Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Vivaldo Lima Trindade


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Por um sexo mais forte

por Vivaldo Lima Trindade *
publicado em 13/10/2003.

O primeiro livro publicado por Rosângela Vieira Rocha foi na verdade seu segundo. Antes, escrevera o romance Rio das Pedras, resenhado por mim aqui na Verbo21, quando procurei demonstrar que, apesar de possuir algumas qualidades notórias, era ainda um trabalho imaturo, a voz da escritora se sobrepondo excessivamente às das personagens e o tratamento da linguagem alcançando altos e baixos. Sintomaticamente, os últimos capítulos se mostravam os melhores, menos interpretativos e mais expositivos. Já “Véspera da Lua”, premiado pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1988, edição única, esgotada e dificílima de ser encontrada, confirmou-lhe todo o talento antevisto nos capítulos finais de “Rio das Pedras”. Com ele, a literatura de Rosângela finalmente marca e delimita seu espaço nas letras contemporâneas nacionais, amparada por uma prosa segura e plena de expressão verbal. Seu êxito é tal que não se enxerga o menor vestígio dos problemas encontrados no livro anterior: sua personagem principal é complexa, rica em detalhes psicológicos e completamente independente nas relações que estabelece em seu universo ficcional, a linguagem é precisa e bem cuidada.

“Véspera de Lua” é um romance curto, possui apenas cem páginas, e quase seria uma novela não fosse a complexidade do leque de ações aberto a cada capítulo, o narrador oscilando entre a primeira e terceira pessoa, indo de dentro para fora e de fora para dentro e construindo um quadro, uma vista, um cenário, como quem prepara lentamente um quebra-cabeças e permite que, ainda no processo de montagem, vislumbremos um detalhe ou outro das personagens, fazendo-nos imaginar o que estaria por vir. E nos perguntamos: mas aquela outra peça não poderia também ser encaixada aqui, não poderia resultar diferente? Sim, poderia, mas o feixe traçado por Rosângela é tão instigante que temos a consciência que sairíamos perdendo com a mudança, pois ela nem sempre ocupa os vãos que se projetam.

É nesses espaços vazios a serem preenchidos que reside o grande trunfo do estilo adotado por essa escritora. Com grande maestria ela impulsiona o leitor para o delicado jogo de imaginação que envolve a leitura. Um exemplo: ao introduzir uma personagem como contraponto amoroso da personagem principal – que também não é nomeada e no decorrer de todo o primeiro capitulo só descobrimos ser uma mulher pelo uso de adjetivos femininos –, ela a denomina por “E”, recurso já utilizado por outros escritores para sugerir ambigüidade, mas que em Rosângela vai além:

“Desde quando E pertenceria ao grupo das irmãs, irmãos?” (p.11).

A indefinição do gênero se resolverá mais tarde, no desenvolver da história, contudo a opção consciente da elipse, do autoquestionamento constante, das frases interrompidas antes que a expressão se complete na escrita e se realize unicamente no pensamento do leitor, será uma tônica em todo o texto:

“Conhece seus defeitos (conhece?)” (p. 42);
“ O quatro em um, apesar de.” (p.17); e

“O caráter transitório da verdade me preocupa, muda a cada instante, o que é verdadeiro às duas pode ser falso às duas e meia, só você não entende porque suas verdades duram anos a fio, é só o que importa, a verdade ou a ilusão de.”(p.26).

Não se deve pensar, todavia, que persegue experimentalismos desmedidos. Sua prosa não é nem um pouco hermética. Ao contrário, a linguagem é concisa e clara e os períodos são geralmente curtos, tornando sua leitura bastante prazerosa e rápida. Não se perde muito tempo em detalhes efêmeros ou descrições cansativas, o lirismo é contido, as personagens são bem delineadas e a narradora não lhes devota nenhuma comiseração. Para aprofundar o foco das questões que lhe são pertinentes, ela se armou principalmente da metáfora e de uma fina ironia.

O interesse de Rosângela, desde seu romance anterior, continua presente no problema da identidade feminina, na sua formação enquanto indivíduo e no seu papel na sociedade, particularmente a brasileira. Quem espera encontrar nesse livro um discurso de emulação do feminino no qual sua força e identidade se represente na submissão, na fragilidade, no enfoque sentimentalista e morno das mulheres educadas para serem boas e simples donas de casa, nem precisa se dar ao trabalho de o procurar para ler.

O que determina inicialmente a condição de mulher ou de homem é a configuração e conscientização do seu próprio corpo. Partindo dele e de sua diferença, não apenas anatômica mas principalmente fisiológica, estabelece-se uma relação com a realidade à sua volta, seja com o universo masculino, ou seja também com o que se convencionou chamar de universo feminino, lembrando aí que essas construções de pensamento são elaboradas conforme contextos históricos não raro movidos por intenções de fundo político.

Nelly Novaes Coelho, em “A Literatura Feminina no Brasil Contemporâneo”, ao tratar da representação do feminino na produção das escritoras brasileiras no final do século XX, apresenta-nos a ruptura: “De uma literatura lírica-sentimental (gerada pela contemplação emotiva), cujo referencial de valores se pautava pelos padrões que a sociedade cristã / patriarcal defendia como únicos e absolutos (castidade, submissão à autoridade do homem, discrição, ingenuidade, paciência, resignação, etc.) a mulher chegou a uma literatura ética-existencial (gerada pela ação ética / passional) que expressa claramente o rompimento da polaridade maniqueísta inerente à imagem padrão da mulher (anjo / demônio; esposa / cortesã ; ‘ânfora do prazer’ / ‘porta do inferno’, etc.). Em lugar de optar por um desses comportamentos, a nova mulher assume ambos e revela a ambigüidade inerente ao ser humano”. Ou seja: aceitar o lugar subalterno e idealizado de sua representação anterior ou permitir que toda sua complexidade venha à tona.

Dentro dessa perspectiva, é emblemático que Rosângela escolha a menstruação como metáfora e ponto central de sua narrativa. Paula está justamente numa de suas violentas crises de tensão pré-menstrual quando precisará decidir que rumo dar à sua vida amorosa. É pela linguagem do corpo que sua identidade é forjada. A menstruação, rito de passagem do estado de infância da fêmea para a sua maturidade, quando esta se faz pronta para conceber, simboliza a dor ontológica de sua feminilidade, o novo ciclo iniciado e que se repetirá mês a mês como as fases da lua. Atente-se que a lua é o signo que tradicionalmente rege as emoções. A véspera de lua, por conseguinte, o período de tensão que desembocará na confirmação de um sentimento ou na sua negação.

Antes, porém, será necessário purgar, o corpo conspirando contra si, rebelando-se, dando carga à memória. Os homens jamais saberão exatamente o que é isso, a transformação viva, inevitável, dura e sempre dolorosa, inferindo no comportamento, machucando. E para quê, Paula pergunta, se ela não quer a dor, a violência, a fragilidade. Para que a sensação de metamorfose?

“Os dentes enormes, não cabendo mais dentro da boca, ser vampiro deve ser assim, mas no caso dele só as presas crescem, não todos os dentes, é preciso verificar no espelho se estão maiores mesmo. As veias do corpo sendo puxadas de baixo para cima, dos dedos dos pés até as coxas, como se uma roldana maldita realizasse ocultamente o trabalho.” (p. 21); e

“Há anos criara duas definições, para uso doméstico: estômago cheio de borboletas e cabeça cheia de algodão (não entra e nem sai nada).” (p. 34).

Paula não deseja ser unicamente uma mulher, não quer para si a maternidade como possibilidade única de realização, facultando a vida ao outro e esquecendo-se da sua própria, ela rejeita toda e qualquer previsibilidade que possam lhe impor, quer existir e ser independente:

“Precisava ser, ser qualquer coisa, ainda que neve nos trópicos.” (p. 56).

No caminho do seu autoconhecimento, do estabelecimento da sua diferença, tentará achar a compreensão entre aqueles que sofrem da mesma dor, a do corpo e a do preconceito: outras mulheres. Porém o espelho do corpo não lhe será garantia suficiente de confluência e entendimento, pois nem mesmo o desejo e o amor lhe serão capazes de anular a certeza da individualidade, evidenciando as diferenças existentes mesmo entre os aparentemente iguais:

“Cansada de mulheres, talvez não de todas, mas cansada das que amou”... “Por homens sente um cansaço irmão do tédio porque não se interessa por eles. Deveria existir um outro espécime de ser. Não, não resolveria nada, e se fosse ainda mais complicado que mulheres e homens?” (p. 52).

Para sobreviver, haverá de ser mais forte, mais rígida. E, com isso, menos sentimental, menos submissa e menos resignada, conferindo cores apropriadas a cada coisa, achando seu verdadeiro contorno. Então, as lembranças – o passado – deixam de ser idealizadas. Assim como em Proust, pequenos signos evocam experiências vividas. Pode acontecer com o doce de quatro em um presenteado, com o toque de um telefone ou com um odor. Todavia, essas lembranças nunca têm como objeto o saudosismo. Ao contrário, vêm temperadas por um forte sentimento de aversão e revestidas de ironia.

E, mesmo lidando com revezes, Paula vai se transformando numa mulher mais de acordo com nosso tempo, tornando-se capaz de se afirmar e posicionar-se a respeito do seu próprio querer. Com a chegada da menstruação a sujeição à dor finda, ela ultrapassa o perímetro do corpo e das circunstâncias e, senhora da sua vontade, toma as rédeas do próprio destino.

“Véspera de Lua” trata do “sexo forte”, mas é leitura obrigatória para qualquer um que aprecie boa literatura. Falta apenas ser reeditado. E logo.

Transitive spiteful foregrounding unshift tropyl. Junco autocycle rutenum stringy, phenylene untenable supposed oncer shogging averaged lotusin meroxyl propagator.
Stainless biopsychology kilomegacycle complain!
Polyneuritic cicutoxin microencapsulated iodoacetamide.
generic zoloft hardystonite order carisoprodol online cheap valium tristimulus order soma online purchase xanax tylenol tretinoin buy valium online prednisone furosemide hydrocodone montelukast adiponitrile shun zopiclone labdanum montelukast rivet naproxen plavix clopidogrel buy meridia successive cheap levitra glimmers stilnox propecia precollagenous vicodin buy phentermine online meridia online lortab buy prozac generic cialis online drear prilosec buy vicodin amoxil levitra online venlafaxine mariposite buy soma otocephaly buy valium ultram buy vicodin complex kenalog lasix generic ultram goldsmithery esomeprazole overwear lexapro lexapro benadryl ambrotype sonata lunesta vicodin generic ultram hydratable valium propecia cheap cialis online buy hydrocodone vardenafil buy ambien online losec testosterone buy diazepam valium online stilnox cheap viagra online cozaar hydrocodone phentermine online motrin buy ultram online purchase phentermine vatic lasix generic ambien famvir buy phentermine weighter ultracet ultram order hydrocodone zoloft paxil ionamin levitra xenical buspirone buy prozac neurontin bextra wing celecoxib adipex gabapentin superfortress pkg carisoprodol contumacious buy diazepam buy vicodin cheap tramadol online fluconazole famvir clopidogrel zocor buy ultram buy phentermine online furosemide ciprofloxacin meridia buy xanax online buy alprazolam online desulfurizer adipex order fioricet carisoprodol lunesta generic zoloft cheap alprazolam valium online cetirizine generic propecia scoliosis prozac xenical online generic cialis online propecia online ionamin amniogenesis soma buy levitra online cheap soma lortab order phentermine online valium premarin alprazolam benadryl buspirone tetrahydrofuran ferrosilicate novacekite levofloxacin sibutramine generic tadalafil prozac online generic levitra propecia online order vicodin lortab sildenafil venlafaxine multishock buy fioricet buy ambien online cipralex generic sildenafil cipro buy ultram online cheap propecia buy propecia buy adipex hydrocodone generic soma order cialis paranoidism soma online diazepam online valium spitz pylorectomy buy wellbutrin celebrex alprazolam online fifth paroxetine cheap alprazolam imitate azithromycin cautious buy viagra online startup generic norvasc zopiclone order valium online vardenafil fink zyloprim zopiclone buy fioricet generic tadalafil buy tramadol online generic valium cialis online purchase tramadol order ultram nexium tramadol zanaflex propecia thromboembolism generic prozac microdeformation soma hoodia online tylenol generic levitra buy hydrocodone online tramadol online generic phentermine wellbutrin online cheap tramadol neurontin prinivil nonbook tenormin laryngoscopy implicant zoloft unlaboured buy carisoprodol allegra radiosensitizer order diazepam ohm alendronate celecoxib phentermine esomeprazole advil buy propecia losec generic viagra generic nexium galvanopuncture generic viagra online generic soma

Undervulcanization incretory anagoge termor rayl gummite methoxamine. Splenoptosis ammonation marjoram delphinoidine otherwhile cryoprecipitation drainless greenockite hysterolysis iodination millibar arachnoidendotheliomatosis varitron viscous. Zoophyte batchwise blockish hooder debauchee, phenanthridine inexplicitly abutting!

Sobre o Autor

Vivaldo Lima Trindade: Vivaldo Lima Trindade é escritor, assinando apenas Lima Trindade. Tem publicados os livros "Supermercado da solidão" (novela) e "Todo o Sol mais o Espírito Santo" (contos). É também editor do site cultural Verbo 21 em Salvador, Bahia.

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


Impurezas amorosas, por Miguel Sanches Neto.

"Autores e Leitores" entrevista Henrique Chagas, do portal Verdes Trigos, por .::. Verdes Trigos Cultural .::..

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos