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Machadiana? Eu?

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 06/07/2008.

"O que os olhos trazem não é nada. Tenho cem mundos para criar, estou perdendo apenas um deles."
de James Joyce, ameaçado pela cegueira, nas Crônicas Irônicas de Ulysses



Num artigo de, sei lá, digamos, umas três mil e poucas palavras (ops: caracteres), José Castello escolheu uma breve - e, aparentemente, secundária - passagem do livro que analisa para título de sua coluna: O tapa-olho de Joyce. O que não fica claro é se a atitude de "ver o mundo de esguelha" - descrita no texto de Castello -, era de Joyce... ou do personagem Logan Mountstuart, que tentando um dia ler o Ulysses "se afoga na escrita turva de Joyce". Hã?

Fica também por ser esclarecido se é da autoria de William Boyd - autor de "As aventuras de um coração humano", que o colunista do Prosa resenha neste sábado -, ou de Logan Mountstuart, ou do próprio José Castello a observação obscurecedora sobre James Joyce, epa, peraí: escrita turva é o... deixa pra lá, né? A verdade é que, com apenas metade de um olho ruim, Joyce enxergava bem mais do que muita gente vê por aí com visão binocular mais-do-que-perfeita. Ah. Tudo bem. Não é preciso insistir: que eu sou a mais fundamentalista joyciana recém-convertida todo mundo já sabe.

Mas, embora assim pareça, não estou hoje aqui pra falar de Joyce, e sim de Machado, sim, aquele Machado de Assis que a Flip deste ano homenageia, tema deste mui sintomático mini-vídeo de Miguel Conde, direto de Paraty. Vamos combinar que, na minha opinião, a participação especial de Luis Fernando Veríssimo como moderador de mesa na Flip não faz o menor sentido. Não é que eu não goste dele, gente, não, ou que não o respeite como escritor e literato, nada disso. O fato é que o cara é tão tímido, e tão notoriamente avesso a qualquer holofote, que é capaz de sentar-se por horas a fio numa tarde de autógrafos sem emitir um único som, como atesta a crônica in loco do também gaúcho Gabriel Brust, meu colega de oficina do ano passado, que não consegui localizar. Fico devendo o link. Pois no vídeo de Miguel, Veríssimo deixa bem claro sua indiferença em relação a Machado, o que, vamos combinar, não é surpresa nenhuma: antes desse banho mercadológico de loja a que Machado foi recentemente submetido, era impressão geral que ele fosse não mais que o autor daqueles livros meio chatos que a gente era obrigado a ler na escola.

Agora sou eu que preciso deixar bem claro: essa não é a minha opinião, imaginem, declarar-me indiferente a Machado em meio à tribo de seus milhares de recentes adoradores... não, gente. Deixo a Veríssimo este ato sincero de grande coragem. Quanto a mim, fico quieta no meu canto, tendo lido de Machado de Assis nada mais que os obrigatórios do secundário - e no secundário, claro: já lá se vai um tempão. E preciso confessar que essa onda colossal de marketing me afetou profundamente também, como a todo mundo. Já estou me preparando para algum dia, seguindo aquela lista prioritária de minhas reprováveis ignorâncias - reconhecidas tardiamente somente agora, na maturidade -, reler Machado.

Espero que, como Joyce, valha muito a pena.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

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