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Escrever é escrever

por Gabriel Perissé *
publicado em 05/08/2004.

Escrever é a única maneira de viver, não a minha vida, esta vida que me escapa por entre os dedos a cada gole da minha sede. Escrever é escreviver outras vidas, em outras dimensões, tempos paralelos.

Escrever é a única louca esperança dentro de um manicômio... e fora dele também.

Escrever é deixar no papel a impressão digital do ser que somos.

Escrever é descrever o que pressentimos, o que dizem os nossos cinco sentidos, mesmo que não faça o menor sentido.

Escrever é sempre tarde, é sempre cedo, é sempre na hora certa.

Escrever é algo de que se tem necessidade, é algo de que não se tem necessidade alguma.

Escrever é incurável.

Escrever é sempre viver o sucesso no fracasso, a alegria de poder estar triste, o nunca do sempre, o infinito do finito, o absolutamente relativo.

Escrever é ato de amor, intimidade exposta, introspecção devassada, solidão solidária.

Escrever é falar com quem não vemos, ouvir quem nada nos diz, conversar com quem nos despreza, aprender com quem nada ensina, ensinar coisas a quem não quer aprender nada.

Escrever é catarse, é espionagem, é propaganda enganosa, mistério da fé, é terapia para todo mundo.

Escrever é recordar o que não aconteceu, prever a nostalgia, admirar-se com o banal.

Escrever é condenar-se. O cardeal Richelieu (desenhado como um ser terrível por Alexandre Dumas) disse certa vez: "Mostrai-me seis linhas manuscritas pelo mais honrado dos homens, e acharei nelas todos os motivos para enforcá-lo".

Escrever é testemunhar, é mentir, é revelar, é engrupir, é purificar-se, é resistir, é matar, é assumir, é transladar, é omitir, é calar, é sorrir.

Escrever é vício, é adiar a morte, é "um ócio trabalhoso", como disse Goethe.

Escrever é fugir, é voltar, é abrir uma janela, é fechar-se em casa, é queimar a casa, é reconstruir a casa, é pregar-se na cruz, é ressuscitar, é recriar o mundo.

Escrever nos torna mais humanos. Nem por isso mais virtuosos. Escrever é roer os ossos do medo. Repudiar a felicidade como facilidade. É inspirar-se quando não há inspiração. É pintar, musicar, teatralizar, filmar, esculpir, dançar.

Dançar com as palavras é a dança mais vã - no entanto dançamos mal rompe a manhã.

Conforme a música, conforme a dúvida.

Sempre inconformados.

Sobre o Autor

Gabriel Perissé: Gabriel Perissé é professor universitário, escritor e palestrante. Doutor em Filosofia da Educação pela USP, publicou em 2003 o livro Filosofia, Ética e Literatura - uma proposta pedagógica, em 2004, A Arte de Ensinar, e em 2005 o livro Elogio da Leitura, pela Editora Manole. Desde 1983, ministra palestras e cursos em escolas, faculdades, empresas, ongs, livrarias, bibliotecas e editoras, sobre temas relacionados à arte de ler, pensar, escrever e ensinar.

Site: www.perisse.com.br
Blog: www.oprofessordofuturo.blogger.com.br/

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