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Estamos bebendo do nosso próprio veneno

por Carol Westphalen *
publicado em 17/11/2003.

Todos nós sabemos que, infelizmente, o desenvolvimento do planeta traz, junto aos benefícios, além das crises econômicas, políticas e sociais, crises filosóficas. Como se não bastassem os problemas que a população mundial já carrega, temos hoje um legado de pessoas influenciadas por Bush, Bin Laden e Saddam no comando do mundo e, principalmente, da verba mundial que é de direito da população. Até mesmo a ONU, que é uma organização que tenta manter a paz e o equilíbrio sócio-ambiental mundial, precisou colocar o rabo entre as pernas diante das insanas exigências do presidente americano em 2003. Quantas escolas e hospitais poderiam ter sido construídos no lugar de um míssil? Uma granada vale quantos quilos de arroz? Indivíduos bárbaros assim deveriam tratar seus recalques ao invés de jogarem suas frustrações na humanidade. 53% dos americanos acreditam que as letras do rapper Eminem são mais verdadeiras que os discursos de George W. Bush, sendo que 2/3 prefere o cantor ao presidente. Provavelmente, os americanos seriam menos prepotentes se fossem governados por um rapper, já que rappers, geralmente, conhecem a realidade da vida e acreditam realmente num senso de justiça. Assim como quase todo brasileiro precisa do futebol para viver, Bush, mais do que qualquer um, precisa do petróleo do Oriente Médio para se sentir realizado. A questão entre Bush e Iraque é pessoal, já que ele viveu metade de sua vida com o dinheiro do petróleo da família. Só espero que os EUA nunca precisem de água doce, pois é o Brasil que eles vão querer invadir.

Já existem sinais que expressam a necessidade de uma reeducação, principalmente, das crianças, em relação à solidariedade, ao altruísmo mútuo. A fraternidade, por exemplo, é um requisito sólido e, portanto, seguro, para repensarmos as concepções inerentes à desigualdade social, suas causas e conseqüências. Existe incentivo o suficiente para que a própria população haja em prol do social? O problema não é apenas do governo e das organizações não-governamentais (entidades filantrópicas), mas, também, da conscientização de cada indivíduo. A responsabilidade social é um dever da humanidade, já que a globalização da economia mundial aumenta, a cada dia, o muro entre os que têm muito e os que não existem. O homem tem o dever de transformar o mundo e a sociedade em que vive. Mas, dificilmente, haverá transformações enquanto as pessoas forem egoístas e superficiais. Caráter e bom senso são qualidades que só se ensina quando se tem.

A erradicação da miséria, por exemplo, ainda tem um longo caminho a percorrer, pois, inconscientemente, a humanidade contribui para sua existência e manutenção. As pessoas não têm consciência de que pequenas ações fazem uma diferença. O consumo contribui para a escassez dos bens naturais. Assim como escovar os dentes, separar o lixo para a reciclagem e economizar água são ações que já deveriam estar automaticamente em nosso dia-a-dia. Infelizmente, pouco se ensina sobre o cuidado que se deve ter com o planeta nas escolas. A conscientização é uma semente que se planta no começo da vida quando a criança começa a ter suas primeiras noções. O número de pessoas que age em prol da proteção do meio ambiente e da humanidade não é o suficiente. 1/6 da humanidade vive na miséria, ou seja, aproximadamente 1 bilhão e meio de pessoas vivem em condições precárias pelos quatro cantos do mundo, sendo que pouco mais de 1/4 da população mundial é solidária. Parece mentira, mas ainda não está claro para os governos do mundo que sem saneamento básico, sem um mínimo de alimento, sem roupas, sem saúde, sem educação e sem trabalho a dignidade é nula. E, mesmo assim, eles continuam usando suas Jacuzzis.

Segundo cientistas, os homens são iguais geneticamente, pois a diferença do DNA de duas pessoas é de 0,1%. Para que o mundo se transforme num lugar melhor só é preciso que as leis do amor e da justiça sejam compreendidas e colocadas em prática. Embora muitas pessoas não façam idéia do que se passa no mundo, o pedido de socorro do planeta é tremendo, pois ele se sente sufocado pelo mal que causamos. A Terra chora porque sabe que está adoecendo. Pais e mestres, reeduquem suas crianças! Só a reeducação moral e social do indivíduo poderá diminuir o egoísmo e a falta de bom senso responsável pela esculhambação do planeta. Quem sofre com o próprio veneno somos nós.

Sobre o Autor

Carol Westphalen: Caroline C. Westphalen nasceu em Porto Alegre, mas aos 10 anos foi morar em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social e fez pós-graduação em Sócio-Psicologia. Atualmente, mora no litoral do Rio Grande do Sul, faz Psicologia e trabalha como jornalista/colunista.Em 1999, escreveu "Confluência dos Ws" (Editora Writers), uma pequena compilação de crônicas e contos, junto com o amigo Diego Weigelt, crítico de música e radialista. Carol reuniu algumas crônicas em 2004, mas ainda não tem editora. Sinto que meus textos incomodam. Também não gosto de perceber e encarar certas realidades, diz Carol.

Seus textos sobre comportamento e vida também podem ser lidos no site da revista TPM.Carol também escreve um diário: http://www.diariodecarolw.blogger.com.br

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