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Sem Concessões e Confessionalismos

por José Aloise Bahia *
publicado em 17/01/2005.

Chama a atenção em os dias (Scriptum Livros, 2004, Belo Horizonte), de Adriano Menezes, a observação feita pelo decano poeta carioca Armando Freitas Filho: “É um livro escrito e apanhado, desentranhado, de dentro da vida de quem escreve, sem concessões e confessionalismos, mas que não abre mão desse núcleo vital. Outra coisa inusitada é o vocabulário (e a maneira de expressá-lo) pouco usual, na poesia brasileira e que, por isso mesmo, confere ao seu livro forte marca autoral”. São 37 poemas distintos escritos de maneira apurada em mais de 15 anos de vida literária.

Num projeto gráfico simples e bem elaborado, o carmesim da capa faz desbotar no título do livro em caligrafia de letras sobrepostas uma foto desfocada. Adentrando, de maneira singular, o poeta trabalha como ninguém as lembranças com imagens impregnadas de sentidos. Longe de ser saudosista, avesso às facilidades, e com a presença constante de versos dissonantes que esmerilham o tempo, Adriano Menezes incorpora todas as atribulações da vida. Em cortes abruptos e situações inusitadas que dão aos seus versos uma sensação de repulsa e atração.

Os dias é uma reflexão madura, que impressiona pela lucidez contínua num mundo de revelações humanas. Com um ritmo escarpado e repentino, organizado em vocábulos projetados em linhas independentes, demanda tempo e uma leitura mais atenta aos leitores acostumados com estruturas lineares. Mesmo assim, em insights primorosos, a todo o momento tenta, e consegue, congelar a memória numa espécie de diário a céu aberto. Em Epigráfico, poema que abre o livro, o escritor evoca um corpo que segue ao longo da história, e faz as suas marcas furando o ar do presente com a qualidade das horas de um tempo bem vivido. “salvo as implicâncias/ que a realidade/ empurra e traduz/ em opacas transparências/ algo material/ conduz por superfícies/ um corpo talvez aéreo/ fabricado à saudade/ e que logo já é/ minúsculo gado/ que estoura da hora/ e segue furando o ar/ de dois mundos/ mudos através do dia”.

Adriano Menezes nos espreita com as vicissitudes de um começo de semana banhado por palavras líquidas. É o texto bem elaborado, exigente, com movimentos cambiáveis e marcantes. Em fluxo e refluxo, tal qual uma maré. Quem conseguir surfar ficará em estado de graça. Pois fica a pergunta: é sempre fácil recomeçar a labuta todas as semanas? Com um pouco de poesia talvez. O principal é mergulhar de ponta a cabeça, e pescar os sentidos sublimes, escondidos no dia-a-dia. Em 2a. Feira reencontramos tal plenitude: “escorre na areia/ ainda sem liga/ a palavra líquida// a letra do poeta/ em névoas de bruma/ trilha oculta/ desliza calma/ em seus nervos/ de tempo e tinta// a caligrafia de deus/ seja reta talvez/ e composta de física/ musculatura combustiva/ ou à maneira dos balaieiros/ tecida em teias/ de idéias vãs ao léu/ ou talvez a caligrafia de deus/ seja o poeta à toa/ na segunda-feira”.

Sobre o Autor

José Aloise Bahia: José Aloise Bahia nasceu em nove de junho de 1961, na cidade de Bambuí, região do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais. Reside em Belo Horizonte. Tem ensaios, críticas, artigos, crônicas, resenhas e poesias publicadas em diversos jornais, revistas e sites de literatura, arte e imprensa na internet. Pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, política, estética, imagem e cultura de massa. Estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Sócio fundador e diretor de jornalismo cultural da ALIPOL (Associação Internacional de Literatura de Língua Portuguesa e Outras Linguagens) Estudou economia (UFMG). Graduado em comunicação social e pós-graduado em jornalismo contemporâneo (UNI-BH). Autor de "Pavios Curtos" (poesia, anomelivros, 2004). Participa da antologia poética "O Achamento de Portugal" (anomelivros, 2005), que reúne 40 poetas mineiros e portugueses contemporâneos.


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