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por Efraim Rodrigues *
publicado em 06/07/2007.

Eu não gosto de idéias grandiosas. Com a natureza, onde o óbvio está por fazer, eu tenho também resistência a idéias novas, já que elas muitas vezes são usadas para evitar o antigo e simples, nossa obrigação desde sempre. Em Londrina, as lideranças ambientais da cidade decidiram associar-se para um projeto simples, e que tem exatamente nisto sua principal qualidade.

Não serão construídas sedes, não haverá funcionários trabalhando. Até há um site, mas se você quiser falar com alguém sobre o Acquametropole (o nome é a única coisa grandiosa aqui) você vai ter que ligar no telefone pessoal de um dos seus idealizadores. A idéia é unir o Ministério Público, o Consemma, a Coordenadoria da Região
Metropolitana de Londrina e duas ONGS da cidade, para lembrar ao Londrinense um fato óbvio, mas negligenciado;

Há rios e ribeirões embaixo dos prédios e do asfalto. Tudo que fazemos cá em cima, reflete lá embaixo. Cada árvore cortada, cada lixo não separado, cada carro andando, cada papel jogado na rua, contribui para poluição. Usar um rio urbano como medidor disto tudo é uma idéia excelente, exatamente por sua simplicidade.

Aliás, a simples divulgação que há um rio embaixo do bairro chique de Londrina, já é pedagógica em si mesma, já que na nossa cabeça (e só lá) natureza está sempre em algum lugar distante.

Integrar forças políticas, judiciárias e civis para cuidar de cursos de água, que são também eles integradores de tudo que se faz em suas bacias, não é idéia nova. Já existem os comitês de bacias hidrográficas, que têm conseguido resultados animadores em alguns casos. Este singelo comitê de bacia hidrográfica, (talvez o nome seja grandioso demais para o Ribeirão Água Fresca) é mais promissor do que os grandes comitês de bacias, que envolvem por vezes vários estados e cargos de prestígio, e por isso costumam ter atuação mais lenta.

Nossos administradores podem não gostar, mas lidar com meio ambiente é coisa para compadres, artesãos e aficcionados. Grandes administradores são bons para gastar grandes somas de dinheiro e terminarmos muito próximos de onde começamos.

No dia internacional da água, eu escrevi aqui que não há rio brasileiro que tenha conseguido melhorar seus indicadores. Entre os vários protestos, veio um de São Carlos, informando-me que conseguiram melhorar a água ponto de terminar com a pré-cloração para uso da água. O segredo de São Carlos é o mesmo de Londrina. Pensar pequeno para pensar real.

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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