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Meninos do futuro

por Rodrigo Capella *
publicado em 09/11/2007.

Nas minhas últimas apresentações em eventos literários, dois casos sensibilizaram-me bastante. Nathan, de oito anos, disse-me que preferiu ir ao evento literário a tomar sol em uma praia, localizada a poucos metros de onde estávamos. E Mateus, de sete anos, subiu ao palco, sem ter medo e sem titubear, para ler duas poesias de Cecília Meireles.

Esses dois exemplos mostram que não podemos desistir de tornar o Brasil ainda mais poético e culto. Muitos críticos afirmam que um país se faz com livros. Eu complemento: uma nação é construída com livros e também com homens; homens que crescem amando, principalmente, a poesia.

Sou constante criticado pelo meu artigo “Quem lê poesia é mais inteligente”, publicado recentemente nesse jornal. Mas os dois casos citados acima mostram que estou no caminho certo. O que levou Nathan dizer que prefere ir a um evento literário a ir pra praia? Por que Mateus subiu ao palco para recitar Cecília Meireles?

É simples: os dois garotos são mais inteligente do que os outros; são mais inteligentes porque sabem que a solução para o mundo não está na praia e também não pode ser boqueada por uma simples timidez. Aplaudi Nathan e Mateus da mesma forma e com a mesma intensidade que aplaudi o vice-campeonato feminino de futebol. Coisas boas precisam ser prestigiadas!

Conversei com os responsáveis pelos meninos. O pai de Nathan disse que o filho lê, pelo menos, dois livros por mês, e a mãe de Mateus disse, toda orgulhosa e com um sorriso no rosto, que seu filho adora recitar poemas nos encontros familiares e que sonha em ser um poeta.

É, a literatura nos reserva momentos mágicos e, até certo ponto, inacreditáveis. Torço para que esses exemplos sejam seguidos Brasil a fora. Nathan e Mateus é quem, para mim, deveriam protagonizar o próximo filme de José Padilha, participar da novela de Aguinaldo Silva e ter os rostos estampados em outdoors. Parabéns, meninos!

Sobre o Autor

Rodrigo Capella: Escritor, poeta e jornalista, Rodrigo Capella nasceu em São Paulo, Capital, no ano de 1981. Publicou o primeiro livro, intitulado "Enigmas e Passaportes" (Forever Editora), em 1997, com apenas 16 anos. Em 2005, quase dez anos depois, o autor voltou ao cenário literário com dois lançamentos: "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", ambos pela Editora Zouk. Rodrigo Capella também publicou poemas em diversas antologias, entre elas "Diversos" (Andross Editora), "Ave Palavra" (Clube Amigos do Livro) e "Além da palavra" (Scortecci Editora). Em breve, Capella vai lançar "Rir ou Chorar, o cinema sentimental", obra que narra as aventuras do cineasta Ricardo Pinto e Silva. Esse livro vai ser lançado pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, comandada por Rubens Ewald Filho.
Mais informações: www.rodrigocapella.com.br

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