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Terra Preta de Índio
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 12/03/2008.
Não me surpreendo com isto. Deixar para depois é da natureza humana, da minha inclusive. Não temos como reclamar.
Entre as estratégias para seqüestro do carbono, aquelas baseadas em novas tecnologias me parecem as menos promissoras, por não se saber quem vai pagar por elas. Já aquelas tecnologias que envolvem associações com outros problemas ambientais, e que se inserem em cadeias de produção já estabelecidas, me parecem as mais promissoras, porque há quem pague a conta, já que ganhará com isto.
O seqüestro de carbono na matéria orgânica em solos agrícolas é um destes exemplos. O húmus do solo possui 57 % de carbono em peso. Sua presença no solo melhora a absorção de água pelo solo, e sua liberação para as plantas, assim como a penetração de raízes. A melhora geral no saúde da planta também a torna mais resistente a doenças e pragas, assim diminuindo a aplicação de agrotóxicos, que além de caros para o agricultor, contaminam o consumidor.
Os benefícios todos da matéria orgânica já eram claros para os indígenas que viviam próximos a Belém, há centenas, talvez milhares de anos. Ali são encontradas pequenas manchas de solo com altíssima quantidade de húmus, associados a cerâmicas e ferramentas, que provam sua origem humana. Este é um dos raros exemplos de manejo agrícola que levou ao aumento da produtividade de ecossistemas, e ainda por cima realizados sem aporte de recursos de fora, como podemos fazer hoje. Mas o grande feito dos indígenas, que ainda não conseguimos equiparar, foi manter alto o teor de matéria orgânica dos solos por centenas de anos, porque sob alta temperatura e umidade, como é o caso em todo país, a matéria orgânica tende a se degradar, voltando a ser CO2.
Mas então qual a vantagem, em termos de seqüestro ? Mesmo perdendo um tanto de CO2 de volta para a atmosfera, se conseguirmos sair de 1% de matéria orgânica no solo, para 3%, este pequeno aumento já seria um monte de carbono sequestrado. E claro, isto teria que ser mantido, ano a ano. Daí teríamos que montar uma estrutura para levar matéria orgânica das cidades para a zona rural na forma de lodo de esgoto, lixo compostado e resíduos industriais. Isto é mais barato, mais simples e ajudará muito mais gente, do que colocar um grande guarda sol a meio caminho entre o Sol e a Terra.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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