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Projeto Terças Poéticas contempla Jovino Machado

por José Aloise Bahia *
publicado em 20/08/2005.

O projeto de experiências estéticas além dos livros Terças Poéticas - parceria da Fundação Clóvis Salgado e Suplemento Literário, apoios culturais Rádio Inconfidência e Tv Minas -, que acontece toda terça-feira desde julho nos jardins internos do Palácio das Artes, Belo Horizonte, Minas gerais, às 18h30, contempla na próxima terça poética, 23 de agosto, o poeta Jovino Machado e celebra João Batista Jorge.

Jovino Machado que nasceu em Formiga em 1963 e vive em Belo Horizonte desde os anos 1980, e vem explorando uma escrita que quanto mais aberta mais se fecha no eixo da síntese. O exemplo é o livro "Balacobaco" (2002), nas palavras da professora e poeta Vera Casa Nova: "Versos curtos, jogo de contrários, busca de sentidos nos cantos do samba no corpo lírico do poeta, que roda no candomblé seu canto de vida e morte". Esgrima dos sentidos do corpo e das sensações com as palavras, Deus e o Diabo acabam no centro de uma cultura brasileira: negros e brancos, mestiços de todas as naturezas. Minas, puxando para a geografia e a sua poesia é o que Novalis chamou de "a religião original da humanidade". Jovino Machado produz uma poética que sibila em busca de uma densidade a mostrar o domínio do poeta sobre as palavras e mesmo retido entre a "palavra-coisa" (Sartre) seus dedos trabalham um estado de descompressão dos sentidos para extrair da língua, poesia em estado de fotossíntese material: "Samba", de 1999, "Disco", 1998, e "Fratura Exposta", no prelo pela anomelivros, prenunciam um exercício de fidelidade do poeta com as palavras, escalavradas como móbiles sobre o papel: sendo também um poeta que pratica a poesia em voz alta, Jovino Machado vai homenagear a cultura brasileira recitando poemas que homenageiam Glauber Rocha, Darcy Ribeiro e Leila Diniz, e pedaços de "Fratura Exposta".

E João Batista Jorge - na delicadeza da escritora e atriz Lorelai Schneider, convidada especial - só para lembrar as iluminuras de Arthur Rimbaud, "por delicadeza perdi a minha vida", João Batista Jorge que nasceu em São Gotardo, onde também foi esfaqueado de forma trágica no início dos anos 1980, publicou "Flagrante Jóia", Edição Boca, 1981, composto e impresso na gráfica Triângulo, em sua cidade natal, apresenta poemas marcadamente urbanos escritos quando ele morava em Belo Horizonte, a exemplo do poema "Hoje tem concerto no Palácio das Artes", nome da performance de Lorelai Schneider, onde a vida urbana acaba por traduzir um artista inquieto que escreveu o suficiente para ser lembrado como uma das vozes mais relevantes da poesia que se produziu durante as décadas de 1970/80.

O projeto Terças Poéticas receberá dia 30 de agosto, Luiz Edmundo Alves, na seqüência lançamento de seu livro "Fotogramas de Agosto", e presta homenagem a Valdimir Diniz.

Sobre o Autor

José Aloise Bahia: José Aloise Bahia nasceu em nove de junho de 1961, na cidade de Bambuí, região do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais. Reside em Belo Horizonte. Tem ensaios, críticas, artigos, crônicas, resenhas e poesias publicadas em diversos jornais, revistas e sites de literatura, arte e imprensa na internet. Pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, política, estética, imagem e cultura de massa. Estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Sócio fundador e diretor de jornalismo cultural da ALIPOL (Associação Internacional de Literatura de Língua Portuguesa e Outras Linguagens) Estudou economia (UFMG). Graduado em comunicação social e pós-graduado em jornalismo contemporâneo (UNI-BH). Autor de "Pavios Curtos" (poesia, anomelivros, 2004). Participa da antologia poética "O Achamento de Portugal" (anomelivros, 2005), que reúne 40 poetas mineiros e portugueses contemporâneos.


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