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O poder da sedução

por Gisele de Sá Corrêa *
publicado em 12/01/2008.

O inverno às vezes mexe com a cabeça da gente. Aquela chuvinha caindo o tempo todo é mesmo irritante, sem contar a umidade que deixa qualquer um doido. Mas alto lá!!! Nada pode ser tão ruim, existe um lado bom e romântico no inverno. Um fim de semana com chuva faz você ver que ficar em casa possui de certa forma, um charme peculiar...

... Tudo apontava para um final de semana dos Deuses, daqueles que você passa o tempo todo planejando e sonhando com ele. A lareira acesa, uma boa taça de vinho tinto sobre a mesa, petiscos, tudo preparado e a promessa de uma longa e maravilhosa noite. E ela ali parada na minha frente, plena em sua beleza. Não conseguia deixar de contemplá-la em todo o seu esplendor.

Finalmente um fim de semana para que eu pudesse usufruí-la, suga-la, aproveita-la até a segunda-feira chegar. E assim começou, eu olhava para ela, eu a fitava, eu a desejava. Perdia-me em meus pensamentos só em saber que isto iria durar o fim de semana inteirinho.

Estava tão ansioso que não sabia por onde começar. Sabia que precisava aproveitar estes momentos maravilhosos, por isso não queria fazer nada com pressa. Queria saborear este momento como o vinho que estava bebendo, resolvi por algum tempo, só aprecia-la.

Após meia garrafa de vinho, o frio e a chuva já não tinham a mínima importância. Arriscaria mesmo dizer que sentia até certo calor me subindo à pele, ao mesmo tempo meus músculos estavam num estado físico de relaxamento, era mesmo uma sensação muito agradável.

À sala a meia luz, todo aquele clima. Tentei disfarçar a ansiedade, me levantei e coloquei uma boa música para tocar, na tentativa de desviar atenção sobre ela. Não queria passar a impressão de que não consigo controlar meus desejos.

Mas tudo parecia em vão, ela continuava lá, a me fitar. Parecia mesmo desesperada por uma atitude minha. Mas eu não queria que nada estragasse este momento.

A música era realmente muito boa, mas ela continuava me encarando. Eu conseguia até ler em sua expressão algo como: "Hei, porque você não chega mais perto?". E aí meus músculos que estavam relaxados se contraíram todos de uma só vez. Eu realmente não estava satisfeito com o rumo que as coisas estavam tomando. De repente eu sentia que já não conseguia controlar muito bem a situação, me sentia impotente mesmo. Eu queria mesmo era curtir à noite bem devagar.

A sensação agora era de que ela me devorava, possuía um magnetismo sem igual, me puxava pra perto dela com toda a sua força e fúria. Tentei resistir o máximo que pude não queria me mostrar fora de controle. Queria passar a impressão de que eu tinha a situação controlada e só iria ceder quando eu quisesse.

O clima romântico já estava por um fio, não suportei mais e acabei cedendo aos seus caprichos. Acendi as luzes procurei o controle remoto, fui até ela, liguei-a no canal de esportes, me joguei no sofá e fui ver o Campeonato Brasileiro, nem era o meu time que estava jogando, mas não tinha importância o negócio era aproveitar a casa só pra mim, antes que a mulher e os filhos voltassem das férias.

Sobre o Autor

Gisele de Sá Corrêa: Gisele de Sá Corrêa é carioca, formada em Zootecnia pela UFRRJ, mora em Porto Alegre há dez anos; e atualmente cursa Letras na PUCRS.

A literatura é a magia sem um mágico onde cada um faz a mágica acontecer, interpreta e imagina a sua maneira e é isto o que me fascina.

E-mail: giseleczago@yahoo.com.br

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