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A Casa por Dentro
por Rubens Shirassu Júnior
*
publicado em 16/11/2003.
Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto. Esqueceram de nos dizer que dos trinta em diante, existe a procura do aconchego, a gente esculpe a casa em nossa paisagem interior.
Penso nas casinhas que vi na revista de arquitetura e na reforma idealizada em minha velha casa. Como são bonitas essas casas modernas; o risco é ousado às vezes lindo, as salas são claras, parecem jardins com teto, o arquiteto faz escultura em cimento armado e a gente vive dentro da escultura e da paisagem.
Digo para mim: “Vou tirar essa parede e também aquela; terei uma sala ampla e cheia de luz. Esta porta posso arrancar, para quê porta na frente da casa? Esta outra parede vou substituir por vidro; a casa ficará mais clara e mais alegre. Deixa-me até com um ar mais feliz!
Porque a casa que eu não tenho, eu a quero cercada de muros altos, e quero as paredes bem grossas, e dentro da casa as portas com fechaduras necessárias; e um quarto bem escuro para esconder meus segredos e outro para esconder minha solidão.
Pode haver uma janela alta de onde eu veja o céu e o mar, mas deve haver um canto bem sossegado onde possa ficar sozinho, quieto, pensando minhas coisas, um canto sossegado onde um dia eu possa morrer.
Os jovens podem viver nesses tristes “apertamentos” de cimento, nós precisamos de sólidas fortalezas; a casa deve ser antes de tudo o asilo inviolável do cidadão triste; onde ele possa bradar, sem medo nem vergonha, o nome de sua amada: Ariadne, ARIADNE! – certo de que ninguém ouvirá; casa é o lugar de andar nu de corpo e de alma, e sítio para falar sozinho.
Onde eu, que faço alguns rabiscos, possa levar dias tentando traçar na parede o perfil da minha amada, do lindo amanhã, sem que ninguém veja e sorria com descaso; onde eu, que não sei fazer versos, possa improvisar canções em alta voz para o meu amor; onde eu, que não sou beato, possa rezar a divindades ocultas, que são apenas minhas.
Casa deve ser a preparação para o segredo maior da plataforma de embarque.
Sobre o Autor
Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.
Contato: jrrs@estadao.com.br
Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/
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