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"O FILHO DA BRUXA": sequência de "MALIGNA" já está nas livrarias

por .::. Verdes Trigos Cultural .::. *
publicado em 12/03/2008.

CHICO LOPES, tradutor brasileiro de Gregory Maguire, fala do romance

Chico Lopes, escritor e tradutor, traduziu para os leitores brasileiros "Maligna" ("Wicked"), o maior sucesso editorial do escritor norte-americano Gregory Maguire, que foi lançado em 2007 no Brasil pela Ediouro. É dele também a tradução da seqüência de "Maligna", "O filho da bruxa" ("Son of a witch") que já está nas livrarias, também em lançamento da Ediouro. Chico Lopes, admirador do estilo ricamente imaginativo e ambíguo dos livros de Maguire, fala de seu trabalho nos dois livros e conta um pouco a respeito da história de "O filho da bruxa", em entrevista exclusiva a este site cultural:

VerdesTrigos: O grande sucesso de "Maligna", romance muito vendido nos EUA e transformado em musical da "Broadway", gerou essa seqüência em que ano?

Chico Lopes: "O filho da bruxa" ("Son of a witch") saiu em 2005. Era uma seqüência muito esperada, em virtude do sucesso de "Maligna". Maguire tem uma grande legião de fãs nos Estados Unidos. Ele fez, com histórias tradicionais de fadas, bruxas, heróis e mitos do mundo infanto-juvenil, uma operação corajosa, injetando neles uma veia política contestatória, ambigüidade existencial, moral e até sexual, tornando esses livros agradáveis e inteligentes até (e talvez principalmente) para adultos. "Maligna" é uma obra-prima, em seu gênero. "O filho da bruxa" segue o primeiro romance com fantasia desvairada, contando a história de Liir, suposto filho da bruxa Elphaba com o príncipe Fiyero dos Arjikis, na primeira parte. Sem ter certeza de quem são seus pais, ele vive aventuras fantásticas nesse segundo livro. Grandes surpresas esperam quem leu "Maligna" e deseja ler esta seqüência. O sucesso de "Maligna" ("Wicked") nos palcos da Broadway fez com que Gregory Maguire dedicasse este segundo livro ao elenco e à equipe do musical, que estreou na Broadway em outubro de 2003, na noite anterior ao "Halloween" (Dia das Bruxas).

VerdesTrigos: O título original dá um trocadilho saboroso que se perde um pouco (mas nem tanto, para quem está informado) em português. Percebe-se a veia satírica de Maguire. Fale mais do livro e do autor.

Chico Lopes: Em "O filho da bruxa", retornam muitos personagens que estavam em "Maligna" , engenhosamente colocados em novas situações, como era de se esperar. No início, Liir, filho de Elphaba, é encontrado em coma pela caravana de Oatsie Mão Ferida e recolhido ao Claustro de Santa Glinda, onde as monjas procuram ajudá-lo a morrer com a presença de uma irmã que toca música, enquanto, em coma, ele relembra o que lhe aconteceu - que vem a ser a sua história, em flash-backs muito bem engendrados. O talento literário de Maguire me parece enorme: ele faz com que a música tocada pela irmã se misture às narrativas da memória de Liir. Maguire tem muita habilidade para construir metáforas de um mundo fantasioso, e tem mão poética também: sua prosa é cheia de insinuações e analogias mágicas. A melhor lição literária que se tira de seus livros, aliás, é esta: todo o poder à imaginação. Ele nos coloca em mundos absolutamente fantasiosos com uma grande liberdade criadora.


VerdesTrigos: O que é traduzir, para você?

Chico Lopes: Descobri o prazer de traduzir muito cedo, jovem, como fã do rock inglês (Beatles, Stones, Who, Procol Harum, Donovan etc), nos anos 60 e 70. Eu tinha bom ouvido, traduzia aquelas letras muito metafóricas e elaboradas, gostava das audácias do pessoal da era psicodélica, lia revistas e livros em Inglês já com um conhecimento progressivo da gramática e com intuição afiada (claro que com dicionários sempre ao meu lado), pesquisando muito.
Adoro me entregar à tarefa de verter mundos literários estranhos ao nosso idioma de uma maneira que seja funcional sem trair a beleza da criação original. Procuro a fluência, mas procuro uma fluência que nada mutile. O mundo de Maguire me dá a sensação de sucessivas viagens assombrosas, que vou fazendo à medida que traduzo. Os livros de fantasia desvairada me agradam muito, mas também já traduzi outras coisas, livros mais realistas, na linha policial, como "Morte no gelo", de Max Allan Collins. Na verdade, cada livro apresenta um desafio diferente para um tradutor.

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