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Volta de Whitman

por Manoel Hygino dos Santos *
publicado em 01/03/2006.

Henrique Chagas, em seu site cultural do penúltimo dia do ano findo, trouxe notícias boas sobre livros recentemente lançados, mas também uma verdadeira mensagem de fé no futuro, legada por Walt Whitman: “Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado. E disse a minha alma: quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos, prosseguiremos no caminho".

Eis belíssima lição! Incessantemente, o homem está em busca de mais conhecimento, disposto a caminhar. O importante é não parar no meio do caminho, por mais pedras que ele tenha; que se saiba discernir o caminho certo e não se transvie. Se bem que os que perderam a rota costumam também reacertar imprevistos e notáveis itinerários, sobretudo no campo da poesia.

Mas como começamos com Whitmann, com ele continuemos. Para lembrar que, exatamente no dia de aniversário de Belo Horizonte no ano passado, ou seja, em 12 de dezembro de 2005, li a notícia sobre o lançamento no Brasil da poesia de Walt Whitman. O comentário, no site do Verdes Trigos Cultural, advertia para o fato de que o poeta americano se exprimia pelo mesmo tipo de derramamento versicular de Rilke, mas que, em termos de posicionamento (isso que impropriamente hoje se diz “colocação") eram contrapostos.

Cronologicamente, foram contemporâneos. Whitman nasceu em 1819 e morreu em 1892; Rainer Maria Rilke nasceu em 1875 e faleceu em 1926. Mas, enquanto a poesia de Rilke se caracterizava pelo elegismo espiritual, exaltando as qualidades angelicais do homem, Whitman engrandecia a importância corpórea em relação ao seu meio.

Descendente de holandeses e ingleses, os ancestrais de Whitman eram gente simples, devotados à atividade agrícola, com pequena educação formal. A família deixou Connecticut e se instalou em Long Island, NY. Walt freqüentou escola pública no Brooklyn e, com 12 anos, começou a aprender tipografia. Como tanta gente no mundo, da oficina gráfica passou ao jornalismo. Não estagnou. Passou a editor do Brooklyn Eagle, um diário agradável e importante. Não satisfeito, passou por outras folhas, teria vivido um caso amoroso com uma crioula (o que nunca foi suficientemente provado), mas queria produzir e publicar. Não encontrando editores, como sói acontecer mui comumente, decidiu editar as suas expensas “Leaves of Grass", que passaria a ser um marco na história da literatura americana.
Vendeu uma casa, lançou seu livro, calorosamente elogiado por Ralph Waldo Emerson, que em carta lhe disse: “I greet you at the beginnin of a great carrer". Seu prestígio não parou de crescer e o “Leaves of Grass" ganhou mais edições.

Começou a sofrer, então, críticas violentas e perseguições, porque alguns poemas foram considerados obscenos. Até polícia houve no caso, mas Whitman não voltou atrás.

São cousas que acontecem, mesmo no ocidental mundo civilizado. Ocorreu na Europa, evoluída, avançada, nos melhores tempos. A novidade, agora, é que no Brasil acaba de ser editado o livro, com 320 páginas, pela Iluminuras, ao ensejo dos 150 anos de publicação do livro nos Estados Unidos.

Se antesFolhas de Relva" sofreu severas reservas, pela coragem de o autor introduzir na linguagem poética referências sexuais até então inadmissíveis, a situação mudou enormemente, tanto lá como cá.

Na versão brasileira de 2005, os 12 poemas originais foram traduzidos por Rodrigo Garcia Lopes. Eles oferecem uma idéia de quem foi Whitman, sua força de linguagem, para que se inicie uma avaliação mais cuidadosa de sua obra entre nós. O que acontece nos oitenta anos da morte de Rilke. Quem quiser comparar, deve fazê-lo e extrair conclusões.

Hoje em Dia, Belo Horizonte, 1/3/05

Sobre o Autor

Manoel Hygino dos Santos: *Jornalista e escritor. Membro da Academia Mineira de Letras, cadeira n. 23.

Livros publicados:
Vozes da Terra , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 1948 , Contos e Crônicas
Considerações sobre Hamlet , Ed. Imprensa Oficial de Minas Gerais , Belo Horizonte , 1965 , Ensaio Histórico – Literário
Rasputin – último ato da tragédia Romana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1970 , Ensaio
Governo e Comunicação , Ed. Imprensa Oficial , Belo Horizonte , 1971 , Monografia
Hippies – Protesto ou Modismo , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1978
Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras , Ed. Comunicação , Belo Horizonte , 1978 , Coordenação de Yvonne de Oliveira Silveira
Sangue em Jonestown, uma tragédia na Guiana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1979 , Ensaio
No rastro da Subversão , Ed. Faria , Belo Horizonte , 1991 , Ensaio
Darcy Ribeiro, o Ateu , Ed. Fumarc , Belo Horizonte , 1999 , Biografia
Notícias Via Postal , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 2002 , Correspondências


E-mail: colunaMH@hojeemdia.com.br
Matéria originalmente publicada no Jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte/MG

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