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Diário da Serra

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 12/07/2008.

Arre que achei difícil acertar desta vez o tom da crônica, ou vocês pensam que o meu texto sai todo dia assim, no cuspe? Ando à beira de um colapso nervoso, só pra variar. Ou então viajei tanto, mas tanto (nos 4 últimos dias), que acabei errando a mão, perdi o jeito: teclar eu teclei, mas depois deletei, cortei aqui e colei ali. Me transferi, me adiei. Banquei a cômica, a irônica, depois fiquei séria, pessimista crônica e irônica de novo, e olhem que a coisa é na verdade pra lá de séria: não estou pra brincadeira hoje. É de estilo de vida que estou falando, e de mudanças radicais, daquelas, tipo assim, bastante profundas, pura crise de meia-idade, se é que vocês me entendem. Porque eu mesma confesso: mal ando me entendendo.

Eu já vinha fazendo planos, vocês sabem. Assim que fosse possível, instalar mamãe e sua equipe de atendimento aqui no meu apartamento, com vista pro Cristo e tudo o mais... e me mandar para a serra de Teresópolis, encontrar um recanto bucólico entre as montanhas, à beira de um riacho, longe deste insensato, etc, etc para escrever em paz. O Alan meio perdido, coitado, noites insones vagando no google, tentava descobrir que lugar era este pra onde eu tanto queria ir. Teresópolis? Mas por que Teresópolis? Fica perto do aeroporto internacional?

Pouco adiantou que eu garantisse que o lugar era lindo, tranqüilo, de um perfil exuberante que eu lembrava da infância, isso até que dá pra entender: o velho estava inseguro. E eu também, claro, porque em tempos recentes, é preciso admitir: eu não fazia a menor idéia da vida lá em cima, estava por fora mesmo, taí. Imaginem meu suspiro de alívio quando o pobre do Alan agarrado ao volante, sorriso espantado no rosto, deu de cara de repente, depois de uma última curva, com aquele pedrão virgem apontando o céu, imponente, inesperado, espetacular, uau: vamos combinar que essa nossa Serra dos Órgãos bem que merece ser festejada, visitada e... preservada. Mas ao passar pelo Portal de Entrada... ai, gente. Que tristeza. A gente descobre não só o dedo, mas a mão inteirinha de Deus mostrando o caminho certo: pra fora dali rapidinho, sem nem um piscar de olho para trás.

Agora imaginem a tensa e infeliz corretora que nos atendeu - com a nossa esperançosa lista de imagens, longamente garimpada na internet - uma desconsolada e auto-exilada refugiada urbana da violência carioca, vocês sabem, idealismo nenhum, uma legítima personagem dramática de folhetim mexicano que ouve o galo cantar de manhã mas acha aquilo tudo um tédio, e ainda nos conta com o maior orgulho que ao chegar em casa "liga logo a televisão pra desligar o silêncio": que tal isso como slogan do paraíso, hein? E entre um gemido dolorido e outro, segue mostrando aos descontentes de Darwin as múltiplas traduções da faixa de Gaza que atravessamos naquele dia, um purgatório obrigatório no rumo do oásis prometido - um tantinho de verde cercado de favelas por todos os lados -, Deus bem que me avisou e eu fiz questão de escutar: largamos a mulher no ponto de taxi e caímos de boca na BR em direção a Itaipava, sem escalas, antes que anoitecesse: o Alan nervoso e eu desarvorada, no sentido bem literal da coisa, ops. Acho que eu queria dizer desflorestada, não?

Pois é. Para o alívio geral de todos e o bem-estar da nação Lubicz Sklar, em Itaipava a coisa melhorou bastante, bem, pelo menos assim, à primeira olhada, já que daqui pra frente, vocês sabem, meu sonho de mato vai ter que sofrer uma boa reprojetada. É como diz o Alan: aprendemos muita coisa nesta primeira viagem, e a mais importante delas foi desconfiar demais desse estilo online de vitrine imobiliária. Nada substitui a visita ao local, me acreditem: a corajosa oferta real da pele urbana ao carrapato ocasional.

To be continued.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

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