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RESENHAS
Tributo a Charles Spencer Chaplin
Henrique Chagas*
A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia,
da amargura dos homens que temem o avanço humano..."
Charles Chaplin
MONÓLOGOS INFANTIS, de Albino Júnior, é um tributo a Charles Spencer Chaplin. Traz na capa uma cena tocante de "O Garoto". Em "Menina de Rua", no monólogo, leio-o com o pensamento no adorável vagabundo Carlitos, um vidraceiro ambulante que adota bebê abandonado em carrinho de luxo, dosando com maestria humor e drama na trajetória do menor abandonado.
O livro de Albino Júnior é uma coletânea de pequenos monólogos especiais, muito interessantes, para crianças de até doze anos. Ideais para a apresentação nas escolas.
Vale a pena conhecer os Monólogos Infantis, que estão fazendo enorme sucesso na região de Jundiaí/SP.
Abaixo, um dos monólogos divulgados pelo autor:
PERSONAGEM – Bruna. Menina (ou menino) de 9 a 11 anos.
CENÁRIO – Quarto da Bruna. O mais simples possível. Apenas algumas caixas de papelão espalhadas pelo palco, imitando móveis.
ÉPOCA - Atual
BRUNA (Chamando. A primeira vez em off) – Peter... Peter... Peter... Onde será que ele se meteu hoje? Ah, você taí, é? Vem cá, tenho uma novidade pra te contar. (segue-o dando piruetas no ar e descendo, finalmente, quase atingindo-a) Cuidado, seu maluco. Quase me derrubou.
- Sente-se aí, agora, e ouça, senhor Peter Pan. Tá vendo esses sapatos velhos?
Tão furados, não tão? (Brava) Assim não vale, você tá parado no ar. Agora tá melhor. Se você não ficar quietinho, pelo menos um minuto, não vai ouvir a última que aprontei... Assim, sim! (mostrando outra vez) Esses sapatos velhos tão furados. Lembra-se? Já falei isso um milhão de vezes! Eu vivia machucando os pés. Qualquer pedrinha, doía e sangrava. Toda noite, durante o banho, eu lavava bem o ferimento, e depois passava um remédio vermelho que ardia pra burro. Quando chovia, então, era insuportável! A água encharcava minhas meias!
- Acho que é por isso que eu vivia gripada. (seguindo-o com o dedo a subir e descer) Olha! Te largo aí, sozinho, hein?
- Minha mãe é pobre, você sabe, e não pode me comprar sapatos novos.
(mostrando os pés) Claro que estou de sapatos novos, não tá vendo? Tô querendo explicar mas você não deixa. Vou tentar a última vez: como minha mãe não tem dinheiro pra comprar sapatos novos, como esses aqui, que estou usando, fui a casa do meu tio Adolfo. (Explicando) Irmão da minha mãe, e pedi pra ele me comprar um par, que são esses daqui, e descontar da mesada que ele me dá, toda semana. (Rindo sem graça) É verdade. Tem razão. Deveria se chamar semanada, sim, e não mesada. Mesada é todo mês. Semanada é toda semana. (Rindo) Só você não conhecia essa. Claro que sou inteligente. (Posuda) Pergunte quem é a melhor aluna da minha classe, pergunte. Não pergunta. Já sabe a resposta, né? A modéstia não me deixa dizer que sou eu.
- Onde eu tava mesmo? Ah, meu tio Adolfo, (brava) irmão da minha mãe, arrgh!, foi comigo na sapataria e compramos estes aqui.
Vai me tirar um pouquinho da minha mesada. Semanada, tá bom, até pagá-lo totalmente. Só que já se passou três semanas e não veio desconto nenhum. Será que ele se esqueceu? Vou ligar e avisá-lo. Quem disse que eu tenho telefone? Você tá cansado de saber que quando eu digo telefonar, é no orelhão, ali na esquina. A cobrar, ainda. Tenho de repetir isso toda vez? O quê? Ficar quieta? E encoste essa bunda no chão de uma vez, quando fala comigo. Pare de subir e descer toda 7hora ou te prendo no guarda-roupa até amanhã, hein?
- Coitado do tio Adolfo. Não se lembrou de descontar uma parte, como combinamos, (bronqueando) e você quer que eu fique quieta? De jeito nenhum. Vou ligar pra ele agora mesmo e lembrá-lo do nosso trato. Minha mãe diz que a honestidade é tudo numa pessoa. E quanto ao senhor, acho que prendê-lo no guarda-roupa, é pouco. Vou amarrá-lo e entregá-lo ao Capitão Gancho, pra você aprender também. (Procurando-o) Ué, onde ele foi, dessa vez?
Contatos com o Autor:
Albino Junior
Av. Itatiba, 255 - fundos - Vila Rio Branco
CEP - 13215-250 - Jundiaí - SP
Tel. (11) 4521-2508 - binojr@terra.com.br
Sobre o Autor
Henrique Chagas:
Henrique Chagas, 49, nasceu em Cruzália/SP, reside em Presidente Prudente, onde exerce a advocacia e participa de inúmeros eventos literários, especialmente no sentido de divulgar a nossa cultura brasileira. Ingressou na Caixa Econômica Federal em 1984. Estudou Filosofia, Psicologia e Direito, com pós-graduação em Direito Civil e Processo Civil e com MBA em Direito Empresarial pela FGV. Como advogado é procurador concursado da CAIXA desde 1992, onde exerce a função de Coordenador Jurídico Regional em Presidente Prudente (desde 1996). Habilitado pela Universidade Corporativa Caixa como Palestrante desde 2007 e ministra palestras na área temática Responsabilidade Sócio Empresarial, entre outras.
É professor de Filosofia no Seminário Diocesano de Presidente Prudente/SP, onde leciona o módulo de Formação da Consciência Crítica; e foi professor universitário de Direito Internacional Público e Privado de 1998 a 2002 na Faculdade de Direito da UNOESTE, Presidente Prudente/SP. No setor educacional, foi professor e diretor de escola de ensino de 1º e 2º graus de 1980 a 1984.
Além das suas atividades profissionais ligadas ao direito, Henrique Chagas é escritor e pratica jornalismo cultural no portal cultural VerdesTrigos (www.verdestrigos.org), do qual é o criador intelectual e mantenedor desde 1998. É jurado de vários prêmios nacionais e internacionais de literatura, entre eles o Prêmio Portugal Telecom de Literatura.
No BLOG Verdes Trigos, Henrique anota as principais novidades editoriais, literárias e culturais, praticando verdadeiro jornalismo cultural. Totalmente atualizado: 7 dias por semana.
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