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Nós E A Terra, Ainda...

por Pablo Morenno *
publicado em 01/01/2006.

Se você nunca fez promessas para o Ano Novo, ou fez e as cumpriu, deve ser um dos alienígenas que, segundo supostos "profetas", estariam entre os humanos nesta era. O vestíbulo de cada ano vindouro é repleto de promessas: fazer exercícios, começar uma dieta, escrever um livro, plantar uma árvore, ter um filho, não fazer novas contas e quitar as antigas, reconciliar-se com um vizinho, ter mais tempo para a amizade e o amor. Sem pensar nas esperanças que fogem de nossas mãos: a paz do mundo, a baixa dos combustíveis, o fim da miséria, a proteção de animais em extinção, a cura da AIDS e do câncer.

Se você nunca consultou um baralho cigano, oráculos e horóscopo, está entre aqueles sujeitos com um bom senso extraordinário e pode considerar-se um raro exemplar de homo sapiens imune ao vírus da leve insensatez. Parece que, em algum cromossoma recôndito, temos um anseio indominável pelo senhorio do futuro, por determos as rédeas dos tempos vindouros, por querermos levar o porvir no fundo dos bolsos.

No entanto, se você fez qualquer das coisas acima, não se desespere. Você é normal. E, ser normal, por enquanto, não está listado entre os sete pecados capitais.

O paradoxo destes tempos de começo de século é que, sentados à nascente do milênio, deparamo-nos com a assustadora verdade que o mundo não acabou como esperado. Em não acabando o mundo, nossas responsabilidades se multiplicam. Estamos na situação ambígua daquele jovem que alcançou a autonomia da ansiada maioridade mas, também, deve responder por assuntos dos quais estava liberado anteriormente.

Temos de assumir tarefas exclusivamente nossas na construção da humanidade. Temos que renovar as promessas. Há que se cuidar da paz, principalmente. Assim, enquanto estouram os foguetes da passagem de ano, se processa dentro da gente uma revolução, pessoal e social, de consciência. O mundo que ganhamos como lar ainda está longe daquilo que Deus - seja lá quem for - pensou para os homens. Os homens estão muito distantes daquilo que eles mesmos merecem. Estamos gordos demais para passarmos pelo buraco da agulha. Será que encontraremos as saídas, divisaremos o caminho, nos espalharemos pelas cidades com a dignidade do sal, teremos luz para pôr sobre o candeeiro? Será que temos azeite suficiente em nossas lâmpadas? Estaremos maduros para caminhar sobre as águas sem afundarmos?

Outro dilema é não estarmos no espaço intergaláctico ou habitando em mundos exóticos como se esperava. Se assim fosse, nosso grande objetivo seria destruir a gosma assassina. Teríamos, quem sabe, inventado uma arma para matar o monstro dos anéis de Saturno. Estaríamos nos defendendo das libélulas gigantes da beira dos buracos negros?

Contudo, as coisas estão longe da ficção e perto dos olhos. Há óleo nos mares, seres extintos e em extinção, cidades poluídas, buraco na camada de ozônio, crianças morrendo de inanição, guerras. Essa é a nossa nave!

Que sentido terão nossas promessas para o Ano Novo? Seremos salvos pela energia dos cristais? Que cartas teríamos que jogar para que as boas notícias se concretizem? Como faremos para criar um mundo novo? Quem proclamará um oráculo confiável de paz?

Festejar o Ano Novo é celebrar nossa grandeza e fragilidade. Por um lado, representa a "zeração" dos planos errados, por outro, o recomeço de projetos felizes. Nossas promessas não são mais que reinstalações do paraíso antes do pecado e pré-estréia do mítico Reino dos Céus. No Ano Novo há a catarse do início e do fim de todas as coisas. Nossos sonhos são a colonização que a felicidade, virtualmente, realiza nos vales onde correm o leite e o mel.
Entre sonhos e promessas, não se pode esquecer, o buraco negro não está nos confins do universo, mas aqui, sugando nosso destino nas decisões que individualmente ou como povos, tomamos todos os dias. A terra não corre risco de destruição por alienígenas, mas por autóctones. Será que os ETs não aparecerão para nos ensinar algumas coisinhas? Feliz Ano Novo, terráqueos!

Sobre o Autor

Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região, e pinta nas horas vagas. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e Nossa Cidade de Marau-RS. Colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, e com sites de leitura e literatura. É Membro da Academia Passofundense de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono é Érico Veríssimo. Como animador cultural e escritor, participa de projetos de leitura do IEL- Instituto Estadual do Livro do RS e de eventos literários no Rio grande do Sul e Santa Catarina. Com suas palestras interdisciplinares e descontraídas, utilizando-se de histórias e da música, conversa com crianças, jovens, pais, professores e idosos sobre a importância da leitura e da arte na vida.

Livros publicados: POR QUE OS HOMENS NÃO VOAM? Crônicas, WS Editor e MENINO ESQUISITO, Poesia Infantil, WS Editor. Contato com o Autor: Pablo Morenno

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