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A Praga dos Juros

por Tom Coelho *
publicado em 30/01/2004.

“A política de juros altos é tanto mais eficaz
quanto maior o dano que puder causar.”
(Fernando Cardim de Carvalho)


Banco Central, Copom, Selic. Ainda que você não queira, estes atores do cenário econômico nacional têm visitado seu jornal, sua TV e sua paciência ao longo dos últimos meses.

Longe da pretensão de querer analisar o significado de cada um destes agentes, e de tantos outros protagonistas igualmente relevantes, pretendo ao final deste artigo apenas apontar como tudo isso afeta diretamente você e seu bolso.

Reflexos sobre o País

O Brasil apresenta hoje a mais elevada taxa de juros reais do mundo. Juro real é uma medida da taxa de juros básica da Economia, em nosso país representada pela taxa Selic, descontada a expectativa de inflação.

Nosso Banco Central, que paradoxalmente a tudo o que tem feito clama por independência e autonomia, entende que a inflação é um monstro adormecido, de sono leve, que habita nosso cotidiano sob o risco iminente de despertar a qualquer momento. Parece crer piamente que crescimento econômico, no Brasil, traz inflação em seu bojo. Por isso, sob a égide das questionáveis “metas inflacionárias”, impõe taxas de juros elevadas objetivando conter a demanda agregada, ou seja, fazer com que os consumidores deixem de comprar. Assim, qual será o comerciante que elevará seus preços, gerando inflação, se já nos patamares atuais ninguém compra?

Juros altos, demanda retraída, produção contida. Desemprego como efeito colateral. Onde buscar mesmo aqueles 10 milhões de empregos da campanha eleitoral?

Mas o problema não cessa aí. Mais da metade da dívida pública do governo federal é indexada exatamente à taxa Selic. Taxa alta, gastos de mais com juros, investimentos de menos em escolas, hospitais, habitação, segurança e infra-estrutura. É um Estado predestinado a gerar superávits primários e nada mais.

Como se não bastasse, juros reais elevados atraem investidores. Não aqueles dispostos a construir fábricas e gerar empregos, mas aqueles interessados em realizar ganhos rápidos nos mercados de capitais. São os famigerados especuladores que trazem consigo um capital tão volátil quanto éter, capaz de ir embora com a mesma velocidade com que entra num mero clique via Internet. Afetam nossa taxa de câmbio, através de seus fluxos, impactando nossa balança comercial e, por conseguinte, nosso balanço de pagamentos. É por isso que nossas reservas internacionais são tão baixas e nossa credibilidade tão insólita.

A praga dos juros altos mata o país!

Reflexos sobre as Empresas

As empresas de pequeno e médio porte, aquelas que efetivamente geram empregos, sabem tão pouco sobre a taxa Selic quanto você. Pagam juros que variam entre 30% e 70% ao ano, nos Bancos, chegando a mais de 180% ao ano junto às Factorings. Além disso, arcam com uma das cargas tributárias mais distorcidas do mundo capitalista, pagando impostos antecipados sobre seu faturamento.

E por qual motivo o dinheiro lhes custa tão caro se a tal Selic, já tão elevada, está fixada em 16,50% ao ano? Porque existe uma praga maior chamada “spread bancário”, ou seja, o prêmio cobrado pelo credor para remunerar seus custos, pagar impostos e ter lucro. O próprio relatório do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br) demonstra que a composição do spread bancário contempla ganhos da ordem de 40% entre despesas administrativas e lucro do agente financeiro. Um negócio e tanto, capaz de deixar até o narcotráfico entusiasmado...

É por isso que os Bancos têm apresentado lucros tão expressivos em seus balanços. É por isso que os empresários são insanos e deveriam ser internados um a um. Trabalham para alimentar o sistema financeiro e a ganância arrecadatória do Estado. É a transferência de riqueza de quem produz para quem apenas gerencia números. Isto explica, em parte, a vergonhosa distribuição de renda em nosso país.

A praga dos juros altos mata as empresas!

Reflexos sobre as Pessoas

As estatísticas demonstram claramente a queda do salário real. Isto significa que seu salário hoje, descontada a inflação, tem menor poder de compra do que há anos atrás. Grande novidade! Você percebe – e sente – isso em seu dia-a-dia. Tomando café, indo ao supermercado, usando ônibus, pagando pedágio.

Como você ganha pouco, recorre a uma coisa chamada crédito que, no Brasil, atende às pessoas físicas pelos nomes de cheque especial e cartão de crédito.

Por compulsão ou necessidade, você utiliza o crédito que lhe é disponibilizado. Paga taxas de juros de até 429% ao ano, sem perceber, até ficar inadimplente. Então, surgem outras figuras onipotentes. Os serviços de “proteção ao crédito” como SPC e Serasa que, com seu poder discricionário, negativam seu nome em todo o país, tornando você persona non grata. Tiram-lhe o crédito, a moral e a tranqüilidade.

Desempregado, sem crédito, sem dinheiro e com o nome comprometido, você um dia sai em busca de um emprego digno. E dignamente recebe um não!

A praga dos juros altos mata você!

Sobre o Autor

Tom Coelho: Tom Coelho, com graduação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP e especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA/USP, é empresário, consultor, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting, Diretor do SIMB (Sindicato das Indústrias de Brinquedo do Estado de São Paulo), vinculado a ABRINQ (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) e Membro Executivo do NJE (Núcleo de Jovens Empreendedores), vinculado a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Visite: www.tomcoelho.com.br

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