Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Noga Lubicz Sklar


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Overdose de amor

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 14/12/2008.

Vamos combinar que esse mundinho exibido das celebridades não me interessa nem um pouco, costumo passar batida. Mas, gente, esse caso terrível da morte por overdose do ex-PM, ex-marido, ex-amor e ex-corneador de Susana Vieira (nem sempre nessa ordem) me pegou de jeito, sabem como é: pequenos detalhes desses dois eu também já vivi.

Marido que trai? Já tive. Namorada de marido ao telefone de madrugada pra dizer que o tal, drogado e alterado no meio da rua (e bem distante do seu convívio oneroso), ameaça se matar? Já tive também, aliás, fica até parecendo normal essa história de amante de marido confessando - para a esposa (o)fendida - sua ilícita relação, ops, peraí, confessando não: usurpando mesmo, ai, gente, vocês nem imaginam como eu já sofri com isso... há tantos anos atrás e no entanto. Eu não me esqueço. Essa mágoa imprimida - por intrometidas não-solicitadas chamadas noturnas - não se fecha em meu coração jamais, ih, ficou brega. Mas a dor que a gente sente, meus amigos, de brega não tem nada: é bem pungente e real.

Outro assunto doloroso é o modus operandi de quem não dá conta da própria vida e a subsidia com drogas, abuso de álcool e outros voluntários venenos similares, o que me lembra o incômodo de eu, um dia, ter me considerado uma alcoólatra, pois é, por conta de parca meia dúzia de noites bêbadas - ao calor de alguma ausência afetiva - no antigo Crepúsculo de Cubatão, imaginem. Hoje em dia, quem diria: sou tão bem-comportadinha, na base de uma-taça-por-dia-e-basta, que arrasta ao território da ilusão perdida a minha pretensão falida à boemia literária, vocês sabem, quem nasceu pra Noga não chega nunca a Bukowski, bem, hum: não me rende prêmio mas franqueia a redenção, seria a arte meesmo mais importante que a vida? Ou a miséria: essencial para o artista?

O caso é que no caso em questão nem mesmo se trata da angústia existencial da arte, é tudo fraqueza mesmo, falta absoluta de tratamento adequado ou mais ricos mergulhos ocasionais na própria mente, mas a pena do amor fracassado é exatamente a mesma, o que me leva a "questionar a relação", não a minha, ou a sua aí - você que me lê -, mas a relação conjugal em si, pobre Susana. A gente desencana, se entrega, se apaixona, só pra sentir pouco mais à frente a óbvia repreensão do auto-engano? É isso? A quanto dispõe-se o encanto, pela sempre efêmera emoção de um grande amor? A gente entende? Perdoa? Apóia? Oh, Deus: até quando? Até que ponto? Me degladio com isso diariamente myself, na gangorra sagrada do compromisso assumido: um dia ama e no outro odeia; um dia beija no outro agride; um dia se abraça no outro se aparta e, cá entre nós, às vezes fica mesmo difícil definir o tom certo pra cada dia que passa, ô vida. Ô miséria. Ô amor bandido: bom com ele pior com ele, mais ou menos isso.

Penso na Susana e no que ela enfrentou calada, por trás das telas arrombadas dos paparazzi à cata de notícias; pior: ao que ela se submeteu na condição de um vexame público, me desculpem, corretos, mas penso do que ela escapou (por muito pouco) e angaria a minha simpatia, sim, e empatia também.

Por enquanto aqui em casa o amor tem vencido, o fervor, a tensão constante do compromisso a ser mantido, afinal de contas, o que é um casamento? Deve ser mais, imagino, que um pedaço de papel guardado, um incandescente atrito genital aplacado, algo que se construa, a que a gente se habitua e eventualmente se conclui num lar: uma ilusão bonita. No nosso caso aqui em casa, ah, relevem que a emoção anda em alta por conta do espaço sonhado da sala, todo mundo sabe que o projeto ideal imaginado ameaça qualquer paz conjugal, mais ainda quando a paz é tão rara, mas ih, atravessei o tom que o assunto desta crônica é bem mais sério.

Vai pra Susana Vieira o meu abraço, e, praquela outra - apesar do mau passo -, hum, também. Ninguém merece esta dor destrutiva de um amor tão doente, ou agora, pior: morto e já enterrado. Que ele descanse, como disse a Susana.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

Para falar com Noga senda-lhe um e-mail ou add-lha no orkut.

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


PRESIDENTE! O SONHO ACABOU..., por Airo Zamoner.

Por causa da rima, por Pablo Morenno.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos