta cartas” : e desnuda a Cassandra escondida em cada ser humano sensível , seja ele homem ou mulher.
Com prólogo de José Castello , Cartas a Cassandra é uma obra em que “ a crueldade perpassa as páginas do livro , dureza do homem que a domestica ( a mulher) , rigor que ela exige de si a cada passo , estado limítrofe entre a esperança e o desengano , que Ely capta com suas histórias secas , brutais , temperadas em reflexões ligeiras , mas hábeis . Daí ter escrito um romance cheio de vida , que não se lê sem grande dose de inquietação ; um desses livros que , em vez de distrair, vem desassossegar. Mas que outra função cabe à Literatura num mundo tão disperso e impessoal como o nosso?".
Nessa época de Internet e e-mails , de mensagens curtas , truncadas e até confusas , de palavras abreviadas , Ely , utilizando-se de uma leitora anônima , quieta em seu canto , costura , com suas irretocáveis cartas , “ uma longa colcha de histórias curtas , compactas , substantivas , agressivas , que , com frieza e elegância , devassam , pelo interior , a condição humana feminina”.
Ely merece um Jabuti.
Essa não é uma opinião somente minha , um professor de Matemática, amigo suspeito, simples amante da leitura, mas é a opinião de algumas pessoas do meio literário, profundas conhecedoras de Literatura, que têm manifestado as melhores impressões sobre o livro em questão, sem mencionarmos a obra de Ely em seu todo.
Vale a pena violar essas maravilhosas correspondências.
Sobre o Autor
Antônio Carlos Tórtoro:
Antônio Carlos Tórtoro e Presidente da Academia Ribeirãopretana de Letras e da Academia Ribeirão-Pretana de Educação. Cidadão Emérito de Ribeirão Preto.
"Antônio Carlos Tórtoro é matemático. Na sua feitura, no entanto, por engano ou santo descuido divino, misturam-se à lucidez e à acuidade, muita filosofia, um espiritualismo quase místico e farto lirismo.
Clivagem, em psicologia, é um fenômeno do ser com dois egos: um que o prende ao chão, outro que o atrai para o infinito. Isso talvez explique bem o poeta e o escritor. O poeta e o homem. Dualidade na Unidade. Corpo e alma. Realidade e sonho.
TÓRTORO é uma clonagem espiritual de todo ser humano perquiridor, atormentado. Por isso seus poemas são universais e nos fazem sentir uma sensação familiar. Eles procuram harmonizar, dar lucidez ao “nonsense“ da existência, problema eterno da condição humana" (Ely Vieitez Lanes)
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