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"Terra em Transe", ensaio sobre o filme de Glauber Rocha
por Régis Frota Araújo
*
publicado em 01/07/2007.
Cuida-se de um ensaio eminentemente didático, o qual prisma pelo esclarecimento, às novas gerações das complexidades do filme Terra em Transe.
INTRODUÇÃO: O AUTOR E A OBRA
Muito já se escreveu e publicou sobre Glauber Rocha, no exterior e mais especialmente aqui no Brasil. Em virtude do trabalho incansável de sua mãe, D. Lúcia Rocha, entusiasta preservadora dos inúmeros papéis, fotografias, cartas e textos inéditos do cineasta baiano, hoje conservados no Acervo Tempo Glauber, localizado no Rio de Janeiro, a memória do pensamento e da obra glauberianos vem se preservando, de modo didático e necessário.
Confesso que Glauber foi um mito para mim. Assisti ao filme Terra em Transe, pela primeira vez, no Cine S. Luiz, em Fortaleza, em 1968, e me senti abalado com a força das imagens e dos sons, pela forma revolucionária da narrativa das misérias e histórias políticas de meu País, que vi retratadas e, ao meu sentir, correta e profeticamente, naquela película cinemanovista. À época, freqüentava eu o primeiro ano dos cursos de Ciências Econômicas e Administrativas e me preparava para ir ao congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna, em S. Paulo, quando a ditadura prendeu muitos colegas de universidade como Inácio de Almeida, José Dirceu, João de Paula, Genoíno, Arlindo, etc.
A ideologia da revolução impressa no filme de Glauber mexeu comigo, de tal modo, que comecei a me preparar para virar diretor de cinema, achei que seria somente colocar uma idéia na cabeça, uma câmera na mão, como ele sugeria a toda minha geração e tudo estaria resolvido. De fato, no ano posterior, já me dirigi para Belo Horizonte, onde permaneci durante os anos de 1970 e 71 estudando na Escola Superior de Cinema da USC-MG e, por dez anos consecutivos o cinema novo de Glauber me influenciou coração e mente, me levou a dirigir curtas-metragens, ler livros sobre cinema, escrever críticas cinematográficas publicadas nos jornais do Ceará, exercer o papel de cineclubista entusiasta em várias cidades do Brasil, da Europa e do Canadá, onde vivi até 1976.

As revoltas dos estudantes franceses em 1968, tão bem representadas em recente filme dirigido por Bernardo Bertolucci, "The Dreamers" - "Os Sonhadores" (2004), incorporaram os ideais revolucionários da cinematografia glauberiana, em muitos aspectos, bem como foram por eles influenciadas, dada as múltiplas exibições, em Paris, do Terra em Transe. Naquele ano, também fiquei impactuado, impressionado com a beleza e a força deste filme que vomitava um Brasil que eu precisava urgente conhecer.
Agora, quando se relembra o primeiro quartel de século da prematura morte do cineasta baiano e universal, quando se renovam as publicações de antigos livros seus, bem como se remasterizam, com apoio da Petrobras, seus principais filmes, nada mais oportuno que voltar a reflexionar sobre a contribuição pioneira deste artista, para o cinema novo brasileiro e para a cinematografia mundial. (Fortaleza, setembro de 2006).

Através do cineasta, diretor e ator Vincentini Gomez, recebo do autor o seu ensaio "Terra em Transe", este clássico de Glauber Rocha. O poeta e jornalista Paulo Martins (Jardel Filho) irrita-se com o discurso incoerente de um líder sindical, tapa sua boca e pergunta em direção à câmera: “Está vendo o povo? Um imbecil, um analfabeto. Já pensaram o povo no poder?”. Seria fácil elogiar Glauber por seu dom premonitório. Mas isso poderia reduzir a complexidade de Terra em Transe a uma única interpretação. A partir da figura trágica de Martins — que, na fictícia Eldorado, recusa tanto o reacionarismo messiânico de Porfírio Diaz (Paulo Autran) quanto o populismo demagógico de Felipe Vieira (José Lewgoy) —, o cineasta define o papel do artista/intelectual: questionar as verdades estabelecidas sem desistir de tomar parte na luta.
Terra em Transe (Brasil, 1967). Drama. Direção e roteiro de Glauber Rocha. Com Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Paulo Gracindo, Glauce Rocha, Danuza Leão, Jofre Soares e Paulo César Peréio. DVD
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