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Por um sexo mais forte

por Vivaldo Lima Trindade *
publicado em 13/10/2003.

O primeiro livro publicado por Rosângela Vieira Rocha foi na verdade seu segundo. Antes, escrevera o romance Rio das Pedras, resenhado por mim aqui na Verbo21, quando procurei demonstrar que, apesar de possuir algumas qualidades notórias, era ainda um trabalho imaturo, a voz da escritora se sobrepondo excessivamente às das personagens e o tratamento da linguagem alcançando altos e baixos. Sintomaticamente, os últimos capítulos se mostravam os melhores, menos interpretativos e mais expositivos. Já “Véspera da Lua”, premiado pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1988, edição única, esgotada e dificílima de ser encontrada, confirmou-lhe todo o talento antevisto nos capítulos finais de “Rio das Pedras”. Com ele, a literatura de Rosângela finalmente marca e delimita seu espaço nas letras contemporâneas nacionais, amparada por uma prosa segura e plena de expressão verbal. Seu êxito é tal que não se enxerga o menor vestígio dos problemas encontrados no livro anterior: sua personagem principal é complexa, rica em detalhes psicológicos e completamente independente nas relações que estabelece em seu universo ficcional, a linguagem é precisa e bem cuidada.

“Véspera de Lua” é um romance curto, possui apenas cem páginas, e quase seria uma novela não fosse a complexidade do leque de ações aberto a cada capítulo, o narrador oscilando entre a primeira e terceira pessoa, indo de dentro para fora e de fora para dentro e construindo um quadro, uma vista, um cenário, como quem prepara lentamente um quebra-cabeças e permite que, ainda no processo de montagem, vislumbremos um detalhe ou outro das personagens, fazendo-nos imaginar o que estaria por vir. E nos perguntamos: mas aquela outra peça não poderia também ser encaixada aqui, não poderia resultar diferente? Sim, poderia, mas o feixe traçado por Rosângela é tão instigante que temos a consciência que sairíamos perdendo com a mudança, pois ela nem sempre ocupa os vãos que se projetam.

É nesses espaços vazios a serem preenchidos que reside o grande trunfo do estilo adotado por essa escritora. Com grande maestria ela impulsiona o leitor para o delicado jogo de imaginação que envolve a leitura. Um exemplo: ao introduzir uma personagem como contraponto amoroso da personagem principal – que também não é nomeada e no decorrer de todo o primeiro capitulo só descobrimos ser uma mulher pelo uso de adjetivos femininos –, ela a denomina por “E”, recurso já utilizado por outros escritores para sugerir ambigüidade, mas que em Rosângela vai além:

“Desde quando E pertenceria ao grupo das irmãs, irmãos?” (p.11).

A indefinição do gênero se resolverá mais tarde, no desenvolver da história, contudo a opção consciente da elipse, do autoquestionamento constante, das frases interrompidas antes que a expressão se complete na escrita e se realize unicamente no pensamento do leitor, será uma tônica em todo o texto:

“Conhece seus defeitos (conhece?)” (p. 42);
“ O quatro em um, apesar de.” (p.17); e

“O caráter transitório da verdade me preocupa, muda a cada instante, o que é verdadeiro às duas pode ser falso às duas e meia, só você não entende porque suas verdades duram anos a fio, é só o que importa, a verdade ou a ilusão de.”(p.26).

Não se deve pensar, todavia, que persegue experimentalismos desmedidos. Sua prosa não é nem um pouco hermética. Ao contrário, a linguagem é concisa e clara e os períodos são geralmente curtos, tornando sua leitura bastante prazerosa e rápida. Não se perde muito tempo em detalhes efêmeros ou descrições cansativas, o lirismo é contido, as personagens são bem delineadas e a narradora não lhes devota nenhuma comiseração. Para aprofundar o foco das questões que lhe são pertinentes, ela se armou principalmente da metáfora e de uma fina ironia.

O interesse de Rosângela, desde seu romance anterior, continua presente no problema da identidade feminina, na sua formação enquanto indivíduo e no seu papel na sociedade, particularmente a brasileira. Quem espera encontrar nesse livro um discurso de emulação do feminino no qual sua força e identidade se represente na submissão, na fragilidade, no enfoque sentimentalista e morno das mulheres educadas para serem boas e simples donas de casa, nem precisa se dar ao trabalho de o procurar para ler.

O que determina inicialmente a condição de mulher ou de homem é a configuração e conscientização do seu próprio corpo. Partindo dele e de sua diferença, não apenas anatômica mas principalmente fisiológica, estabelece-se uma relação com a realidade à sua volta, seja com o universo masculino, ou seja também com o que se convencionou chamar de universo feminino, lembrando aí que essas construções de pensamento são elaboradas conforme contextos históricos não raro movidos por intenções de fundo político.

Nelly Novaes Coelho, em “A Literatura Feminina no Brasil Contemporâneo”, ao tratar da representação do feminino na produção das escritoras brasileiras no final do século XX, apresenta-nos a ruptura: “De uma literatura lírica-sentimental (gerada pela contemplação emotiva), cujo referencial de valores se pautava pelos padrões que a sociedade cristã / patriarcal defendia como únicos e absolutos (castidade, submissão à autoridade do homem, discrição, ingenuidade, paciência, resignação, etc.) a mulher chegou a uma literatura ética-existencial (gerada pela ação ética / passional) que expressa claramente o rompimento da polaridade maniqueísta inerente à imagem padrão da mulher (anjo / demônio; esposa / cortesã ; ‘ânfora do prazer’ / ‘porta do inferno’, etc.). Em lugar de optar por um desses comportamentos, a nova mulher assume ambos e revela a ambigüidade inerente ao ser humano”. Ou seja: aceitar o lugar subalterno e idealizado de sua representação anterior ou permitir que toda sua complexidade venha à tona.

Dentro dessa perspectiva, é emblemático que Rosângela escolha a menstruação como metáfora e ponto central de sua narrativa. Paula está justamente numa de suas violentas crises de tensão pré-menstrual quando precisará decidir que rumo dar à sua vida amorosa. É pela linguagem do corpo que sua identidade é forjada. A menstruação, rito de passagem do estado de infância da fêmea para a sua maturidade, quando esta se faz pronta para conceber, simboliza a dor ontológica de sua feminilidade, o novo ciclo iniciado e que se repetirá mês a mês como as fases da lua. Atente-se que a lua é o signo que tradicionalmente rege as emoções. A véspera de lua, por conseguinte, o período de tensão que desembocará na confirmação de um sentimento ou na sua negação.

Antes, porém, será necessário purgar, o corpo conspirando contra si, rebelando-se, dando carga à memória. Os homens jamais saberão exatamente o que é isso, a transformação viva, inevitável, dura e sempre dolorosa, inferindo no comportamento, machucando. E para quê, Paula pergunta, se ela não quer a dor, a violência, a fragilidade. Para que a sensação de metamorfose?

“Os dentes enormes, não cabendo mais dentro da boca, ser vampiro deve ser assim, mas no caso dele só as presas crescem, não todos os dentes, é preciso verificar no espelho se estão maiores mesmo. As veias do corpo sendo puxadas de baixo para cima, dos dedos dos pés até as coxas, como se uma roldana maldita realizasse ocultamente o trabalho.” (p. 21); e

“Há anos criara duas definições, para uso doméstico: estômago cheio de borboletas e cabeça cheia de algodão (não entra e nem sai nada).” (p. 34).

Paula não deseja ser unicamente uma mulher, não quer para si a maternidade como possibilidade única de realização, facultando a vida ao outro e esquecendo-se da sua própria, ela rejeita toda e qualquer previsibilidade que possam lhe impor, quer existir e ser independente:

“Precisava ser, ser qualquer coisa, ainda que neve nos trópicos.” (p. 56).

No caminho do seu autoconhecimento, do estabelecimento da sua diferença, tentará achar a compreensão entre aqueles que sofrem da mesma dor, a do corpo e a do preconceito: outras mulheres. Porém o espelho do corpo não lhe será garantia suficiente de confluência e entendimento, pois nem mesmo o desejo e o amor lhe serão capazes de anular a certeza da individualidade, evidenciando as diferenças existentes mesmo entre os aparentemente iguais:

“Cansada de mulheres, talvez não de todas, mas cansada das que amou”... “Por homens sente um cansaço irmão do tédio porque não se interessa por eles. Deveria existir um outro espécime de ser. Não, não resolveria nada, e se fosse ainda mais complicado que mulheres e homens?” (p. 52).

Para sobreviver, haverá de ser mais forte, mais rígida. E, com isso, menos sentimental, menos submissa e menos resignada, conferindo cores apropriadas a cada coisa, achando seu verdadeiro contorno. Então, as lembranças – o passado – deixam de ser idealizadas. Assim como em Proust, pequenos signos evocam experiências vividas. Pode acontecer com o doce de quatro em um presenteado, com o toque de um telefone ou com um odor. Todavia, essas lembranças nunca têm como objeto o saudosismo. Ao contrário, vêm temperadas por um forte sentimento de aversão e revestidas de ironia.

E, mesmo lidando com revezes, Paula vai se transformando numa mulher mais de acordo com nosso tempo, tornando-se capaz de se afirmar e posicionar-se a respeito do seu próprio querer. Com a chegada da menstruação a sujeição à dor finda, ela ultrapassa o perímetro do corpo e das circunstâncias e, senhora da sua vontade, toma as rédeas do próprio destino.

“Véspera de Lua” trata do “sexo forte”, mas é leitura obrigatória para qualquer um que aprecie boa literatura. Falta apenas ser reeditado. E logo.

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Sobre o Autor

Vivaldo Lima Trindade: Vivaldo Lima Trindade é escritor, assinando apenas Lima Trindade. Tem publicados os livros "Supermercado da solidão" (novela) e "Todo o Sol mais o Espírito Santo" (contos). É também editor do site cultural Verbo 21 em Salvador, Bahia.

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