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O feixe de ossos

por Manoel Hygino dos Santos *
publicado em 08/02/2005.

Encontrei no “Verdes Trigos Cultural", sítio cultural de Henrique Chagas, de Presidente Prudente, SP, referência sobre a controvérsia sem fim em torno da invenção da aviação (ou do avião). Depois de mais de um século sobre a façanha de Santos Dumont, persiste a dúvida ou a polêmica: Quem é o Pai da Aviação?

Os franceses apregoam que Clement Adler foi o inventor, em 1890, embora o seu aparelho, em forma de morcego, tenha se espatifado, sem ao menos sair do solo. A Alemanha indica Karl Jatho, que teria voado em 1903. Os russos, que não gostam de ficar atrasados no tempo em termos de engenhos humanos, aclamam Nikolas Jonkovski.

Os ingleses não deixam por menos. Reivindicam para sir Hiram Maxim, em 1894, o início da conquista do espaço aéreo, ao passo que os norte-americanos acham que Wilbur e Orville Wright foram os vitoriosos. Os latino-americanos atribuem o invento a Santos Dumont, nascido numa fazenda, a de Cabangu, na cidade mineira que hoje tem seu nome.

Seja como for, quais vaidades se atendam, quantas patriotadas se façam, a verdade é que não se está dando maior atenção e demonstrando maior interesse pelo histórico desacordo. O fundamental é que os aviões estão cortando os ares, cada vez mais velozes e eficientes, seja para a causa da paz, seja para as ações de guerra, contra as quais se opôs tenazmente Santos Dumont, até levando-o à morte, segundo versão confiável ou crível.

A mim me parece que, por mais que se discuta o problema, suas razões e bases históricas, a palavra final sobre o inventor da aviação é algo tão remoto quanto o Santo Sudário. Na última versão, o precioso pano pode ter de 1.300 a 3 mil anos e, de fato, teria envolvido o corpo de Jesus Cristo. Ao “expert" no assunto, será importante descobrir-se agora que o Sudário é muito mais antigo do que sugeriram testes com Carbono 14, realizados em 1988. Para o homem de fé, fundamental é crer que, realmente, o filho de Deus, feito homem, abrigou nele o corpo há cerca de dois mil anos. A crença o fez santo, efetivamente. O resto são detalhes.

Os brasileiros acreditamos que Alberto, o de Cabangu, foi o Pai da Aviação e com tal título o consideramos e o reverenciamos. Que digam os outros o que lhes convier e aprouver! Quanto à morte de Santos Dumont, em 1932, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, ocorreu uma curiosa coincidência. O delegado de polícia de Santos, à época, era o escritor, muito conhecido, e advogado Raimundo de Menezes, que deixou registrado o seguinte:

“Uma noite, recebi a informação, vinda de Guarujá, de que o grande inventor fora encontrado morto no banheiro. Organizei a caravana e para lá seguimos. No Hotel La Plage, o mais elegante daquela praia, tivemos que arrombar a porta do banheiro, por cuja clarabóia se avistava o corpo pendurado numa gravata ou num cordão do roupão. Magríssimo, era ele um feixe de ossos, persuadido de que era o culpado por bombardearem seus patrícios, disse por várias vezes a Edu Chaves, com quem se encontrava alojado no hotel, que se sentia angustiado por isso".

“Aproveitando um instante de descuido realizou o seu intento: enforcou-se. Comuniquei imediatamente ao chefe de Polícia, Dr. Tirso Martins, o ocorrido, bem como o pedido da família para que lhe fosse entregue o corpo sem maiores formalidades legais. Autorizado, assim procedi, tendo por isso os jornais do dia seguinte anunciado o episódio como morte natural, havendo o médico-legista, Dr. Roberto Catunda, dado o atestado assim afirmando.

Não houve inquérito policial. Tratava-se de uma glória nacional. Dei a ordem da Secretaria de Segurança a pedido da família. Eis o que sei a respeito".

Sobre o Autor

Manoel Hygino dos Santos: *Jornalista e escritor. Membro da Academia Mineira de Letras, cadeira n. 23.

Livros publicados:
Vozes da Terra , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 1948 , Contos e Crônicas
Considerações sobre Hamlet , Ed. Imprensa Oficial de Minas Gerais , Belo Horizonte , 1965 , Ensaio Histórico – Literário
Rasputin – último ato da tragédia Romana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1970 , Ensaio
Governo e Comunicação , Ed. Imprensa Oficial , Belo Horizonte , 1971 , Monografia
Hippies – Protesto ou Modismo , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1978
Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras , Ed. Comunicação , Belo Horizonte , 1978 , Coordenação de Yvonne de Oliveira Silveira
Sangue em Jonestown, uma tragédia na Guiana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1979 , Ensaio
No rastro da Subversão , Ed. Faria , Belo Horizonte , 1991 , Ensaio
Darcy Ribeiro, o Ateu , Ed. Fumarc , Belo Horizonte , 1999 , Biografia
Notícias Via Postal , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 2002 , Correspondências


E-mail: colunaMH@hojeemdia.com.br
Matéria originalmente publicada no Jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte/MG

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