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RESENHAS
A Crítica da Razão Selvagem
Henrique Chagas*
De Belo Horizonte, recebo "A Razão Selvagem", o premiado livro de contos do jornalista e escritor Chico Mendes. Estou fascinado com a leitura dos contos de Francisco de Morais Mendes. O primeiro deles "Você ainda está aí?" nos lembra Luiz Vilella e nos dá o prazer de se envolver num diálogo ágil e fácil com o narrador. Ele nos segura firme até o final. Sim, estarei até o fim. Uma leitura prazerosa, com toda certeza.
Obrigado Chico Mendes, recebi seu livro e estou no maior deleite literário. Um livro merecedor de todos os prêmios.
A Razão Selvagem faz jus ao título: nada conceder ao vício dos malabares, tem ótimo ouvido e consegue dar existência real a entes vivos e surpreendentes como sempre são, aliás, os seres de carne e osso da vida mais imaginosa do que a mente dos escritores.
www.verdestrigos.org
"O CONTO NÃO É FÁCIL - ouve-se dizer, aqui a ali, neste país que não acredita nisso e que segue praticando a narrativa curta frequentemente como uma espécie de prova, de "prévia" afinando o fio da navalha dos passeios (?) pela escrita.
"Prévia"? "Passeios"? No Brasil literário, vigora algum equívoco sério entre síntese e aperto, entre extensão e extrato... e o conto rola confundido como "fácil" apesar de ser, de fato, difícil solo de guitarra em claustro, salto mortal sem rede, ginástica a suspender nossa respiração de leitores e também a do escritor-equilibrista concentrado sob o foco de luz no picadeiro aceso só quando o número termina (e então se pode aplaudir, - ao lado de Salinger - com uma única mão).
Dito isso, acho que estarei apenas sendo honesto ao acrescentar que contos me desagradam exatamente pelo malabarismo dos autores que desperdiçam o melhor dessa concentração, ou pelo atropelo dos que "encurtam" os temas - fazendo-se luz sobre não mais que uma ou outra pirueta, apenas.
Há algo mais desagradável do que ter um livro de contos encarniçando-se atrás de nossa surpresa? Costumo largar qualquer um, seja de que "mestre" for, logo na primeira amostra de acrobacia duvidosa e, por isso, posso afirmar que foi um prazer segurar na boa mão de Francisco de Morais Mendes, neste seu alto e firme trapézio. Fiquei suspenso do pulso de narrador desde o primeiro relato (justamente intitulado "Você ainda está aí?") até o último - "Um diário para SD" - e não o vi errar no cálculo de apanhador certeiro, sabendo soltar a imaginação do leitor caído na sua rede.
Neste livro não aparece facilidade alguma, do tipo que deprime a razão doméstica - no grossa maioria dos outros exercícios de passeios pela paisagem urbana entendida como objeto de truques do estilo. Ninguém espere ler nada, aqui, sobre o sargento aposentado que quer comer a vizinha que cria passarinhos...assim como não se espere encontrar o falso dourado "abstrato" que estorva a literatura à Chico Buarque: aqui, o Chico é outro - e o Grande Circo é o de saltos mortais da estrutura e da construção narrativa.
A Razão Selvagem faz jus ao título: nada concede ao vício dos malabares, tem ótimo ouvido e consegue dar existência real a entes vivos e surpreendentes como sempre são, aliás, os seres de carne e osso da vida mais imaginosa do que a mente dos escritores.
O conto deveria ficar sempre assim: perto dela de uma forma delicada - e que não a oprime para extrair suco algum, nem deixa, por outro lado, de mostrar as marcas de sangue (como no Angu do pernambucano Marcelino Freire ou no quarto de Kafka do gaúcho Amílcar badejo Barbosa).
Francisco de Morais Mendes se junta aos jovens saltimbancos que estão surgindo e formando, talvez, um outro "boom" contístico (de acordo com o que sinaliza a antologia da "geração do computador", organizada por Nelson de Oliveira, em 2001).
E se o livro anterior de Francisco - Escreva, querida (Mazza Edições, 1996) - passou despercebido por obscuros motivos, A Razão Selvagem deverá lhe garantir, com certeza, um lugar de destaque entre os melhores praticantes do salto triplo, sete vezes demonstrado neste livro" (Orelha escrita por Fernando Monteiro)
Sobre o Autor
Henrique Chagas:
Henrique Chagas, 49, nasceu em Cruzália/SP, reside em Presidente Prudente, onde exerce a advocacia e participa de inúmeros eventos literários, especialmente no sentido de divulgar a nossa cultura brasileira. Ingressou na Caixa Econômica Federal em 1984. Estudou Filosofia, Psicologia e Direito, com pós-graduação em Direito Civil e Processo Civil e com MBA em Direito Empresarial pela FGV. Como advogado é procurador concursado da CAIXA desde 1992, onde exerce a função de Coordenador Jurídico Regional em Presidente Prudente (desde 1996). Habilitado pela Universidade Corporativa Caixa como Palestrante desde 2007 e ministra palestras na área temática Responsabilidade Sócio Empresarial, entre outras.
É professor de Filosofia no Seminário Diocesano de Presidente Prudente/SP, onde leciona o módulo de Formação da Consciência Crítica; e foi professor universitário de Direito Internacional Público e Privado de 1998 a 2002 na Faculdade de Direito da UNOESTE, Presidente Prudente/SP. No setor educacional, foi professor e diretor de escola de ensino de 1º e 2º graus de 1980 a 1984.
Além das suas atividades profissionais ligadas ao direito, Henrique Chagas é escritor e pratica jornalismo cultural no portal cultural VerdesTrigos (www.verdestrigos.org), do qual é o criador intelectual e mantenedor desde 1998. É jurado de vários prêmios nacionais e internacionais de literatura, entre eles o Prêmio Portugal Telecom de Literatura.
No BLOG Verdes Trigos, Henrique anota as principais novidades editoriais, literárias e culturais, praticando verdadeiro jornalismo cultural. Totalmente atualizado: 7 dias por semana.
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A poesia de um grande prosador, por Domingos Pellegrini.
Domingos Pellegrini nasceu em Londrina, no Paraná, cidade em que vive até hoje, cuidando de uma chácara, de sua literatura e escrevendo para um jornal local. Jornalista e publicitário de formação, publicou em 1977 seu primeiro volume de contos - exatamente o premiado O homem vermelho. Leia mais