Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Carol Westphalen


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

A paixão crucifica a humanidade até hoje.

por Carol Westphalen *
publicado em 05/04/2004.

“Foi como aconteceu”, disse Karol Wojtyla depois de assistir ao filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson. Independentemente da crença em relação à existência de Deus e da veracidade da história transcrita na Bíblia (pelo próprio homem!), as cenas do filme são mais dantescas que o próprio inferno de Dante Alighieri - onde os violentos eram condenados a nadar num rio de sangue sendo aporrinhados por monstros demoníacos. O que se vê na “modesta” produção de 30 milhões de dólares de Mel Gibson é uma arena recheada de sadismo e crueldade. Sacerdotes sádicos buscando um prazer quase sexual no sangue que escorria do corpo de um filósofo-curandeiro que, provavelmente, nunca havia praticado o mal. Havia ali uma platéia cega e sensacionalista se regozijando de uma moeda lançada. Afinal, Jesus estava apenas revolucionando seu tempo, assim como Chico Mendes, Che Guevara ou Nelson Mandela – embora não tenham sido punidos de forma bárbara, também receberam sinal vermelho por suas personalidades e ideologias marcantes.

Há mais de dois mil anos é impossível se fazer justiça nesse mundo. Pôncio Pilatos, o governador da Juréia, queria mesmo era lavar suas mãos punindo qualquer um dos dois – Jesus ou Barrabás -, para que tanto o povo quanto os líderes judeus ficassem satisfeitos. Barrabás era um doente, um homicida qualquer – era Festa de Páscoa e, por escolha do próprio povo, Pilatos tinha o costume de soltar um preso. Pilatos pediu a Herodes, governador da Galiléia, que tomasse uma decisão, mas este, embora interessado nos milagres de Jesus, vivia nas orgias e acabou não dando importância à situação. Pilatos jogou dados e Jesus foi chicoteado, pior, dilacerado e crucificado até a morte. O filme “A Paixão de Cristo” tem lá seus méritos, mas não justifica os exageros. Segundo o diretor, extremamente católico, o filme precisava ser realista. Ok! Mas quem gosta de ver, ouvir ou falar sobre as verdades do mundo e da vida? Basilicata, no sul da Itália, região onde foram feitas algumas cenas, é uma região bárbara – e pensar que o mesmo adjetivo também classifica esse longa-metragem.

A violência não é apenas fruto da desigualdade social e do atual regime capitalista em que o mundo se encontra. Segundo psiquiatras, a violência é, também, uma reação que está associada à ira devido aos defeitos, erros e sofrimentos do ser humano, podendo até mesmo estar relacionada a alguma patologia. Parece masoquismo, mas o ser humano precisa sentir falta das coisas que está acostumado a ter para evoluir. E, com uma venda nos olhos, ele busca ser possuidor de todas as coisas. Busca-se desesperadamente aquilo que vemos, sendo que o que realmente a humanidade precisa são das coisas que estão tácitas. O homem só terá êxito na vida quando aprender o que é o quinto elemento: o altruísmo. Essa é a mais difícil das posses, pois o amor incondicional é um amor materno, paterno, de irmãos, ou seja, verdadeiro. No mundo contemporâneo não se ama de graça. O sentimento se tornou mercadoria e ele tem seu preço. A hipermodernidade obriga o indivíduo a fazer manutenção de uma imensa campanha de marketing das coisas que vêm do coração. A próxima geração virá com um chip que diz respeito à obrigação da conveniência. O mais difícil mesmo será tentar quebrar esse novo paradigma que, infelizmente, é deprimente. Édipo precisou ficar cego para enxergar a própria realidade. Logo, enforcou-se por não suportá-la. Psique precisou perder seu amor, Eros, para dar valor à sua beleza interior. Tragédias. Todo homem tem sua tragédia. O que seria deles sem suas tragédias?

Sobre o Autor

Carol Westphalen: Caroline C. Westphalen nasceu em Porto Alegre, mas aos 10 anos foi morar em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social e fez pós-graduação em Sócio-Psicologia. Atualmente, mora no litoral do Rio Grande do Sul, faz Psicologia e trabalha como jornalista/colunista.Em 1999, escreveu "Confluência dos Ws" (Editora Writers), uma pequena compilação de crônicas e contos, junto com o amigo Diego Weigelt, crítico de música e radialista. Carol reuniu algumas crônicas em 2004, mas ainda não tem editora. Sinto que meus textos incomodam. Também não gosto de perceber e encarar certas realidades, diz Carol.

Seus textos sobre comportamento e vida também podem ser lidos no site da revista TPM.Carol também escreve um diário: http://www.diariodecarolw.blogger.com.br

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


CUSCO 1 – Viagem ao Umbigo do Mundo, por Urda Alice Klueger.

Na Ponta dos Dedos, por Tom Coelho.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos