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Vê se te enxerga !

por Efraim Rodrigues *
publicado em 05/08/2007.

A visão de cima é importante para qualquer profissional da área ambiental. Não há erosão, derramamento de óleo, desmatamento ou replantio de árvores que não se beneficie de uma boa imagem. Tanto, que as primeiras foram tiradas de balões, no século 19.

Quando eu comecei nisto, pouco depois do século 19, a coisa era feita com papel vegetal, lápis e planímetro. Usar uma imagem de satélite era assunto para várias dezenas de milhares de dólares.

Na década de 90, os programas se simplificaram, e passaram a rodar em computadores pessoais. Para nós, foi muito importante um programa (SPRING) criado pelo INPE e distribuído gratuitamente. Em nenhum outro país do mundo, as pessoas podem baixar de graça um programa como este. Lá fora, isto ainda é assunto para alguns milhares de dólares. Para completar o pacote, a partir de 2004, as imagens do Satélite CBERS, passaram também a estar disponíveis na Internet. Você entra no site, pede e em poucas horas tem as imagens de qualquer ponto do país, e ainda pode escolher a data.

Também em 2004, eu conheci um site chamado Keyhole. Nele havia o catálogo mais impressionante de imagens de satélite que eu jamais vi, simplesmente cobria o planeta inteiro, e de uso absolutamente intuitivo. Na abertura, você vê o globo terrestre e com seu mouse você roda e se aproxima. E se aproxima e se aproxima, até que está vendo sua casa, até seu carro, se tiver tido a sorte dele estar lá quando o satélite passou.

Tão animado quanto eu, ficaram os donos do Google, que compraram o site e aumentaram enormemente o catálogo de imagens. Hoje, mesmo cidades menores têm não só imagens com grande detalhe, mas também a possibilidade de sobrepor ruas, e até de ver fotos de alguns pontos mais importantes. Ele tem suas limitações, mas tem também a enorme vantagem de ser muito simples, e por isso ele tem popularizado o uso de imagens.

Todos têm a ganhar com isto. Em Londrina, até já descobriram desmatamento ilegal com Google Earth. Muito melhor, é o DETER, o sistema de detecção de fogo, do INPE, que está detectando focos de incêndio na Amazônia, e disponibilizando pela Internet. Ainda que esta transparência na divulgação dos dados não tenha trazido o resultado que se espera (todos os focos investigados no campo), a médio prazo, este amplo acesso irá gerar a exigência política de que algo seja feito.

A visão do seu ambiente está ao alcance do seu mouse, e mais fácil do que nunca. Só não se enxerga, quem não quer.

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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