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RESENHAS
Em busca do sentido perdido dos vocábulos
Ronaldo Cagiano*
Verdadeiro escafandrista do idioma, o professor, escritor, crítico e ensaísta Deonísio da Silva acaba de dar mais uma contribuição ao conhecimento de nossa tão aviltada língua portuguesa, ao mergulhar na intimidade das palavras. Buscando-lhe o sentido além da frieza das definições e conceitos sistemáticos, traz em A Vida Íntima das Palavras mais que um manual de curiosidades sobre nosso léxico: é uma busca das raízes de nossas palavras, situando-as no tempo e no espaço, descobrindo-lhes seus nexos e suas virtudes.
Muito do que falamos não nos parece guardar relação com o que significam. A raiz escondida de muitos termos deixa de revelar preciosidades ancestrais e o trabalho de Deonísio (que tem se dedicado de corpo e alma a explorar os meandros da língua, como na sua coleção De Onde Vêm as Palavras ou na coluna que assina em Caras) restaura o elo perdido entre o que falamos e a origem dos termos utilizados na comunicação contemporânea, que, com suas variantes, seus hibridismos, suas neologices e outras incorporações danosas, acabam por travestir o idioma, distanciando-o de suas origens. A língua portuguesa tem sido uma ilha perdida num oceano de monopólios estrangeiros, que vai crescendo por acessão de outros termos ditados pelos novos usos e costumes ou enxertados a partir do colonialismo econômico e cultural.
As palavras, como os seres, têm sua descendência, contam uma história, não existem isoladamente. Estão atreladas a fatos, circunstâncias, momentos históricos. Assim, sua vida íntima - uma espécie de biografia hibernada - vem à tona com esses verbetes que mereceram paciente e cuidadoso trabalho de exegese. Aliás, uma verdadeira arqueologia lexical.
A Vida Íntima das Palavras é resultado de uma bateia lançada em águas profundas por alguém que tem demonstrado estreita empatia com o seu idioma e uma relação profunda com as palavras, com respeito etimológico e a reverência que a Flor do Lácio merece, sobretudo neste mundo globalizado e fetichizado, que acaba por levar ao escanteio o que não é falado em Nova York, Paris ou Londres.
Deonísio da Silva retira o manto burocrático da palavra dicionarizada para revelar suas sedutoras primícias e com isso nosso vocabulário passa a contar com um instrumento de apoio. Mais que isso, é um referencial importante para leitores, escritores, pesquisadores e todos que ainda pensam em português e travam uma batalha íntima para a preservação da língua contra os peralvilhos do idioma, sobretudo os que não sabem o que estão falando e escrevem sobre o que não falam. Num momento de tanto contrabando de palavras para nosso idioma, sem uma alfândega lingüística que as reprima, é alvissareiro um trabalho como o de Deonísio, que nos redime com nossa ancestralidade léxica.
Sobre o Autor
Ronaldo Cagiano:
De Cataguases, cidade mineira berço de tradições culturais e importantes movimentos estéticos, surgiu Ronaldo Cagiano. É funcionário da CAIXA. Colabora em diversos jornais do Brasil e exterior, publicando artigos, ensaios, crítica literária, poesia e contos, tendo sido premiado em alguns certames literários. Participa de diversas antologias nacionais e estrangeiras. Publica resenhas no Jornal da Tarde (SP), Hoje em Dia (BH), Jornal de Brasília e Correio Braziliense, dentre outros. Tem poemas publicados na revista CULT e em outros suplementos. Obteve 1º lugar no concurso "Bolsa Brasília de Produção Literária 2001" com o livro de contos "Dezembro indigesto”.
Organizou também várias antologias, entre elas: Poetas Mineiros em Brasília e Antologia do Conto Brasiliense.
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