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Pedindo água
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 22/06/2007.
Um carro a álcool produz mais ou menos a mesma quantidade de CO2, mas quando ele vem do etanol, esta emissão é compensada pela absorção do pé-de-cana (a
planta). Quanto mais etanol é consumido, mais CO2 é retirado da atmosfera, e a conta assim fica mais ou menos equilibrada.
Nosso país tem recebido visitas de uma legião de investidores em busca do álcool-negócio. George Soros tem um representante aqui, Larry Page e Sergey Brin também já deram uma passada. Dizem que o economista Daniel Yergin quando veio, recebeu vários e-mail de investidores internacionais, pedindo sugestões de oportunidade de negócios no etanol brasileiro.
Todos repetem que detemos a tecnologia e somos a bola da vez. Bobagem. A tecnologia para produção de álcool de cana é banal, e já estava registrada nas figuras de Debret, no século 18. Desenvolvemos umas cepas de bactérias aqui, e mudamos umas dornas ali, mas sem nenhuma alteração profunda, que renda royalties e treinamento. Todos estão mesmo atrás de grandes áreas com sol e água, e próximas dos mercados consumidores. Somos a bola da vez por sorte, não por visão.
Em pouco tempo, o álcool-negócio passará para grandes investidores e daí alugaremos nossa área de produção de alimentos para que os pé-de-cana americanos (os carros) possam continuar andando. Mais uma vez transformarmos nosso país em uma versão moderna de capitania hereditária, de onde saem recursos naturais, mas não retorna infra-estrutura e serviços.
Alguns sonham com a venda de tecnologia. É um sonho de pé-de-cana (a pessoa). Senadores americanos estão retirando 14 bilhões de dólares da pesquisa e prospecção locais de petróleo, e colocando em pesquisa de energia eólica, álcool de madeira e outras fontes renováveis.
Eu conheci uma aluna que fazia sua tese com a produção de álcool a partir de madeira. Competentíssima, no entanto era obrigada a ir a um supermercado comprar açúcar para seus microorganismos. Pior que isto, nosso país não abrigou de forma adequada os resultados de sua pesquisa.
Em breve, um exército de pesquisadores americanos igualmente competentes se debruçará sobre o tema, e eles não terão que gastar tempo com detalhes irrelevantes. Ainda compraremos tecnologias de combustíveis renováveis dos americanos a preço de nossos recursos naturais e miséria de nossa gente.
Os responsáveis deveriam estar em cana.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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