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Pitadas de Poeta

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 20/02/2005.

Tem um rapaz aí que, sempre que eu falo de mim aqui, me manda raivosos e mal-amados e-mails infectados de vírus. Pode mandar, meu rapaz, porque eu vou falar. Como se algum cronista do mundo, em alguma crônica, não estivesse falando dele. Sempre. Por mais que ele dê voltas e dribles, é sempre ele que está ali naquele espaço. Escrever crônica é uma bandeira. Não, meu rapaz, não é a bandeira hasteada idolatrada, não. Ou você não entende nada de larica?É se expor. É dizer o que a gente pensa e não pensa. É dizer besteiras, lavar a alma, estender uma mão(ou uma rosa) para um lado e a outra para o outro. A alma do escritor é um livro (bom ou ruim) aberto.

Impossível, meu rapaz, ler Drummond e não enxergar o funcionário público tímido, sem tirá-lo da repartição. Por falar em poesia e crônica, toda essa verborragia aí, para dar bandeira, porque a gente anda encharcado da vida pesada que leva, buscando neste desejo fugaz um alento para as nossas carências de espírito. Daí, mexendo em meus arquivos, encontrei alguns poemas que escrevi nos anos 90 que batem na lata, no melhor sentido figurativo, a cabeça:

O teu corpo muda/ não pedes consentimento a ti./ Os teus cabelos, frisos brancos/ flores da natureza./ Você atravessou os tapetes/ abrindo portas./ Os teus lábios, os teus olhos/ carros alegóricos/ Jogam rosas e folhas verdes ao léu/ O teu corpo tem a finesse/ de um monge Zen./ O teu corpo é grávido/ não pedes consentimento/ a ti./ O tempo é grávido/ trabalha nesta barriga./ O amor é um abismo iluminado/ que me leva àbeira do precipício. (Gravidez)

O poeta vive para morrer./ O poeta anda na contramão/ Vomitando com a órbita vazia/ sete estrelas claras nesse charco/ de líquidos corpos empoçados/ (Bukowski verde bílis néon)/ Há desgosto e música na atmosfera/ de engrenagens e igrejas./ Denunciando tua agonia ao piano/ desarticulado/ Seu sapato está cheio de buracos/ Sua roupa debaixo/ são hábitos de freira./ O poeta espera/ quando o pêndulo do relógio sangrar./ A noite como um baralho elétrico/ vibra o rosto sobrenatural/ nos telhados amarelos/ O tédio se desprende na alucinante/ língua azul da madrugada./ Ele vem rolando/ por escadas infinitas/ Ninguém olha este passageiro/ no legado do mundo delirante. (Retórica)

As casas iluminaram suas/ milhares de pálpebras/ ruas aos poucos bebem luz/ devagar.../ Céu virou coalhada de leite virgem,/ entupiu-se junto, o poste amigado ao silêncio/ A noite é o que sobrou na criação do mundo/ apreciar os barulhos que não se ouvem sitiados/ dentro das pessoas/ Os prédios entristecem à-enxaqueca:/passaram o dia calculando/ Passa as horas decorando um hino fluvial/ As ruas enumeram casas/ estrelas magras penduram-se/ em postes boquiabertos/ os prédios exageraram uma/ alturona só para comer as nuvens./ A treva ampla se relaxa para/engolir um segredinho./ Noite boa, contraolhos não volve a ninguém/ o que finge? Os prédios/ prosam entre as janelas/ como sono comprido rebuscam/ quantias de ar./ Aqui, as ruas fazem concurso/ de barulho. Sábado: dia promovido/ As artérias acessam a todos,/ gente namorosa com ânsias/ de entradinha pra sensuar nos cantos/ a luz cava uns finaizinhos/ de noite escondidos/ O tempo, então, fica comprido/ como caminhada ao horizonte.../ um caos vem-te pegando num telhado comendo a paisagem/ enforcou-se num pensamento,/ esqueceu a memória/ noite vem moendo o teu cérebro./ Pia no ar. dispersa-se,/ as agências dos olhos se entopem/ Os olhos se penduram/ num saco de palavras velhas que o tempo vai levando. (Prudente Ruminante Blues)

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

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