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Reis, cavalos e rainhas

por Rodrigo Capella *
publicado em 12/02/2008.

Eu, sinceramente, pensei em parar de escrever. Afinal, quem estaria interesado em ler as minhas aventuras européias? Pensei errado! Recebi, durante a semana, vários e-mails elogiando o meu último artigo publicado aqui. É lógico que fiquei contente, pois não esperava que um artigo fosse tão bem aceito. Redobrei, então, as minhas energias para escrever as linhas que seguem.

E lá fui eu, rumo a York... Ir para York é como ir para qualquer outra cidade do interior da Inglaterra. Aliás, é como ir para qualquer cidade do interior de qualquer país. Vou citar uma: Ardmore, uma cidade americana, escondida no Estado de Oklahoma, onde morei por seis meses. Foram os mais longos da minha vida: na cidade não acontecia nada, ninguém morria, ninguém nascia. Era uma cidade parada no meio de um país de atmosfera agitada.

Quando estive em Ardmore, vivenciei casos hilários. Era muito comum eu ir ao supermercado e alguém gritar: “olha o brasileiro, é o Rodrigo lá’. Caramba, eu me sentia uma verdadeira celebridade. Cheguei até a dar alguns autógrafos. O xerife vinha falar comigo, perguntava coisas sobre o Brasil e dizia: “Como vai o Rio de Janeiro, a capital do seu país?”. Eu achava graça.

Bom, voltando a cidade de York, posso dizer que ela é muito melhor do que Ardmore. Em York, por exemplo, há pontos turísticos; em Ardmore havia apenas um campo de futebol americano. Fundada pelos romanos, a cidade de York preserva muito de seu passado e dos povos que por ela passaram. Eram, principalmente, Anglo-saxões e Vikings. É por isso que, na cidade, há muralhas, lembraças “vivas” da antiguidade. Mesmo de longe, pode-se ver torres e o portão Micklegate, a principal porta de entrada da cidade no período Romano e passagem obrigatória para quem vinha de Londres. Estudiosos dizem que nesse portão eram exebidas as cabeças dos traidores e que o rei Henrique VIII, certa vez, se recusou a pasar pelo Micklegate, optando por um outro portão.

Em York, há também o rio Ouse, que banha a cidade e que abrigou, durante muitos séculos, um dos portos mais movimentados de toda a Inglaterra. Na Idade Média, passavam por aí as principais riquezas do país. Hoje, o local encanta os turistas. Se você adora água, pode-se fazer um passeio pelo rio e conhecer algumas partes obscuras e pouco comentadas pelo guias turísticos. Ou pode-se também andar a pé pela cidade e visitar, por exemplo, o Yorkshire Museum, que oferce ao visitante a chance de viver na época romana e medieval. Ou pode-se ainda percorrer pelas ruas medievais e estreitas, chamadas pelo povo local de shambles. Quem caminhar por elas pode comprar produtos bem interessantes e saborear a comida local.

Quando eu viajo, gosto sempre de andar a pé pela cidade, sem pressa e com um olhar bem atento. Essa é a melhor forma de se conhecer os hábitos e os costumes locais. Em York, não foi diferente. Eu, felizmente, dei um bela volta pela cidade e registrei tudo em um caderninho para poder contar a você, caro leitor. Registrei principalmente o ponto turístico mais importante: a York Minster, considerada a maior e uma das mais importantes catedrais da Inglaterra. Ela teve várias construções e hoje está localizada, talvez por acaso, no local mais brilhante e tranquilo da cidade. A construção lembra um verdadeiro castelo de areia, com pingos nas extremidades dando um realce na estrutura rígida.

Os vitrais são belíssimos e transmitem harmonia e história, tudo ao mesmo tempo, no mesmo ritmo de um coral bem treinado. Reis, rainhas, caveleiros. Quando se caminha pela York Minster, é possível se sentir na época medieval e transitar pelo passado em um passe de mágica. Só tome cuidado com os cavalos: eles estão em toda parte, dos mais variados tamanhos e portes. Como também estão presentes em nossa vida, em formato de conquistas, derrotas e de, principalmente, mistérios.

Sobre o Autor

Rodrigo Capella: Escritor, poeta e jornalista, Rodrigo Capella nasceu em São Paulo, Capital, no ano de 1981. Publicou o primeiro livro, intitulado "Enigmas e Passaportes" (Forever Editora), em 1997, com apenas 16 anos. Em 2005, quase dez anos depois, o autor voltou ao cenário literário com dois lançamentos: "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", ambos pela Editora Zouk. Rodrigo Capella também publicou poemas em diversas antologias, entre elas "Diversos" (Andross Editora), "Ave Palavra" (Clube Amigos do Livro) e "Além da palavra" (Scortecci Editora). Em breve, Capella vai lançar "Rir ou Chorar, o cinema sentimental", obra que narra as aventuras do cineasta Ricardo Pinto e Silva. Esse livro vai ser lançado pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, comandada por Rubens Ewald Filho.
Mais informações: www.rodrigocapella.com.br

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