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Espere a sua vez atrás da moita
por Rodrigo Capella
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publicado em 25/11/2008.
As polêmicas que rondam a poesia são mais fortes do que os próprios versos. Se vende ou não, a quem cativa e onde estão os bons e jovens poetas. Se existem, são poucos. E, na maioria das vezes, escondem-se na gaveta, com medo da crítica e do público.
Melhor então recorrermos aos tradicionais poetas, embora a maioria ainda não seja conhecida pelo grande público.

Mas, entretanto, não pode ser considerado um fenômeno editorial. É, talvez por isso, que em dois de seus mais recentes livros, lançados em 2008 pela Novo Século, o gaúcho tente justamente aproximar, em um primeiro momento, a sua escrita da grande massa. Em Carta aos loucos, recorre ao popular Paulo Coelho. No prefácio "A sábia e inovadora loucura de Nejar", o milionário escritor define a obra como "arte de romancista renovador, através da saga de um povoado".
Mas, Paulo Coelho pára por aí e vai além. Chega até a filosofar: "A grande escritora brasileira, que é Clarice Lispector, identificava-se com Carlos Nejar, 'tão burro quanto ela'. Essa 'burreza' é a douta ciência de saber que a vida é sempre mais forte e invencível quando se ama".
Já em Jonas Assombro, o poeta apresenta versos emotivos e centra a narrativa em temas de fácil aceitação, como amor, saudade e esperança: "o coração sabe mais do que os dedos, olhos. E a noite não tem pálpebras". E conquista o leitor: "sim, era amor um subir o rio, para que o rio subisse até nós. E sabíamos que o alvorecer dava voltas em nós, enquanto dávamos voltas no alvorecer".

O que diferencia fortemente os livros Jonas Assombro e Carta aos loucos é justamente esta composição de elementos. No primeiro, contida: "chove a luz molhada sobre os corpos e as palavras já são terra, ossos que se desmancham nas espigas". No segundo, mais audaciosa: "a loucura é a sensatez do tempo. E o tempo, o sonho do que vive".
Loucura, essa, capaz de tudo. Analisar a fundo uma simples estante de obras: "eu vivia mais entre os livros especiosos da biblioteca que reuni. Nada para mim, ali, era demasiado". E também traçar uma complexa teoria ou dogmas funcionais da fome, descrita, em poucas palavras, como "condição humana que habitamos". Inclui dez ítens, muitos deles curiosos e divertidos. Cito apenas alguns deles, sem revelar detalhes: "é desigual na fama", "morde, morde até a sombra" e "espera a vez na moita".
Esse é Carlos Nejar. Traços e atitudes globais que seriam aceitos em todos os países. Até porque, para quebrar as regras e propor algo inusitado e bom, é preciso conhecer muito bem o que se faz.
Carta aos loucos, Carlos Nejar. Editora Novo Século. R$ 35; 256 págs.
Jonas Assombro, Carlos Nejar. Editora Novo Século. R$ 29; 160 págs.
Sobre o Autor

Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
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