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Que livro é esse?

por Noga Lubicz Sklar *
publicado em 08/12/2007.

Promoção inédita no Globo premia com um exemplar de "Eu sei que vou te amar", novo livro de Arnaldo Jabor, as sessenta melhores respostas para a pergunta "Qual a maior loucura que você já fez por amor?" enviadas para o endereço promoglobo@oglobo.com.br.

Vou à Cultura e descubro que não, não é erro do jornal. O livro acaba de ser lançado pela Objetiva, mas uai, gente, não era esse o nome de um filme de Arnaldo Jabor? Que, se não me engano, deu prêmio em Cannes a uma muito jovem Fernanda Torres?

Normalmente o trajeto do livro ao filme se dá na direção oposta, e me acreditem: é a melhor coisa. Ter visto o filme interfere demais na relação muito íntima, quase sexual, que o leitor estabelece com o livro através da imaginação.

Tudo bem que a forma escrita, o ritmo, a escolha da palavra certa e da ordem certa das palavras contribui bastante, o sentir na pele o empenho do autor, o gozo pleno da literatura. Bah. Coisa mais antiga, do tempo assim, digamos, de Flaubert, como muito bem mostra este post do Digestivo Cultural. Porque ninguém tem mais tempo pra isso, fala sério: vinte páginas escritas em um mês? E o mercado, gente? E o mercado? Além do mais, a imposição da imagem hoje em dia é tanta, e tão intensa, que tanto faz a linguagem, e é aí que o livro-depois-do-filme perde um bocado da graça. Pelo menos é o que estou sentindo ao finalmente ler, com considerável atraso, aquele que é considerado um dos melhores romances do século, hum, qual? Vinte e um? (É meio cedo pra isso, né não?) Nele, se realiza a contento a descrição dos personagens, das paisagens e ambientes, a vivacidade da trama, todos brilhantemente traduzidos em filme no maravilhoso "Reparação", baseado no romance homônimo de Ian McEwan - nossa, alguém já me ouviu elogiar um filme assim? Acho que eu estava de bom humor naquele dia ou, no mínimo, muito bem acompanhada, me sentindo bem-amada.

O problema é que ao progredir no livro não crio a minha própria Briony, ou Cecilia, ou meu próprio Robbie. Apenas vejo os atores do filme no filme da minha mente. Quanto ao texto, pode até ser que eu mude de opinião: estou na página 91 (de 444). McEwan, afinal, merece o benefício da minha dúvida, e é por isso que insisto em lê-lo, apesar de me frustrar sempre: sinto que falta a ele o empenho artístico de um Flaubert. Ou parafraseando Jabor - o sujeito mais parafraseado e indevidamente assinado da internet -, o pendor trocadilhista de um Joyce que faz, na verdade, o incrível jogo de armar literatura. Falta a McEwan um entregar-se desesperado ao ato de escrever, e o que ele faz soa como excelente... roteiro de filme, ou é esta a impressão que me dá, por eu ter cometido o engano crasso de assistir ao filme antes de ler o livro. Problema meu.

Quanto ao Jabor, hum, não sei. Vai ver é o novo Flaubert da geração internet, já que não sou eu, obviamente, a ocupar este lugar. Agora, respondendo à pergunta do Globo, quem sabe eu pelo menos ganho o livro: a maior loucura que já fiz por amor foi transformar em romance o meu caso de amor, dando a ele, no entanto, nome e sobrenome de literatura, isto é, me entregando às palavras com uma vertigem de Flaubert que imagem nenhuma consegue substituir, e às vezes nem mesmo o evento real. É o que confere à literatura o estatuto de arte.

Pra quem não viu o filme de Jabor, e nem pretende ler o livro, resta o consolo da música de Vinícius. Uma delícia. Uma loucura.

Sobre o Autor

Noga Lubicz Sklar: Noga Lubicz Sklar é escritora. Graduou-se como arquiteta e foi designer de jóias, móveis e objetos; desde 2004 se dedica exclusivamente à literatura. Hierosgamos - Diário de uma Sedução, lançado na FLIP 2007 pela Giz Editorial, é seu segundo livro publicado e seu primeiro romance. Tem vários artigos publicados nas áreas de culinária e comportamento. Atualmente Noga se dedica à crônica do cotidiano escrevendo diariamente em seu blog.

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