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RESENHAS
A Geografia da Esperança
Christina Baumgarten*
A escritora CHRISTINA BAUMGARTEN nos encaminhou seu livro "A Geografia da Esperança", um romance histórico que conta os primeiros 50 anos da colônia Blumenau e a colonização e desenvolvimento de toda a região do Vale do Itajaí. O foco principal da narrativa são os primeiros dezessete imigrantes que lá chegaram em 1850, suas dores, amores, paixões, aventuras e sofrimentos.
Seu livro, particularmente, me emociona. Começa narrando a dura situação dos alemães na empobrecida Alemanha, que fora devastada pelas tropas de Napoleão em 1815 e não mais se aprumava. Com clareza, a autora nos mostra a realidade jurídica injusta daquele século, onde o primogênito herdava todos os bens da família e os demais ficavam a ver navios ou, quem sabe, a sonhar por navios que um dia os trariam à América do Sul. Agricultores pobres e deserdados são os personagens históricos que trocaram de continente.
“Os campos de centeio ondulavam ao vento, num movimento sedoso e harmônico que lembrava um mar avermelhado em dia de sol e placidez”. Com esta sentença carregada de emoção – lembram-me os meus verdes trigais, inicia-se a histórica saga dos dezessete primeiros imigrantes que fundaram a colônia Blumenau, em dois de setembro de 1850, seguindo seus passos desde a situação particular de cada um, ainda na Alemanha, as dificuldades que os impulsionaram à imigração, o engajamento no projeto de Hermann Blumenau, o momento da instalação da colônia, e principalmente, é neste ponto que o livro revela seu ineditismo, segundo informação de Marcelo Steil, continua acompanhando os durante a construção e consolidação da cidade.
Dessa maneira, Christina trata os dezessete imigrantes como homens carregados de amor e de esperança, mas também atormentados por angustias e sofrimentos, tornando-os vivos e não meros monumentos historiográficos. Mas para além deste precioso resgate histórico, o texto é uma agradável romance, tanto pelo estilo adotado, sensível e sincero, o que torna leitura fluida, bem como pelo tratamento narrativo utilizado, que em função dos hiatos que a escassez documental acerca dos primeiros imigrantes impôs ao historiado, foram preenchidos de forma consciente e verossímil pela imaginação da romancista.
Já prometi a Christina que irei à Blumenau. Em Oktober, quem sabe? A maravilhosa cidade catarinense, como tantas outras, tem história, tem memória cultural e que agora é trazida a público, reforçando a nossa convicta razão de que a excelente qualidade de vida existente na cidade de Blumenau decorre da herança de persistência dos antepassados, homens sonhadores e realizadores, que cruzaram o oceano em busca de dias melhores para as futuras gerações.
"Em dois de setembro de 1850 uma rústica embarcação aportou às margens de uma terra fértil, inculta e cheia de belezas selvagens.... eram os primeiros habitantes que o Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau arregimentara para a incipiente e iniciante colônia no sul do inexplorado Brasil.
A herança cultural que traziam, a carga de sonhos e idealismo que os fez atravessar o oceano para tentar uma vida nova em terras tão distantes e principalmente o que iriam fazer naquela nova terra eram incógnitas naquele distante dia de setembro, quando, varridos pelo vento frio e iluminados por um sol de meridiana força, pisaram pela primeira vez na terra agreste e selvagem que seria o seu lar daquele dia em diante.”
Sobre o Autor
Christina Baumgarten: Escritora e jornalista blumenauense que vem se dedicando, nos últimos anos, ao resgate da memória dos pioneiros colonizadores da região do Vale do Itagaí. Não é porém historiadora e sim romancista, e escreve sobre este tema com uma visão acentuadamente humanista. Seus livros enquadram-se na categoria de romances históricos, cujas narrativas tem sabor e colorido. O livro “A Geografia da Esperança” é o seu 6º lançamento, e já é escritora conhecida em todo o sul do Brasil.
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