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Saco Cheio

por Efraim Rodrigues *
publicado em 17/10/2004.

Perdoem a expressão chula, mas hoje, para os que não sabem, termina a semana que leva este nome, que eu evitarei repetir. Uma tradição criada em algumas escolas pagas há mais de uma década, que o pacto da mediocridade (o professor finge que ensina, o aluno finge que aprende, e o dono da escola finge que paga), rapidamente dispersou por todo o sistema educacional brasileiro.

Não existe ambiente sadio sem pessoas educadas. Estou falando daquela educação que começa muito cedo, com o básico. Das primeiras lições, daquelas que ainda se aprendem em casa, a que mais gosto, é a de que sua liberdade termina onde começa a do próximo. Muito fácil de recitar isto para uma criança, mas muito mais difícil de praticar quando estamos falando do seu bem mais valioso (o sorvete !), ou a conta bancária dos mais crescidinhos, como nós.

Esta educação, seja a de casa, ou a da escola, é que traz a ética, o conhecimento teórico, e a estética para as pessoas valorizarem o ambiente em que vivem. Idealmente, conforme fossem se educando, os horizontes das pessoas passariam do sorvete, para a casa onde se vive, a rua, a cidade, o mundo ! Quando maduros, as pessoas estariam com ética, conhecimento e capacidade de abstração para se preocupar com o planeta onde vivem.

Voltando à expressão-título desta coluna, ela é usada quando estamos em situações insustentáveis, quando não podemos mais suportar um segundo. Congestionamentos, pessoas chatas, goteiras em cima da cama, tudo isto nos faz exclamar que estamos com o supracitado repleto.

Universidades, escolas e colégios decidiram então durante uma semana suprimir suas aulas, a troco de que os alunos não agüentariam, não suportariam mais aquela ladainha, que começou "longos" dois meses e meio atrás.

A semana do supracitado repleto é o reconhecimento, por parte dos educadores, da absoluta falência do ensino brasileiro. Ao invés de tornar a educação interessante, os educadores, sejam eles professores, reitores ou donos de escolas, assumem, ao lado dos alunos, que a educação é chata. Inclua todos aí na lista de chatos: professores, pedagogos, reitores, tudo. O prédio da escola também é chato.

Nesta peça de ficção que é a semana do supracitado repleto, nenhum dos envolvidos pode culpar os outros. É ótimo para os alunos que descansam do contato chato com os professores, é ótimo para os professores que descansam do contato chato com os alunos, e é ótimo para os donos de escola, que descansam de ambos. No caso das escolas públicas, também as secretarias da educação adoram, porque isto não compromete os dados sagrados. O número de formandos não muda, assim como números de aluno por sala, e estas coisas que os gestores gostam de usar para se enganar que estão no controle da qualidade de ensino.

Possivelmente, a visão de que tudo isto deixa o supracitado repleto é correta. Já que o sistema educacional está mesmo todo falido, vamos então emendar o carnaval com o dia de Finados, ou ainda melhor, com o dia da Bandeira, e vamos mandar este povo todo aprender por si próprios, olhando, vendo e discutindo ao acaso, enquanto os professores vão fazer coisa mais útil de suas vidas, como plantar arroz, vender seguros de vida, ou consertar carros.

Esta cena pode parecer saída de um filme de ficção para os que não lidam diretamente com educação. Mas é exatamente o que acontece hoje entre o carnaval e o Dia da bandeira, FORA da semana do saco cheio. Os alunos estão gastando mais tempo tomando cerveja e conversando nos corredores, do que envolvidos com o processo educativo, enquanto professores se viram como podem em outras atividades para fechar o orçamento.

Levante os olhos e veja sua rua, sua cidade, seu país. Nosso ambiente está assim porque a nossa educação enche o saco.

Que todos tenham tido um Feliz dia dos Professores !

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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