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O Amante

Marguerite Duras*

O Amante conta a descoberta do amor e do sexo por uma adolescente, filha de uma família de colonos falidos na Indochina francesa, nos anos 30.

O amor proibido da menina branca, sua entrega a um jovem chinês rico, dez anos mais velho do que ela, é também uma forma de escapar à claustrofobia e à derrocada da família, o seu "envelhecimento" precoce, a descoberta da sua solidão. É também a história da própria escritora.

Duras ergueu uma ponte impensável entre fotonovela e literatura de vanguarda. Seu amante, nesse sentido, é um príncipe encantado que faz da menina adolescente uma prostituta aos olhos dos outros e que a faz descobrir ao mesmo tempo a solidão do seu próprio desejo, e por conseqüência a vocação para a literatura. Em troca, e à imagem da prostituta, a menina faz o amante apaixonado sofrer de amor.

É a coragem ou a loucura de avançar sobre um fio tênue entre a originalidade e o grotesco que fez de Duras uma verdadeira escritora. "Ela não estava doente da sua loucura, ela a vivia como se fosse sã", escreveu a propósito da própria mãe viúva e falida na Indochina, embora pudesse estar falando de si mesma e da coragem de avançar, como a adolescente ao encontro do amante chinês, sabendo que corria o risco de escorregar, de resvalar no ridículo, e ainda assim preferindo o risco à repetição.

Razão de sua obra muitas vezes ser tão vulnerável e dependente dos bons olhos do leitor.

A obra de Duras é essa vulnerabilidade, essa exposição ao leitor, sem a cumplicidade do qual pode não restar nada além do escárnio. Há quem a odeie por isso. Mas foi também essa entrega e essa exposição que lhe garantiram uma legião de fãs, que reconheceram a coragem (ou a loucura) de uma escritora determinada a criar uma língua e um estilo próprios.

Duras passou a viver a obra, incorporou o estilo à própria vida. E é o que faz do relato autobiográfico de O Amante também um texto ficcional, um romance por denegação: "A história da minha vida não existe".

(por Bernardo Carvalho - da FOLHA, para a Biblioteca Folha)

Sobre o Autor

Marguerite Duras: Marguerite Duras (pseudônimo de Marguerite Donnadieu) nasceu em 1914, em Gia Dihn (Vietnã), onde passou sua infância e adolescência.

Após a morte do marido, em 1918, a mãe de Duras conseguiu uma pequena concessão de terra no Camboja (então colônia francesa), mas o terreno se mostraria incultivável e sua família viria a perder quase tudo com a chegada das enchentes.

Muito tempo depois, em maio de 1968, participaria da ação revolucionária de estudantes e escritores da Sorbonne.

Entre suas obras de maior destaque estão O Amante (1984), que lhe rendeu o Prêmio Goncourt - o mais importante da literatura francesa -, O Deslumbramento (1964) e A Dor (1985).

Marguerite Duras morreu no dia 3 de março de 1996, em Paris.

 

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