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A paixão crucifica a humanidade até hoje.

por Carol Westphalen *
publicado em 05/04/2004.

“Foi como aconteceu”, disse Karol Wojtyla depois de assistir ao filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson. Independentemente da crença em relação à existência de Deus e da veracidade da história transcrita na Bíblia (pelo próprio homem!), as cenas do filme são mais dantescas que o próprio inferno de Dante Alighieri - onde os violentos eram condenados a nadar num rio de sangue sendo aporrinhados por monstros demoníacos. O que se vê na “modesta” produção de 30 milhões de dólares de Mel Gibson é uma arena recheada de sadismo e crueldade. Sacerdotes sádicos buscando um prazer quase sexual no sangue que escorria do corpo de um filósofo-curandeiro que, provavelmente, nunca havia praticado o mal. Havia ali uma platéia cega e sensacionalista se regozijando de uma moeda lançada. Afinal, Jesus estava apenas revolucionando seu tempo, assim como Chico Mendes, Che Guevara ou Nelson Mandela – embora não tenham sido punidos de forma bárbara, também receberam sinal vermelho por suas personalidades e ideologias marcantes.

Há mais de dois mil anos é impossível se fazer justiça nesse mundo. Pôncio Pilatos, o governador da Juréia, queria mesmo era lavar suas mãos punindo qualquer um dos dois – Jesus ou Barrabás -, para que tanto o povo quanto os líderes judeus ficassem satisfeitos. Barrabás era um doente, um homicida qualquer – era Festa de Páscoa e, por escolha do próprio povo, Pilatos tinha o costume de soltar um preso. Pilatos pediu a Herodes, governador da Galiléia, que tomasse uma decisão, mas este, embora interessado nos milagres de Jesus, vivia nas orgias e acabou não dando importância à situação. Pilatos jogou dados e Jesus foi chicoteado, pior, dilacerado e crucificado até a morte. O filme “A Paixão de Cristo” tem lá seus méritos, mas não justifica os exageros. Segundo o diretor, extremamente católico, o filme precisava ser realista. Ok! Mas quem gosta de ver, ouvir ou falar sobre as verdades do mundo e da vida? Basilicata, no sul da Itália, região onde foram feitas algumas cenas, é uma região bárbara – e pensar que o mesmo adjetivo também classifica esse longa-metragem.

A violência não é apenas fruto da desigualdade social e do atual regime capitalista em que o mundo se encontra. Segundo psiquiatras, a violência é, também, uma reação que está associada à ira devido aos defeitos, erros e sofrimentos do ser humano, podendo até mesmo estar relacionada a alguma patologia. Parece masoquismo, mas o ser humano precisa sentir falta das coisas que está acostumado a ter para evoluir. E, com uma venda nos olhos, ele busca ser possuidor de todas as coisas. Busca-se desesperadamente aquilo que vemos, sendo que o que realmente a humanidade precisa são das coisas que estão tácitas. O homem só terá êxito na vida quando aprender o que é o quinto elemento: o altruísmo. Essa é a mais difícil das posses, pois o amor incondicional é um amor materno, paterno, de irmãos, ou seja, verdadeiro. No mundo contemporâneo não se ama de graça. O sentimento se tornou mercadoria e ele tem seu preço. A hipermodernidade obriga o indivíduo a fazer manutenção de uma imensa campanha de marketing das coisas que vêm do coração. A próxima geração virá com um chip que diz respeito à obrigação da conveniência. O mais difícil mesmo será tentar quebrar esse novo paradigma que, infelizmente, é deprimente. Édipo precisou ficar cego para enxergar a própria realidade. Logo, enforcou-se por não suportá-la. Psique precisou perder seu amor, Eros, para dar valor à sua beleza interior. Tragédias. Todo homem tem sua tragédia. O que seria deles sem suas tragédias?

Sobre o Autor

Carol Westphalen: Caroline C. Westphalen nasceu em Porto Alegre, mas aos 10 anos foi morar em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social e fez pós-graduação em Sócio-Psicologia. Atualmente, mora no litoral do Rio Grande do Sul, faz Psicologia e trabalha como jornalista/colunista.Em 1999, escreveu "Confluência dos Ws" (Editora Writers), uma pequena compilação de crônicas e contos, junto com o amigo Diego Weigelt, crítico de música e radialista. Carol reuniu algumas crônicas em 2004, mas ainda não tem editora. Sinto que meus textos incomodam. Também não gosto de perceber e encarar certas realidades, diz Carol.

Seus textos sobre comportamento e vida também podem ser lidos no site da revista TPM.Carol também escreve um diário: http://www.diariodecarolw.blogger.com.br

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