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Não quero viver na China
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 09/12/2006.
É natural que em situações de extrema necessidade, as pessoas se esqueçam de qualquer pensamento sobre o futuro, assim como a ética com seus semelhantes.
A China cresce 10% ao ano, porque seus habitantes ganham salários de fome, a garantia dos direitos civis é débil, e porque não há regulamentação ambiental de espécie alguma. Se todas estas instituições são débeis no Brasil, na China são ainda piores.
A mídia também tem simplificado nossos crescimentos pífios como resultado da legislação ambiental. Nós pagamos os juros mais altos do planeta e a culpa é do ambiente?
Outro dia li que o Papa anterior ficou muito triste de ajudar a derrubar a cortina de ferro, e ver os países do lado de lá caírem de boca no consumismo. Ele esperava que os comunistas ensinassem um modo de vida simples para o lado de cá. É difícil que um papa fosse ingênuo a este ponto. O ser humano tem o fetichismo da matéria em seu DNA. Se você ri dos africanos que espetam bonecos de vodu, experimente chegar em uma reunião com um notebook dual core com 2 Gb de memória. Não importa se você não faz idéia de como usá-lo. Você o possui, e isto faz de você uma espécie de xamã.
Assim como a posse de objetos não transforma um otário em expert, também o simples aumento das taxas de desenvolvimento não muda a vida das pessoas de um país. Sem desenvolvimento institucional, corremos o risco de torrar nosso patrimônio ambiental para mais uma vez concentrar recursos nas mãos de poucos. O desenvolvimento real de uma nação deve ser medido por IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano que leva em conta educação, saúde e qualidade de vida. IDH não pode ser concentrado. Tirar a média do PIB do Morumbi com o da Rocinha e criar uma classe média matemática, não muda em nada nossa realidade. Pior ainda, querer torrar os recursos ambientais do país para fazer com que esta classe média virtual melhore de vida, é uma enganação.
As restrições ambientais possuem um forte caráter social, porque os mais pobres dependem mais diretamente do ambiente em que vivem. Liberem o ambiente para crescermos a taxas chinesas, e iremos degradar nosso ambiente para deixar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.
Ao abrir as porteiras das restrições ambientais, o Morumbi vai ficar com o dinheiro, e a Rocinha com o esgoto.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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