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Bala, Perdida?

Mauro Cesar Bruginski Camargo*

"Muitas pessoas que leram a "Ilha de Alaor", meu primeiro livro, podem estranhar uma mudança tão radical de estilo em "Bala, Perdida?" do romance espiritualista ao policial. Realmente não há como falar sobre balas perdidas e contrabando de órgãos e deixar de lado a violência, embora eu tenha optado por abordá-la quase que somente por seu aspecto moral.

Pessoalmente, sou contrário a dedicar-me para fazer uma obra cultural, de qualquer gênero, e deixá-la ter um conteúdo negativo. Seria péssimo se as pessoas lesse meu trabalho e tivessem a impressão de que a vida é mais amarga do que realmente posse ser.

Este foi o meu grande desafio: buscar, nos desvãos da violência, o conteúdo humano imortal que todos temos, que pode ser trucidado pela dor, pela revolta, pela decepção, mas que continua ardendo como chama Divina em todos nós. Apenar de ser uma ficção, apenas baseada na realidade que nos cerca, tentei mostrar que a dignidade e a ética podem ser preservadas, mesmo quando arranhadas pelo terror do crime, pelos abismos da traição e da ambição.

Dignidade, ética e moral, são preceitos fundamentais para qualquer obra espiritualista; por isso, atrevo-me a dizer que a mudança não foi assim tão radical e espero que o leitor, ao ler este livro, possa concordar comigo.
"Bala, Perdida?" não tomou muito tempo pra ser escrito. Bastava ligar a televisão ou abrir um jornal, para que as notícias fizessem fervilhar a inspiração.

Desta forma, o enredo desenvolveu-se rápido e sem muitas dúvidas, porém, nunca se pode pensar que escrevemos um livro sozinho. No tempo em que trabalhei com ele, desde a primeira letra até o momento em que saiu da editora, foram muitas pessoas que, de alguma maneira, acabaram me". (trecho do Prefácio, pelo Autor).

Opinião da escritora Urda Alice Klueger sobre o livro "Bala, perdida?":

"Mauro B. Camargo foi extremamente feliz ao escrever esse livro. Em primeiro lugar pela temática: um grupo de jovens muito pobres, favelados, mas que sonham com uma carreira, com uma vida honesta, e tudo estão fazendo para conseguirem trabalhar e estudar, e perseguir os seus ideais. Tem eles o azar de ver cruzar o seu caminho uma quadrilha internacional que trafica... não dá para contar o que, senão o livro perde a graça. Mas é coisa perigosíssima, que põe em risco de vida todos os personagens. Dou uma pista: as balas perdidas que acontecem nas grandes cidades, e sobre as quais vemos reportagens na televisão, serão mesmo balas perdidas?

Tudo vale, nesse livro de altíssima qualidade, desde os personagens, perfeitamente criados, até a trama, perfeita em todos os detalhes, e o sentido de ética, que em nenhum momento é perdido de vista por esse autor extraordinário. Além do mais, o livro é da mais perfeita atualidade, com muitas coisas acontecendo e se resolvendo via Internet - eu, leitora voraz, ainda não tinha visto nenhum livro que usasse a Internet como Mauro a usa!

"Bala, perdida?" já é o segundo livro publicado por Mauro C. B. Camargo (ele é autor, também, de "A ilha de Alor"). Ficamos a imaginar, aqui, o que tudo mais que ainda sairá da criativa e privilegiada mente de Mauro!

Se alguém me perguntasse a qual público "Bala, perdida?" seria dirigido, eu diria que qualquer público é o público certo para livro de tamanho primor e qualidade, mas que, se eu fosse professora de português, usa-lo-ia, sem a menor dúvida, para alunos a partir das 7ªs séries até o final do Segundo Grau - não há como um aluno ficar indiferente à linguagem moderna e atual que Mauro usa, e à trama totalmente chocante que se desenrola no livro!"


Pequeno trecho do livro:

(...)Ele puxou o capuz ensangüentado e era verdade. Era impossível mas era verdade. Ele não usava meia na cabeça, não estávamos em público, e o reconheci. Olhei pra ele profundamente, meu rosto devia estar deformado, mas ele fixou seus olhos nos meus e, depois de alguns segundos, me reconheceu. Abriu os olhos como se visse um fantasma e deu dois passos para trás com a boca aberta.
Era uma chance, ele me reconhecera.
- Que foi homem? Parece que viu um fantasma, vamos acabar logo com isso, falou alguém atrás de mim.
Ele chacoalhou a cabeça, como se quisesse dissipar a imagem que estava ali, na sua frente, depois suspirou fundo e veio em minha direção. Eu estava ajoelhado, com as mão para trás, pensando que teria ainda alguma chance, mas ele foi rápido, apenas disse, me olhando e apontando uma arma no meu peito:
-- É, vamos acabar logo com isso.
A surpresa. Um estampido. O pânico. A dor. A escuridão(...)

Sobre o Autor

Mauro Cesar Bruginski Camargo: Paranaense de Rebouças e radicado em Balneário Camboriú/SC. Formou-se em Odontologia e, junto a sua atividade profissional, tornou-se escritor. "Bala, Perdida?" é o seu segundo livro, este publicado pela Hemisfério Sul, de Blumenau/SC.

 

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