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Um Amor Anarquista

Miguel Sanches Neto*

Um grupo de italianos testa, na prática social, os princípios do anarquismo, formando uma família em que a mulher vive com mais de um homem. Os filhos pertenceriam à colônia, a uma idéia, a uma causa. A Colônia Socialista Cecília, na cidade de Palmeira, no Paraná, permanece um tabu. Mas aqui, neste UM AMOR ANARQUISTA, a história toma forma e ganha protagonistas. Miguel Sanches Neto, um dos mais importantes autores brasileiros da atualidade, recria em seu segundo romance esta experiência inovadora, mesclando fatos históricos e imaginários para construir uma narrativa que ilumina um dos acontecimentos mais interessantes da história do Brasil.

No centro deste novo modelo social, o idealista italiano Giovanni Rossi, autor de panfletos políticos. Como verdadeiro cientista, ele é também cobaia de sua experiência, vivendo um caso de amor em que três homens compartilham publicamente a mesma mulher. Adele, uma mulher apaixonada por um ideal e que será a primeira a aderir ao novo modelo. Mas também a primeira a sentir a força do amor. Um amor capaz de modificar o comportamento de um homem, de provocar grandes renúncias, de sustentar um sonho e, ainda assim, durar para sempre.

Além das desventuras na construção do utópico projeto - o sonho de viver numa sociedade anarquista em que padrões de estrutura familiar e religiosa seriam banidos é interrompido por dois grandes obstáculos: o egoísmo e o amor -, a colônia cresce de forma descontrolada e o grupo precisa vencer muitas privações para garantir um nível de vida digno. Isso sem obrigar ninguém a trabalhar.

O incentivo governamental aos imigrantes ajudava na implantação da colônia, mas os problemas foram se acumulando. O mais grave de todos é a falta de mulheres dispostas a experimentar o amor livre, única forma de destruir o poder do pai de família, desmontando assim a sociedade patriarcal. Mas, se por um lado os sentimentos abalam o processo de transformação social, por outro provocam mudanças individuais nos personagens.

A partir de uma extensa e trabalhosa pesquisa que consumiu dez anos de trabalho, Miguel Sanches Neto mostra como os idealistas podem, ainda que vencidos, ampliar nossa percepção da realidade e, também, do amor.

Miguel Sanches Neto nasceu em Bela Vista do Paraíso, interior do Paraná, em 1965. Aos 4 anos de idade, perde o pai e passa a viver em outra cidade pequena do mesmo estado: Peabiru. Pertencendo a uma família de agricultores, acabou fazendo colégio agrícola e se dedicando à agricultura. Depois de abandonar esta atividade, fez o curso de Letras e seguiu a carreira do magistério superior. Doutor em Teoria Literária pela Unicamp (1998), é professor de Literatura Brasileira na Universidade Estadual de Ponta Grossa, colunista da Gazeta do Povo (Curitiba) e colaborador regular da revista Carta Capital (São Paulo). É autor, entre outros, dos volumes de crítica: Biblioteca Trevisan (Curitiba: Editora da UFPR, 1996) e Entre dois tempos (São Leopoldo: Unissinos, 1999); de poesia: Inscrições a giz (Florianópolis: FCC, 1991 - Prêmio Nacional Luis Delfino) e Abandono (Edição fora do mercado, 2003); e de ficção: o romance Chove sobre minha infância (Rio de Janeiro: Record, 2000) - traduzido para o espanhol (Llueve sobre mi infância. Barcelona: Poliedro, 2004), a coletânea de contos Hóspede secreto (Rio de Janeiro: Record, 2003 - Prêmio Nacional Cruz e Sousa de 2002) e as memórias de Herdando uma biblioteca (2004).

Sobre o Autor

Miguel Sanches Neto: Escritor paranaense e crítico literário, assinando coluna semanal no maior diário do Paraná, a Gazeta Povo (Curitiba), tendo publicado só neste jornal mais de 350 artigos sobre literatura, fora as contribuições para outros veículos, como República e Bravo!, O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde (São Paulo) e Poesia Sempre e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro).

 

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