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Como era mesmo o nome dela?

por Airo Zamoner *
publicado em 17/04/2006.

Raimundo saiu de Pato Branco e se mandou para Curitiba. Ouviu dizer que lá existia uma tal de... Como era mesmo o nome dela? Louco de vontade de sair daquele marasmo, pôs os pés na estrada, acordando a madrugada que resmungou contrariada.

Não deu ouvidos à mulher, gritando no portão que ele estava louco, nem à madrugada que juntou os trapos e deu seu lugar para a manhã faceira.

Onde já se viu viajar daquele jeito? Que sem-vergonhice, sair assim, atrás de uma sirigaita qualquer, com um nome estranho como aquele, e ainda por cima, deixar mulher e filhos! Mas que nada! Ele queria conhecer a tal de... Como era mesmo o nome dela? Ninguém o seguraria jamais. Na mochila, apenas a muda de roupa e algumas miudezas que Gerlinda, revoltada, se recusara a separar. Dinheiro, só os trocos que sobraram do último serviço que fez para seu Lourenço. Mais nada!

Gerlinda correu atrás dele por alguns metros, enquanto enxugava as mãos no avental ensebado e o avental ensebado enxugava algumas lágrimas safadas que ela não conseguia segurar. Mas ele só queria saber da... Como era mesmo o nome dela?

De carona em carona, chegou às imediações de Curitiba. O último caminhoneiro o deixou próximo ao Parque Barigui. Dali deveria seguir para o centro de Curitiba, já que era lá que encontraria aquela... Como era mesmo o nome dela?

Andou bastante, andou muito, andou pra caramba! Andou admirando prédios enormes, ônibus com três vagões que mais pareciam trens. Parou nas estações-tubo. Maravilhado, apalpava os vidros redondos. E aquela gentarada entrando e saindo sem parar... Perguntou para um maltrapilho que se embebedava na sarjeta se ali era o centro. Ele gaguejou algumas coisas, riu e chorou, entornou o resto da garrafa, abriu os dois braços, gritou que tudo aquilo ali era a casa dele e que ele era bem-vindo. Caiu sentado, jogou a cabeça para um lado, o braço derreteu para baixo agarrando a garrafa, ou garrafando o agarro, abriu um sorriso dos anjos, fechou os olhos e dormiu desavergonhadamente. Raimundo entendeu que estava, finalmente, no centro de Curitiba onde encontraria... Como era mesmo o nome dela?

Um engravatado passou por perto. Não teve dúvidas! Perguntou onde poderia encontrar a... sim... a... Finalmente lembrou o nome e o sobrenome. Sentiu-se o mais feliz dos desgraçados. Educadamente, o executivo apressado indicou o caminho. Estava bem perto do local onde a encontraria. Raimundo andou com pressa, coração aos pulos, imaginando como ela deveria ser linda. Como lindas são todas aquelas moças que aparecem na tevê da grande cidade. Passou pela praça enorme, cheia de ônibus, gente sem fim. Pegou a pequena travessa que o almofadinha havia indicado e desaguou na ponta da Praça Osório. Ali estava o relógio. Andou mais um pouco. Viu o quiosque do Café. Era ali que encontraria com ela. Bateu no ombro de um senhor circunspeto, muito idoso, mas muito cheio de vida. Depois soube que seu nome era Anfrísio. Tascou a pergunta de chofre.

Queria a todo custo encontrar aquela princesa. Aí, o Anfrísio que era Siqueira, respondeu com a alegria que sempre esteve presente em seu rosto:

– Ah! Seja bem-vindo! Ela é aqui mesmo. Por acaso, fui eu quem fundou a Boca Maldita.

Sobre o Autor

Airo Zamoner: Airo Zamoner nasceu em Joaçaba, Santa Catarina, criou-se no Paraná e vive em Curitiba. É atualmente cronista do jornal O ESTADO DO PARANÁ e outros periódicos nacionais. Suas crônicas são densas de conteúdo sócio-político, de crítica instigante e bem humorada. Divide sua atividade literária entre o romance juvenil, o conto e a crônica, tendo conquistado inúmeros prêmios e honrosas citações.

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