Crônicas,contos e outros textos
PÁGINA PRINCIPAL → LISTA DE TEXTOS → José Aloise Bahia →















Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS -
Uma viagem cultural
VerdesTrigos está hospedado no Rede2
Leia mais
-
NOSSOS AUTORES:
- Henrique Chagas
- Ronaldo Cagiano
- Miguel Sanches Neto
- Airo Zamoner
- Gabriel Perissé
- Carol Westphalen
- Chico Lopes
- Leopoldo Viana
- mais >>>>
Link para VerdesTrigos
Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.
Anuncie no VerdesTrigos
Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui
A imprensa e o povo das ruas
por José Aloise Bahia
*
publicado em 08/09/2004.
Qual é a medalha que devemos dar até agora para o tipo de cobertura que a imprensa tem feito? Alguém pode até opinar o porquê de não existir ainda alguma medalha de ferro em disputa. Está aí uma boa idéia: a medalha de ferro seria o troféu Santa Clara para determinados veículos da imprensa. Todavia, nem as intervenções da santa ajudariam polícias e imprensa neste momento. Primeiro, porque não se sabem ainda como tais pessoas foram atacadas, feridas e mortas. Somente hipóteses e especulações rodam as redações e delegacias. Quanto à polícia, não se sabe também se ela dispõe de tempo e desejos sinceros em solucionar tais crimes, haja vista que a população de rua trata-se de uma parcela excluída, malvista e daninha aos olhos preconceituosos da maioria da população. Segundo, como bem apontou Marcelo Beraba, o ombudsman da Folha de S. Paulo, numa citação longa, porém importante, de sua coluna no domingo, dia 29 de agosto: “O que faz dessas chacinas um caso maior? O número de mortos e feridos, a forma cruel e covarde como as pessoas foram atacadas e assassinadas, o fato de terem sido abatidas no centro de São Paulo, a exposição pública de um problema que teimamos em não encarar, que é o das populações de rua, o ambiente acirrado de disputa pela prefeitura, a intolerância, que parece estar por trás dos ataques em série – tudo isso fez com que os crimes da Sé deixassem de ser um caso local e policial para se transformar em caso de repercussão e de interesse nacional.”
Eis a ciranda, cirandinha na sua versão mais perversa. Justamente, agora, depois do boom da Olimpíada, e bem perto das eleições municipais. E a mídia fica ziguezaguiando neste turbilhão. Um terceiro item chama a atenção: teria algum paralelo com o fato das cidades em questão, Belo Horizonte e São Paulo, serem governadas por prefeitos do PT? Não é verdade que as tais guardas municipais criadas, existem efetivamente para “cuidar” e “zelar” pela paz nas ruas? As oposições políticas nestes dois municípios vão capitalizar os acontecimentos nesta reta final das eleições?
Pegando o viés, e dito de uma maneira mais estendida e explícita em relação à mídia: ela capitalizará os acontecimentos, e na rebarba da celeuma da criação do Conselho Federal de Jornalismo, que num erro de estratégia da Fenaj, visitou o executivo para levar adiante o projeto, parecendo necessitar do aval e apadrinhamento do presidente Lula - não tenho nada contra a criação do conselho. As tramitações é que mancham o projeto -, pois bem, como fica o comportamento da mídia em relação aos governos federal e municipais em questão, administrados pelo PT? Deveria a mídia tomar um partido mais enérgico em relação aos governos? Pois não é dever do Estado zelar pela segurança física dos patrícios? Em tempo: não podemos deixar de lembrar a invasão bárbara feita pela Polícia Federal acontecida há duas semanas na redação do jornal O Tempo em Contagem, Minas Gerais.
Fica a questão principal: que interesses nacionais devem nortear um exercício mais salutar e pleno para a mídia? Somente denunciar os crimes acontecidos ou ir mais fundo em linha direta com as fontes, e demonstrar os desdobramentos incisivos e ocultamentos sociais presentes no processo? E olha que estamos na Semana da Pátria. Pegando carona: como a mídia pode se imaginar e atuar de uma maneira mais independente de ranços e exercer um civismo compartilhado e atrelado a algum tipo de cidadania? Afinal, são ou não são cidadãos brasileiros os povos excluídos das ruas? Vale refletir.
Enquanto isto, ao som longínquo do “Independência ou Morte”, o que mais reverbera é o termo Morte. A palavra mais usada em manchetes e subtítulos em todas as mídias, pra lembrar que na atual conjuntura as vidas dos povos das ruas e adjacências marginalizadas correm perigo. A família do índio Galdino, assassinado há tempos, que o diga.
Sobre o Autor

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
LEIA MAIS

