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Filmes dignos de espera: as promessas cinematográficas do ano de 2008
por Chico Lopes
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publicado em 12/01/2008.
Por tudo que ando lendo nos sites de cinema americanos, desde Roger Ebert e Emmanuel Levy ao painel de "reviews" no "Rotten Tomatoes", passei a ficar à espera de algumas promessas que parecem bem substanciosas.
O diretor inglês, Ridley Scott, realizador de grande talento que já nos deu "Blade Runner", "Alien - O oitavo passageiro" e "Thelma e Louise" - mas que, infelizmente, também faz filmes bem fracos e comerciais, deixando seus admiradores indecisos entre apreciá-lo e ignorá-lo - está de volta com "O gângster", que vem recebendo enormes elogios e tem dois atores de primeira nos papéis principais, Denzel Washington e Russell Crowe.
Fala-se muito também de "There will be blood" ("Sangue negro") de Paul Thomas Anderson, o mesmo autor do excelente "Magnólia", e de "No country for old men" ("Onde os fracos não têm vez") dos irmãos Coen. No primeiro, os elogios são nunca menos que rasgados para a atuação de Daniel Day Lewis na pele de um homem solitário que enriquece com o petróleo, mas cuja ambição e dureza o impede até mesmo de amar o único filho que tem. Do filme dos irmãos Coen também se fala maravilhas, especialmente do desempenho do ator espanhol Javier Bardem, que está se consagrando na América com a interpretação de um matador implacável cuja maldade intensa é coisa poucas vezes vista no cinema - já estão comparando a atuação e o personagem de Bardem com a de Anthony Hopkins para Hannibal Lecter em "O silêncio dos inocentes".
Quem quiser saber quem é Bardem, basta lembrar-se dele em "Mar adentro", no papel do nadador que fica tetraplégico e que acredita ter todo o direito de pedir para ser morto pelo Estado - viver daquele jeito, impossível. Ou no papel vigoroso de Santa, o desempregado de "Segundas-feiras ao sol", que, literalmente desprovido de tudo, é ainda forçado a pagar pela destruição de uma luminária toda "moderna" durante uma greve legal. Ele dá um jeito de pagar, e, quando seu advogado, um babaca a serviço daquela lógica covarde e nojenta do mundo capitalista que diz "manda quem pode e obedece quem tem juízo", começa a elogiá-lo por ter adotado uma atitude sensata, ele sai do carro, vai lá e destrói outra. É um dos maiores momentos do cinema mundial nos últimos anos.
Bardem é daqueles atores que nasceram para deixar marcas. Está no cinema há muitos anos, desde "Carne trêmula" com Almodóvar nos acostumamos com sua força, mas só agora os americanos se curvam, e, a partir daí, desse reconhecimento, é que todo mundo passará a prestar atenção naquilo que muita gente já sabia. Tomara a benção do sucesso no imperialismo de Hollywood não o torne mais um flácido Banderas fazendo filmécos.
OUTROS TÍTULOS CERCADOS DE ESPERANÇAS
Dentro de pouco tempo só vai se falar de "O caçador de pipas", best-seller que virou filme muito esperado de Marc Foster, e nesse aspecto - o da adaptação de livro muito lido para a telona - outro filme destinado a fazer sucesso na base da choradeira inevitável é "Marley e eu", dirigido por David Frankel, com Owen Wilson no papel principal. É terreno do mais puro comercialismo, mas, como Cinema é arte industrial e não escapa nunca do espectro da bilheteria, podem dar até adaptações bem dignas.
Espera-se qualidade superior de "Blindness", ou "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, no campo das adaptações de livros mais sérios e respeitados pela crítica - é uma realização do brasileiro Fernando Meirelles com a boa atriz Juliane Moore como a única mulher dotada de visão em meio a famosos como Mark Ruffalo, Danny Glover e Alice Braga em papéis de cegos. O que intriga é ficar imaginando como foi que Meirelles se virou com um livro tão literário como esse de Saramago, para transformá-lo em imagem e ação. Um teste para o talento de Meirelles. Adaptações de obras literárias muito elogiadas podem dar amargas decepções no cinema.
Os faroestes voltaram à moda, e, no momento, é grande sucesso de bilheteria "Os indomáveis", de James Mangold, com Russell Crowe e Christian Bale nos papéis principais. Mas é remake, e não poderia deixar de ser. O original é "Galante e sanguinário", antigo faroestão com Glenn Ford e Van Heflin. Crowe e Bale, no entanto, têm tipos "durões", machos convictos, que parecem muito apropriados para o gênero.
O ator Ed Harris está dirigindo "Appaloosa", em que vai atuar também, ao lado de Viggo Mortensen, e o vilão dessa vez é Jeremy Irons. O filme traz também Renée Zellweger, e com um elenco desses, dificilmente vai passar despercebido. Harris estreou na direção com o desigual "Pollock", mas era um filme digno e um desejado tributo à vida do problemático Jackson Pollock, um dos maiores pintores americanos do século 20.
Nicole Kidman, cujos últimos papéis no cinema têm sido decepcionantes e vem acumulando fracassos de crítica e público, estará em "O leitor", dirigida outra vez por Stephen Daldry, que fez "As horas", filme em que, interpretando a escritora Virginia Woolf, ganhou um Oscar.
Clint Eastwood, como diretor, estará de volta com "The changeling" (grosso modo, traduzível como "O filho substituto"), em que, contando com Angelina Jolie no papel principal, conta a história do sumiço de um garoto na cidade de Los Angeles, nos anos 1920. Angelina Jolie é a mãe, que não fica satisfeita quando a polícia o encontra e devolve para ele, pois se trata de um outro garoto. Ela acaba no hospício, mas vai à luta, ao descobrir uma conspiração de gente graúda na morte de seu verdadeiro filho. Um papel muito dramático e é de especular o que Eastwood poderá fazer, como diretor, para tornar Jolie mais palatável como atriz. Mas ela contará com um parceiro de primeiríssima: o grande John Malkovich. A mistura deste com Eastwood garante o projeto.
Tudo isso sinaliza para um ano movimentado, em que ir ao cinema parecerá imperioso. Mas, convém a gente se preparar para decepções, inevitáveis numa arte cujo ritmo industrial anda por demais quantitativo. Dos pequenos filmes, quase independentes e de pretensões menores, pouco se falará. Mas serão eles que, em alguns casos, salvarão o público mais inteligente e sensível da enxurrada industrial destinada a jogar areia nos olhos de todos. Cinema é, cada vez mais, um teste para evoluções e discernimentos apurados. O espectador inocente e meramente escapista está condenado à mesmice entorpecida e à mediania, que dão o tom geral dessa forma de entretenimento.
Sobre o Autor
Chico Lopes: Chico Lopes é autor de dois livros de contos, "Nó de sombras" (2000) e "Dobras da noite" (2004) publicados pelo IMS/SP. Participou de antologias como "Cenas da favela" (Geração Editorial/Ediouro, 2007) e teve contos publicados em revistas como a "Cult" e "Pesquisa". Também é tradutor de sucessos como "Maligna" (Gregory Maguire) e "Morto até o anoitecer" (Charlaine Harris) e possui vários livros inéditos de contos, novelas, poesia e ensaios.Mais Chico Lopes, clique aqui
Francisco Carlos Lopes
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