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Sem Concessões e Confessionalismos
por José Aloise Bahia
*
publicado em 17/01/2005.

Num projeto gráfico simples e bem elaborado, o carmesim da capa faz desbotar no título do livro em caligrafia de letras sobrepostas uma foto desfocada. Adentrando, de maneira singular, o poeta trabalha como ninguém as lembranças com imagens impregnadas de sentidos. Longe de ser saudosista, avesso às facilidades, e com a presença constante de versos dissonantes que esmerilham o tempo, Adriano Menezes incorpora todas as atribulações da vida. Em cortes abruptos e situações inusitadas que dão aos seus versos uma sensação de repulsa e atração.
Os dias é uma reflexão madura, que impressiona pela lucidez contínua num mundo de revelações humanas. Com um ritmo escarpado e repentino, organizado em vocábulos projetados em linhas independentes, demanda tempo e uma leitura mais atenta aos leitores acostumados com estruturas lineares. Mesmo assim, em insights primorosos, a todo o momento tenta, e consegue, congelar a memória numa espécie de diário a céu aberto. Em Epigráfico, poema que abre o livro, o escritor evoca um corpo que segue ao longo da história, e faz as suas marcas furando o ar do presente com a qualidade das horas de um tempo bem vivido. “salvo as implicâncias/ que a realidade/ empurra e traduz/ em opacas transparências/ algo material/ conduz por superfícies/ um corpo talvez aéreo/ fabricado à saudade/ e que logo já é/ minúsculo gado/ que estoura da hora/ e segue furando o ar/ de dois mundos/ mudos através do dia”.
Adriano Menezes nos espreita com as vicissitudes de um começo de semana banhado por palavras líquidas. É o texto bem elaborado, exigente, com movimentos cambiáveis e marcantes. Em fluxo e refluxo, tal qual uma maré. Quem conseguir surfar ficará em estado de graça. Pois fica a pergunta: é sempre fácil recomeçar a labuta todas as semanas? Com um pouco de poesia talvez. O principal é mergulhar de ponta a cabeça, e pescar os sentidos sublimes, escondidos no dia-a-dia. Em 2a. Feira reencontramos tal plenitude: “escorre na areia/ ainda sem liga/ a palavra líquida// a letra do poeta/ em névoas de bruma/ trilha oculta/ desliza calma/ em seus nervos/ de tempo e tinta// a caligrafia de deus/ seja reta talvez/ e composta de física/ musculatura combustiva/ ou à maneira dos balaieiros/ tecida em teias/ de idéias vãs ao léu/ ou talvez a caligrafia de deus/ seja o poeta à toa/ na segunda-feira”.
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