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"Terra em Transe", ensaio sobre o filme de Glauber Rocha

por Régis Frota Araújo *
publicado em 01/07/2007.

Dentre os tantos objetivos deste ensaio sobre o filme Terra em Transe (1967), realização cinematográfica maior do cineasta baiano Glauber Rocha, ressalta o de tentar divulgar para as novas gerações, através de um estudo crítico de um dos filmes mais significativos do cinema novo brasileiro, movimento cultural e cinematográfico concentrado entre os anos de 1960 e 1980, a enorme contribuição que esta produção artística guarda na história nacional. Assim, ao lado de cineastas, críticos e historiadores de cinema- cujas análises continuadas demonstram a importância do tema - e das republicações recentes dos livros de autoria do próprio Glauber Rocha, estando a revelar o clima de boom editorial que o pensamento e a obra deste cineasta brasileiro sugere e inspira, o critério da preferência pessoal do autor deste ensaio ou estudo, em que pese autoconsiderar-se apenas um cinéfilo, ao escolher o filme sobre o qual pretendia escrever, e abordá-lo da maneira que julgou mais adequada, logrou uma multiplicidade de enfoques e uma riqueza de sondagens críticas que a obra glauberiana, com as mil e uma faces de seu cinema revolucionário e suas interfaces de arte/indústria, arte/expressão, arte/comunicação se desvelam aos olhos do leitor, seja ele cinemeiro, cinéfilo, cinemaníaco ou que outro nome se queira dar.

Cuida-se de um ensaio eminentemente didático, o qual prisma pelo esclarecimento, às novas gerações das complexidades do filme Terra em Transe.

INTRODUÇÃO: O AUTOR E A OBRA

Muito já se escreveu e publicou sobre Glauber Rocha, no exterior e mais especialmente aqui no Brasil. Em virtude do trabalho incansável de sua mãe, D. Lúcia Rocha, entusiasta preservadora dos inúmeros papéis, fotografias, cartas e textos inéditos do cineasta baiano, hoje conservados no Acervo Tempo Glauber, localizado no Rio de Janeiro, a memória do pensamento e da obra glauberianos vem se preservando, de modo didático e necessário.

Confesso que Glauber foi um mito para mim. Assisti ao filme Terra em Transe, pela primeira vez, no Cine S. Luiz, em Fortaleza, em 1968, e me senti abalado com a força das imagens e dos sons, pela forma revolucionária da narrativa das misérias e histórias políticas de meu País, que vi retratadas e, ao meu sentir, correta e profeticamente, naquela película cinemanovista. À época, freqüentava eu o primeiro ano dos cursos de Ciências Econômicas e Administrativas e me preparava para ir ao congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna, em S. Paulo, quando a ditadura prendeu muitos colegas de universidade como Inácio de Almeida, José Dirceu, João de Paula, Genoíno, Arlindo, etc.

A ideologia da revolução impressa no filme de Glauber mexeu comigo, de tal modo, que comecei a me preparar para virar diretor de cinema, achei que seria somente colocar uma idéia na cabeça, uma câmera na mão, como ele sugeria a toda minha geração e tudo estaria resolvido. De fato, no ano posterior, já me dirigi para Belo Horizonte, onde permaneci durante os anos de 1970 e 71 estudando na Escola Superior de Cinema da USC-MG e, por dez anos consecutivos o cinema novo de Glauber me influenciou coração e mente, me levou a dirigir curtas-metragens, ler livros sobre cinema, escrever críticas cinematográficas publicadas nos jornais do Ceará, exercer o papel de cineclubista entusiasta em várias cidades do Brasil, da Europa e do Canadá, onde vivi até 1976.

Glauber escreveu um filme chamado "Terra em Transe", filmou outro e montou um terceiro: todos seriam muitos bons, pois ele sabia muito bem o que queria, segundo o ator Paulo Autran: um filme revolucionário que se tornaria uma bandeira de luta da revolução.

As revoltas dos estudantes franceses em 1968, tão bem representadas em recente filme dirigido por Bernardo Bertolucci, "The Dreamers" - "Os Sonhadores" (2004), incorporaram os ideais revolucionários da cinematografia glauberiana, em muitos aspectos, bem como foram por eles influenciadas, dada as múltiplas exibições, em Paris, do Terra em Transe. Naquele ano, também fiquei impactuado, impressionado com a beleza e a força deste filme que vomitava um Brasil que eu precisava urgente conhecer.

Agora, quando se relembra o primeiro quartel de século da prematura morte do cineasta baiano e universal, quando se renovam as publicações de antigos livros seus, bem como se remasterizam, com apoio da Petrobras, seus principais filmes, nada mais oportuno que voltar a reflexionar sobre a contribuição pioneira deste artista, para o cinema novo brasileiro e para a cinematografia mundial. (Fortaleza, setembro de 2006).

* 1) Observe-se que junto ao relançamento (em 2006) em DVD de Terra em Transe, chega ao mercado editorial a nova edição do livro "O Século do Cinema", terceiro volume da coleção glauberiana da Editora Cosac Naify, renovada. prefácio inédito do próprio GR e inteiramente ilustrada. Tudo somente prova que após vinte e cinco anos depois de sua morte, Glauber Rocha (1938/1981) volta a agitar a cena cultural com o relançamento de livros e filmes clássicos do diretor, além da promessa de divulgação de material inédito como diários e romances.

Através do cineasta, diretor e ator Vincentini Gomez, recebo do autor o seu ensaio "Terra em Transe", este clássico de Glauber Rocha. O poeta e jornalista Paulo Martins (Jardel Filho) irrita-se com o discurso incoerente de um líder sindical, tapa sua boca e pergunta em direção à câmera: “Está vendo o povo? Um imbecil, um analfabeto. Já pensaram o povo no poder?”. Seria fácil elogiar Glauber por seu dom premonitório. Mas isso poderia reduzir a complexidade de Terra em Transe a uma única interpretação. A partir da figura trágica de Martins — que, na fictícia Eldorado, recusa tanto o reacionarismo messiânico de Porfírio Diaz (Paulo Autran) quanto o populismo demagógico de Felipe Vieira (José Lewgoy) —, o cineasta define o papel do artista/intelectual: questionar as verdades estabelecidas sem desistir de tomar parte na luta.

Terra em Transe (Brasil, 1967). Drama. Direção e roteiro de Glauber Rocha. Com Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Paulo Gracindo, Glauce Rocha, Danuza Leão, Jofre Soares e Paulo César Peréio. DVD

Sobre o Autor

Régis Frota Araújo: Régis Frota, escritor, economista e advogado, estudou na Escola Superior de Cinema da Universidade Católica de Minas Gerais e na Escola de Teatro da FEFIEG (Guanabara), tendo estagiado na Cinemathêque Quebecoise, de Montreal, em 1976, tendo atuado por muitos anos no movimento cineclubista de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e do Ceará, onde foi, por alguns anos, secretario do Clube de Cinema de Fortaleza Darcy Costa. Pesquisador de literatura constitucional, fundou a Associação IberoAmericana de Direito Constitucional Econômico - AIADCE e tem viajado pelos países das Américas a pronunciar conferências sobre o constitucionalismo econômico, especialmente o ibero-americano. Participa na Samjord University (EUA) de Master em Direito Constitucional Comparado. Professor universitário há mais de vinte anos, vem chefiando há 3 anos o Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito da UFC. Coordenou pela Editora ABC, Direito Constitucional Econômico: Reflexões e Debates (2001) e publicou, pelas Edições UVA, Teoria Econômica e Direito (1999) e Meios e Mensagens: História da Comunicação (2006).

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