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Homenagens aos Pais

por Leopoldo Viana Batista Júnior *
publicado em 07/09/2004.

Em geral, o pai, que também é filho, é aquele sujeito que passa toda a vida se esforçando para oferecer o melhor aos seus filhos.

Em geral, também, é aquele identificado na família como o durão. Ou seja, é aquele que encabeça a linha chata das negativas e das orientações mais repressoras, principalmente.

Quem nunca agradeceu o presente recebido apenas à mãe, inicialmente, mesmo que ela não o tivesse escolhido, ou comprado?

É inegável que o regime implantado nas nossas células familiares é o matriarcal. Eu mesmo vivi em uma, e a minha de hoje continua sendo muito parecida, pelo que, sinceramente, dou graças. E não se negue, também, que não obstante todo o aparato machista para demonstrar o inverso, sempre foi ela, a célula, claramente matriarcal.

E fácil é constatar a assertiva acima. Como se sabe, a economia reflete acontecimentos que podem ser transformados em pecúnia e há todo um aparato comercial interessado na divulgação do dia dos pais, que são filhos, e das mães, que são filhas.

O reflexo é direto no comércio varejista. É evidente que no dia das mães as vendas se mostram substanciais. As estatísticas atestam que naquele dia o comércio só perde em vendas para o dia do natal! A propaganda é tão forte que fica parecendo ingrato o filho que não presenteia sua mãe, ou não lhe faz uma visita.

Bem, o que me fez refletir sobre isso foi que neste domingo, dia reservado comercialmente em honra dos pais, estive no cemitério para levar àquele por quem nutro respeito e admiração - e de quem recordo freqüentemente - uma flor e um monólogo.

Quando me retirava, percebi algo um tanto quanto diferente e, imediatamente, fiquei triste, francamente, como homem, pai e filho. É que parece que pouquíssima gente teve um pai... Ou a maioria da população seria de filhos da p...roveta?

Pois bem, a visita se deu pelas 08:30 horas da manhã e estava meu cérebro preparado para enfrentar uma pequena multidão de filhos homenageantes. Ledo engano. Lembrei-me que no dia das mães, nesse mesmo horário, os filhos vivos só encontrariam estacionamento a pelo menos 500 metros da porta central do cemitério, e mesmo assim negociando muito com outros filhos. As ruas circundantes estariam fechadas, com trânsito totalmente interrompido por um número grande de policiais filhos. Barracas de filhos para venda as mais diversas, desde velas votivas à tapioca com queijo. Seriam tantas ofertas de flores, por filhos, que a praça ficaria mais parecida com a cidade de Gramado.

Sabe onde estacionei hoje caros leitores filhos? Na porta central da casa do descanso eterno de todos os filhos. Pouquíssimos filhos presentes mesmo naquela hora. Pasmem, mesmo em tempos de eleição, nem candidato filho havia. Não vi filho ensaiando missa nem novena. Poucos filhos meninos oferecendo serviços de água e limpeza, poucos túmulos de pais, que foram filhos, floridos. Parecia mais um domingo comum, de movimento normal de filhos.

É isso aí meu caro colega pai e filho, não se pretende discutir qualquer tese freudiana, complexos psicológicos ou reflexos no subconsciente quanto à presunção da paternidade, não. A propósito, o coração de um verdadeiro pai, mesmo morto, perdoaria as ausências e se pudesse opinar certamente diria ao filho visitante: - visita? Bobagem... agora, ela não tem essa importância toda não, viu? É certo, também, que esses mesmos pais consolariam aqueles (muitos) que não puderam visitar seus restos mortais, ou dele esqueceram, porque assuntos mais importantes a resolver num belíssimo dia ensolarado.

Em todo caso, a idéia desta não é absolutamente de admoestação, senão de aviso para os filhos ainda vivos. Recomenda-se que você não morra por enquanto, para não ser rapidamente esquecido, e trate de se lembrar, e colocar em prática com seu pai se ainda vivo, da estrofe de uma canção antiga que, decerto, simboliza adequadamente a nossa verdadeira obrigação com os nossos pais e mães. Diz sua letra: "... quem quiser fazer por mim, que faça agora... me dê as flores em vida... um abraço... uma mão amiga... depois... que eu me tornar saudade... quero preces... e nada mais".

Sobre o Autor

Leopoldo Viana Batista Júnior: Cronista.
Autor do Livro: Estrada de Barro para Ladeira de Pedra.
Advogado da CAIXA em João Pessoa/PB.
Professor Universitário e Ex-Conselheiro Estadual da OAB/PB.


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