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Fetichismo da Mercadoria
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 15/12/2006.
O elogio vindo de um dos melhores tenistas do clube não me deixou lisonjeado conforme esperado. Primeiro, que Tio é a Vó !, depois, sempre fui contra esta coisa de ter equipamento muito além do usuário. A flecha boa demais para o índio sem pontaria.
Mas o fato é que com a tal raquete, eu jogo um pouquinho melhor.
Na semana passada, falei sobre o fetiche da mercadoria exerce sobre nós, e deve ter mexido com as pessoas, porque recebi vários comentários.
Em oposição ao fetiche da mercadoria, temos o valor de uso, que é quanto determinada mercadoria realmente ajuda sua vida.
A tal da raquete de tênis existe em duas dimensões; uma concreta, que melhora meu jogo, e outra mística, que me faz um jogador respeitado por possuí-la. Esta na verdade é uma dimensão menos que mística. É errada mesmo. Qualquer um que tenha o dinheiro pode ter a melhor raquete do mundo. Da mesma forma, ter um quadro caríssimo só mostra que você tem dinheiro. Não faz de você uma pessoa com sensibilidade artística.
Este valor é fundamental para o ambiente do planeta, porque estamos todos querendo nos tornar o que não somos, no menor tempo possível, porque não temos tempo mais para nada. Eu posso baixar uma coletânea inteira de Noel Rosa ou Ella Fitzgerald. Mas daí não tempo para degustar isto. O que adianta ? Além de não adiantar nada, estamos torrando os recursos naturais do planeta por causa de fetichismos.
Você acha errado os sacrifícios humanos dos astecas ? Cruel ? Eles matavam um ou outro de vez em quando. Nosso fetichismo mata milhares por dia. Para acumular matéria, companhias de tabaco fazem propaganda de um produto que até eles mesmos reconhecem os danos. Nós nos inundamos de plásticos, andamos de carro para ir na esquina e comprometemos o clima do planeta. Para aqueles que dependem do ambiente, como agricultores, pescadores, e boa parte do andar de baixo do país, mudanças no clima fazem a diferença em quanto eles ganham. Fetiche para nós, miséria para eles.
Daqui alguns anos, vão rir destes pobres humanos escravizados pelo trabalho para ganhar dinheiro para comprar adereços que eles acreditavam que os deixavam mais atraentes, e que terminaram comprometendo o planeta. Talvez digam que notebooks, blackberries e monitores de plasma são descendentes de cocares e pinturas de pele. Mudamos o objeto, mas não o fetiche.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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