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Carta de amor a Santo Agostinho se transforma em teatro

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publicado em 09/09/2004.

Intitulado “Vita Brevis”, o espetáculo será apresentado no subsolo do Teatro Municipal nesta sexta-feira e sábado, à meia-noite .

Supostamente escrita pela amante de Aurélio Agostinho – o filósofo e religioso Santo Agostinho - no final do século XVI, a carta “Codex Florae” traz à tona o desabafo de Floria Emília, uma mulher que lutou por seu amor, tido como impraticável. Baseado nesta carta, o Núcleo de Artes Entornando o Caldo, de Ribeirão Preto, concebeu o espetáculo “Vita Brevis”, que será apresentado na Sessão Maldita deste fim de semana. O horário da peça, que é encenada no subsolo do Teatro Municipal, também é inusitado: à meia-noite de sexta-feira (10) e sábado (11).

A carta, um manuscrito em latim encontrado por Jostein Gaarder (autor de “O Mundo de Sofia”) em um sebo de Buenos Aires no ano de 1995, é um texto denso, em que Floria coloca dedos em feridas, expostas ou não. E faz com dignidade e grandeza: “temo o dia, que mulheres como eu, serão liquidadas pelos homens da igreja. Liquidadas porque lembram a vocês o fato de terem renegado suas próprias almas, seus próprios dons, em nome de um Deus que, dizem vocês, criou um céu acima de vocês e uma terra onde estão as mulheres que os trazem ao mundo...”.

Vibrante, poético, forte e ousado, “Vita Brevis” coloca no palco toda a inspiração da carta, traduzida na interpretação de Celia Mantovani, com figurino por Fausto Viana e direção de Magno Bucci. “Nossa intenção, ao trazer o texto para o palco, é apenas contar uma história, de uma alma de mulher, que tão somente lutou por seu amor”, permeia Bucci.

A concepção do espetáculo tem como base uma leitura realista do texto. O espaço dramático assume o significado da “enCRUZilhada” de Floria e Agostinho. O “espaço” - a trajetória - antes de duas pessoas que “casavam” nas coisas da vida e dos sonhos e pensamentos, se transforma em dois caminhos, que se cruzam sem nenhuma possibilidade de reencontro.

Com relação à autenticidade do texto, existem controvérsias. A carta é tida como “fictícia” e Jostein Gaarder apontado como autor, investido na pele da concubina de Agostinho. Gaarder teria escrito o que talvez Floria teria pretendido escrever. Mesmo com a dúvida, “Vita Brevis” é a inspiração comovente do “Codex Florae”, publicado no Brasil em 1999 pela Companhia das Letras.

O ingresso para o espetáculo custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia para estudantes, aposentados, idosos, professores da rede pública de ensino e menores de 18 anos, munidos de seus documentos). O Teatro Municipal fica na Praça Alto do São Bento, s/n, em Ribeirão Preto/SP. Informações pelo telefone (16) 625-6841.

LEIA MAIS ==>> Para iniciar, Vita Brevis, por Henrique Chagas

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