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A Lei de Alice

por Pablo Morenno *
publicado em 04/11/2005.

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é essa decisão da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro de aprovar o projeto de lei da deputada Alice Tamborindeguy que proíbe veiculação, exposição e venda de postais turísticos que usem fotos de mulheres em trajes sumários, sem relação ou não inseridas na imagem original dos pontos turísticos. Essa lei, à espera de sanção por Rosinha Matheus, proclama um desejo do Brasil de mudar a imagem turística no exterior.

Quando Tom e Vinícius compuseram Garota de Ipanema, jamais pensaram num hino ao turismo sexual. Mas isso é tão insignificante quanto perguntar se Santos Dumont pensava no uso bélico do 14-Bis. Com o tempo, as coisas mudam, e a obra pode renegar seus pais como o filho daquele policial carioca que se tornou traficante. Embalada no sucesso internacional da canção, a imagem do Rio/Brasil promoveu-se com curvas que não eram as do Pão de Açúcar. Natural, também, que o Cristo Redentor, frio e de concreto, perdesse ao chamariz de um corpo de mulata ao sol de Copacabana.

Helô Pinheiro, loira e de Ipanema, nem se deu conta. Mas, pencas de gringos desembarcam todos os anos no Brasil para diversão sexual. Não importa se em Salvador ou Porto Alegre, ou que as garotas sejam ainda crianças. Até a sociedade esclarecida despertar, o turismo sexual engordou o bolso de redes de hotéis, taxistas e “agências” de todos os tipos. Grupos de defesa dos direitos humanos – que não defendem apenas bandidos, como se diz – têm alertado para o assunto. Há tempo, promotores e juízes aplicam drásticas medidas contra esse tipo de negócio. A lei de Alice abre os olhos do resto do país e altera a bússola no confronto ao problema. Compreendemos, por fim, que, se estrangeiros vêm ao Brasil com uma idéia fixa, não são os únicos culpados. Alguém vendeu essa idéia e os instigou para uma viagem de prazeres. Eram muitas bundas e pouca areia os postais cariocas. Precisaria a Cidade Maravilhosa usar desses artifícios? Depois da libertação feminina, num estado governado por uma mulher, estava mais que na hora da mudança.

O caso dos postais turísticos nos leva a pensar em outro tipo de publicidade que utiliza imagens absolutamente dispensáveis para realçar as qualidades dos produtos. Modelos seminuas vendem cerveja, automóvel, eletrodoméstico. Crianças são usadas para vender sabão em pó e enlatados. Será que não está faltando criatividade a nossos publicitários? Ou estarei sendo drástico demais?

A lei carioca poderá diminuir os dólares em circulação na cidade e até, pensemos exageradamente, provoque uma crise econômica. Mas as mulheres brasileiras, e por conseqüência, também os homens, terão dado um largo passo rumo à dignidade. E isso não se avalia em dólares ou em euros. No país de tantas maravilhas naturais e culturais, pequenas e grandes Alices agradecem.

Sobre o Autor

Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região, e pinta nas horas vagas. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e Nossa Cidade de Marau-RS. Colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, e com sites de leitura e literatura. É Membro da Academia Passofundense de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono é Érico Veríssimo. Como animador cultural e escritor, participa de projetos de leitura do IEL- Instituto Estadual do Livro do RS e de eventos literários no Rio grande do Sul e Santa Catarina. Com suas palestras interdisciplinares e descontraídas, utilizando-se de histórias e da música, conversa com crianças, jovens, pais, professores e idosos sobre a importância da leitura e da arte na vida.

Livros publicados: POR QUE OS HOMENS NÃO VOAM? Crônicas, WS Editor e MENINO ESQUISITO, Poesia Infantil, WS Editor. Contato com o Autor: Pablo Morenno

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