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Erros velhos e novos

por Efraim Rodrigues *
publicado em 18/05/2007.

Ao longo dos 2000 últimos anos, a igreja desenvolveu uma doutrina de domínio do ambiente, que contribuiu para a alienação gente/ambiente que vivemos.

Idéias como a que o homem seria a imagem e semelhança de deus, que a natureza seria o jardim do éden feito para nós, e a subjugação das mulheres, incluindo tudo o que o feminino representa, foram parte integrante da destruição da natureza de todos para acumulação de alguns, incluindo esta multinacional da área de informação, que é a igreja católica.

Mas é errado julgar a igreja do presente pelos erros de seu passado distante.

No presente, a igreja tem se aproximado de conceitos de despojamento, como o de São Francisco de Assis e Jesus Cristo (ainda que o Papa vista Prada), e tem feito críticas ao desmatamento da Amazônia. Porém, este discurso é relegado a um nível etéreo. Quando é chegada a hora de usar a força que tem, somente a restrição ao controle de natalidade vem à tona.

Estivesse a Igreja Católica realmente preocupada com a Amazônia, ela gastaria parte do ouro que tem, criando meios de vida dignos e conservacionistas para os que lá vivem. Inúmeras pessoas largaram suas vidas confortáveis no sul para trabalhar nisto Amazônia, e para eles falta tudo. Se voltasse à Terra, o Cristo mitológico do qual a igreja tanto fala estaria no Vaticano, ou confortando a prostituta que aborta na periferia de Manaus ? Aliás, a garota que "fica" e a prostituta são seres humanos. Compará-las uma
a outra como se fossem lixo, não é adequado para quem se pretende líder espiritual. Quem puder, que atire a primeira pedra. E ao menos a atire também no garoto que "fica".

A igreja tem os meios financeiros e de recursos humanos para agir. Se não o faz, é porque não o deseja. É porque prefere falar a gastar tempo e dinheiro.

Tanto no passado quanto no presente, a igreja católica é lenta para assimilar idéias. Cerceou a esfericidade da Terra e a evolução das espécies. Agora quer cercear o controle da natalidade, causa dos problemas ambientais.

Há duas décadas, eu perguntei para o Bispo de Pesqueira-PI, se ele, comendo na mesma mesa que os seminaristas, mas uma comida melhor que a deles, se achava mais católico que eu, ateu, que estava decidido a dividir minha vida profissional com os nordestinos. Em seguida, dividi minha salada de frutas com os seminaristas. A resposta dele, de acordo com o que vemos da igreja católica nos últimos 2000 anos ou 20 dias, selou minha cisão.

- Menino, você vai ficar sem sua salada de frutas !

Vejam a coluna Som Ambiente na Rádio Bandeirantes, toda terça-feira, cincohoras e um pouquinho.

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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